Natura (NTCO3) e Localiza (RENT3) podem ter ‘virada de resultado’, avalia Caldas, da Clave Capital

Gestora também vem acompanhando de perto a situação de varejistas

Bruna Furlani

Loja da Natura (Divulgação)

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Em um cenário de queda da Selic, ações mais ligadas ao setor doméstico tendem a ver uma luz no fim do túnel com a redução da despesa financeira e podem entrar numa rota de recuperação. Dois nomes que podem se destacar nessa retomada são as ações de Natura (NTCO3) e Localiza (RENT3), na avaliação de André Caldas, fundador e CIO da Clave Capital.

“Vemos uma dinâmica potencial importante de virada de resultado”, destacou o executivo, em evento realizado em São Paulo, nesta quarta-feira (7). Os balanços de ambas as companhias referentes a 2023 devem ser apresentados entre 11 e 12 de março.

Para Caldas, a Natura é uma empresa que “vale acompanhar de perto no horizonte de um ou dois anos”. Na visão do executivo, a companhia possui uma “geração de valor grande não precificada”, que tende a ficar mais clara ao longo dos próximos seis a 18 meses. Mas a integração da Natura com a Avon na América Latina é um tema complexo e que precisa ser tratado, destacou.

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Na última segunda-feira (5), o Conselho de Administração da Natura&Co (NTCO3) autorizou a diretoria a avaliar uma possível separação da Natura&Co Latam e da Avon em duas companhias independentes e de capital aberto, a fim de gerar mais valor aos acionistas.

“Essa separação tem como objetivo promover o potencial de ambas as empresas, que possuem abrangências geográficas distintas, atendem diferentes consultores de beleza e consumidores e, juntas, oferecem valor limitado de sinergia sob a estrutura atual”, afirmou a empresa em fato relevante.

De acordo com o documento, a potencial separação também proporcionaria aos acionistas maior visibilidade sobre desempenho financeiro, estrutura, perspectivas de crescimento e teses de investimento de ambas as empresas. A notícia foi bem-vista pelo mercado, com as ações preferenciais subindo 6,79%, a R$ 17,15, na véspera (6).

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Atenção ao varejo

Para além da Natura, as ações que mais chamam atenção da Clave Capital são os papéis ligados ao varejo, mas Caldas avalia que é preciso tomar cuidado com a perda do lucro ou do poder de precificação das companhias. “Não é simplesmente um juro alto [que afeta]”, destacou.

Na visão do executivo, a Renner (LREN3), por exemplo, foi uma empresa que teve um crescimento relevante durante anos, mas que tem sofrido com as ameaças de companhias chinesas como a Shein, que estão abocanhando participação de mercado offline no varejo. “Parte do lucro crescer vem da redução da despesa financeira, além do poder de compra do cliente da empresa”, ponderou.

Olho no setor financeiro e em concessões públicas

O setor financeiro também está entre as apostas de gestoras, como a Occam Capital. No mesmo evento, o CEO Carlos Eduardo Rocha explicou a escolha pelo benefício vindo do juro real e nominal mais elevados e de uma possível surpresa do crescimento econômico brasileiro neste ano. Atualmente, a casa tem a maior posição nas ações do BTG Pactual (BPAC11), mas também vê o Itaú (ITUB4) com múltiplos baixos.

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Outra aposta dentro da Occam está em companhias ligadas à concessões públicas, como Sabesp (SBSP3) e Equatorial Energia (EQTL3). Segundo Rocha, o setor tem empresas recém-privatizadas, como Copel, que estão num processo de venda de ativos que não são o foco das companhias.

Além disso, há nomes como a Equatorial que possuem um Conselho alinhado e que tem olhado possíveis novas aquisições no setor de saneamento, o que seria uma certa vantagem na comparação com outras companhias, como a Energisa (ENGI11).

Sabesp também é uma das top picks da Truxt Investimentos. “É um ativo irreplicável, assimétrico e não correlacionado com o cenário e com muitos triggers [gatilhos] positivos”, disse Bruno Garcia, sócio-fundador da casa, que citou como gatilhos a regulação e a assinatura dos contratos municipais com o Governo de São Paulo, além da modelagem da privatização, que poderia atrair um investidores estratégico.

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Outra aposta está em Eletrobras (ELET3; ELET6). Para Laércio Henrique, sócio do BTG Pactual Asset Management, participante do mesmo painel com outros gestores, a incorporação da subsidiária Furnas à holding é “muito importante” e pode gerar um NPV (valor presente líquido, na sigla em inglês) para a companhia de R$ 10 bilhões, algo em torno de 10% do market cap da empresa.

“É um negócio que tem resiliência e que está sendo bem tocado na gestão do Ivan [Monteiro, atual CEO da Eletrobras]. Ela está passando por processo de desinvestimento em ativos não estratégicos”, destacou. “É um bom ‘zagueiro’ para compor o portfólio”, completou.