5 estratégias de investimentos do fundo que rendeu 3,6 vezes o CDI em junho

Cenário global mais desafiador, deterioração do cenário político e institucional do país e expectativa de aumento de juros fizeram gestão mudar estratégias de investimentos

Weruska Goeking

Publicidade

SÃO PAULO – O fundo XP Macro rendeu 1,91%, o equivalente a 3,6 vezes o valor do CDI (0,52%), apenas no mês de junho. O desempenho muito acima de seu benchmark não foi ocasional. Os ganhos de 160% do CDI no ano e de 159% desde sua abertura (março de 2016) mostram a resiliência do fundo mesmo em meio a momentos caóticos.

Para se ter ideia do quanto o mercado foi difícil para os gestores no mês de junho, o IHFA (Índice de Hedge Funds Anbima), que compila o desempenho dos principais fundos multimercado disponíveis no Brasil, registrou alta de apenas 0,51% no sexto mês do ano, quase quatro vezes menor do que o retorno do XP Macro.

Boa parte dessa resiliência é decorrente da capacidade de antecipar movimentos, tanto na cena doméstica quanto internacional, e as perspectivas e teses de investimentos foram reavaliadas nos últimos dois meses para garantir o retorno aos investidores. Confira as 5 principais mudanças nas estratégias de investimentos do fundo XP Macro: 

Aula Gratuita

Os Princípios da Riqueza

Thiago Godoy, o Papai Financeiro, desvenda os segredos dos maiores investidores do mundo nesta aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

1 – Encerramos nossas apostas aplicadas em juros. O Banco Central encerrou o ciclo de queda recentemente e, ainda que não acreditemos em um cenário de choque de juros, o próximo movimento provavelmente será de alta, podendo vir ainda este ano.

2 – Montamos uma posição comprada em inflação implícita para 2021 e 2022. Vemos nesse mercado uma das maiores assimetrias atualmente. A inflação projetada nas NTN-Bs está levemente acima da meta para esses anos. Acreditamos que, se o cenário evoluir positivamente, a inflação poderia vir um pouco abaixo da meta. Contudo, em um cenário mais desafiador ou até negativo, poderíamos ter a inflação buscando dois dígitos novamente.

3 – Aproveitamos a intervenção massiva do Banco Central no câmbio para comprar dólar perto de R$ 3,70. Nesse cenário global mais desafiador e com os riscos relevantes para o nosso quadro eleitoral, vemos o equilíbrio do câmbio em níveis mais altos do que no passado. Essa posição gerou bons retornos no mês e, nos níveis atuais, perto de R$ 3,90, a reduzimos parcialmente.

Continua depois da publicidade

4 – No mercado externo, tivemos resultados positivos em posições vendidas em dólar australiano. Além de um Banco Central sem pressa de normalizar a política monetária acomodatícia, os riscos com China, em função da guerra comercial com os EUA e da própria desaceleração recente da atividade local, corroboraram nossa visão mais negativa quanto à moeda.

5 – Temos buscado posições vendidas mais táticas em ações de tecnologia e na bolsa alemã, que podem sofrer com o endurecimento das discussões tarifárias.

Quais razões motivaram as mudanças?

A equipe de análise da XP Gestão avalia que o cenário global está mais desafiador, ainda que não claramente negativo. Alguns países começaram a dar sinais mais claros de desaceleração na atividade, principalmente na Europa, e também Japão e China. Por outro lado, a economia norte-americana não só continuava mostrando sua força, como começou a dar indícios incipientes de pressão inflacionária. Além disso, os dados de emprego
reforçaram o quadro de aperto do mercado de trabalho, fortalecendo o cenário de aumento de juros nos Estados Unidos. A maior pressão sobre a alta de juros pelo Fed e uma escalada na retórica protecionista começavam a afetar os mercados. 

Ao mesmo tempo, a retirada de liquidez em dólar começou a pressionar os mercados pelo mundo. Foram vários mini choques de volatilidade exacerbada e, entre os países emergentes, vários sofreram pequenas crises, como Argentina, Turquia, México e Brasil.

O risco político global também aumentou significativamente. “Ainda que não acreditemos em um cenário de guerra comercial franca, os movimentos nesse sentido foram fortes nas últimas semanas, com o governo Trump pressionando tanto a China quanto a Europa via tarifas e medidas não tarifárias”, avalia a XP Gestão, em relatório. Os analistas acreditam que há uma preocupação com o papel da China no mundo nas próximas décadas e esse quadro delineia um rearranjo de poder entre as principais potências globais. 

O cenário doméstico chama ainda mais atenção dos analistas. A preocupação se deve, principalmente, pela deterioração no cenário político e institucional do país. “A fragilidade com que as instituições foram tratadas durante a greve dos [caminhoneiros] foi assustadora. Acima de tudo, a reação da população, que apoiou o movimento e medidas populistas, nos demoveu da esperança de um amadurecimento da visão política no país”, observam os analistas.

O cenário eleitoral também tem se mostrado muito incerto e, atualmente, o mais provável parece ser uma disputa entre os extremos do espectro político brasileiro, segundo a equipe da XP Gestão. Em suma, os analistas acreditam que o risco é entrarmos em 2019 com os juros internacionais bem mais altos, liquidez global mais restrita e com o crescimento mundial mais baixo e com um governo no Brasil sem comprometimento com reformas, largando de uma situação fiscal muito frágil.

Quer investir com a ajuda de assessoria financeira especializada e GRATUITA? Clique aqui e abra já sua conta da XP