Lehman Brothers: falência do banco ensinou três lições que podem salvar seus investimentos

O próximo sábado (15) marca 10 anos desse episódio importante do mundo financeiro      

Giovanna Sutto

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SÃO PAULO – O próximo sábado (15) marca 10 anos de um episódio importante do mundo financeiro: a falência do banco de investimentos Lehman Brothers, que até então era o quarto maior dos EUA.  

A quebra do banco balançou a economia global, considerando o tamanho da empresa na época. A sede mundial era em Nova York, mas havia outras sedes em Londres e Tóquio e escritórios no mundo todo. 

O banco atuava, entre outras frentes, junto ao Tesouro Americano com papéis do mercado imobiliário, mais especificamente empréstimos hipotecários de altíssimo risco, chamados subprime, segmento em que sua carteira de ativos era ancorada. 

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Em linhas gerais, o banco emprestou mais dinheiro do que podia com juros muito altos para pessoas que não tinham capacidade de pagar as dívidas. Com isso, o Lehman não recebeu o dinheiro dos empréstimos e não conseguiu honrar com os seus compromissos. Milhares de pessoas pegaram o dinheiro emprestado para financiar imóveis e a bolha estourou quando não pagaram o que deviam e os preços dos imóveis despencaram. O prejuízo foi bilionário. 

Quando faliu, a instituição tinha mais de 10 mil funcionários. Não surpreendentemente, o mercado de ações despencou na época: o índice Dow Jones caiu 25% nos 30 dias seguintes ao evento – um quarto de seu valor em apenas quatro semanas.

A pedido do InfoMoney, o assessor de investimentos Bruno Ponciano, da Aequilibrium Investimentos, separou 3 lições que a falência histórica do banco ensinou aos investidores.

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1. Nenhuma instituição é grande demais para quebrar 

A primeira lição que o investidor pode tirar da quebra do banco é que nenhuma instituição é tão consolidada a ponto de não falir. Isso traz à tona a importância de diversificar o portfólio. “O Lehman Brothers tinha mais de 100 anos quando quebrou. Então nunca deixe todas as suas aplicações em um único lugar para não correr esse risco de perder tudo caso algo aconteça”, diz. 

Segundo o assessor, outra questão é que faltou controle por parte de órgãos reguladores justamente por darem crédito demais a instituição, que na época já tinha uma história consolidada.  “Ninguém fiscalizou com muito afinco, afinal, eles eram gigantes e ‘sabiam o que estavam fazendo’. Virou uma espécie de senso comum e deu no que deu”, explica. 

Com a falência e a crise em seguida, criou-se uma preocupação de cada vez mais fiscalizar e entender os limites de instituições financeiras. “De lá para cá governos e bancos centrais têm prestado mais atenção nas atividades dos grandes bancos. Estão sendo mais criteriosos para não deixar os bancos emprestarem demais”, afirma. 

Fuja das bolhas

Toda bolha no mercado financeiro gera uma sensação de otimismo generalizado e de longa duração e segundo o assessor esse é justamente o sinal de alerta para o investidor. “Se todo mundo está comprando um ativo, desconfie. Porque a história mostra que uma hora ou outra a bolha explode”, diz Ponciano. 

Para  Ann Pettifor, diretora do Prime (Centro de Investigação de Políticas Macroeconômicas), as chamadas bolhas se formam devido ao “ciclo dos negócios”: a atividade econômica e os preços não podem crescer para sempre. “As bolhas ocorrem quando a regulamentação financeira e as instituições estão deliberadamente debilitadas e permitem que a ilusão crie raízes”, explica Pettifor à BBC.

Nesse caso, a bolha ficou conhecida como “bolha da hipotecas podres” (subprimes). Milhares de pessoas assumiram dívidas que não podiam pagar para financiar seus imóveis. 

Rating não deve ser a única referência na hora de investir 

A classificação de rating que as instituições financeiras recebem são importantes e são referências de credibilidade. Embora elas indiquem o nível de segurança do investimento, na hora de aplicar você não pode olhar só para essa nota. “O Lehman Brothers recebeu nota A da Standard&Poors pouco tempo antes de quebrar. Isso prova que só essa nota não deve ser uma referência para o investidor”, explica. É preciso olhar um conjunto de fatores como período de carência, risco da aplicação, se tem FCG (Fundo Garantidor de Crédito), rentabilidade, liquidez, entre outras coisas. 

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Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.