“Não devemos subestimar a eleição americana; o risco é alto”, diz Rogério Xavier, da SPX

Em evento da XP, o gestor disse ainda ter uma visão cética para a economia brasileira e para as reformas propostas pelo governo

Pedro Ladislau Leite

Rogério Xavier, da SPX, durante evento da XP (Divulgação/XP)

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SÃO PAULO – Um dos principais riscos para 2020 monitorados por Rogério Xavier, fundador da gestora SPX, é a disputa pela presidência dos Estados Unidos. “Não devemos subestimar a eleição americana; o risco é alto”, afirmou.

Para Xavier, Donald Trump deve conseguir alcançar um segundo mandato. Se isso de fato acontecer, o efeito será positivo para o mercado, pois Trump tem uma agenda mais pró-negócios do que os rivais do partido Democrata.

Mas, até lá, o caminho deve ser tortuoso. O gestor prevê que a oposição ao atual presidente deve se definir em torno da senadora Elizabeth Warren – cuja plataforma inclui taxar grandes fortunas –, o que pode provocar solavancos nos mercados.

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“As ideias dela não são exatamente as que o empresariado vai abraçar”, afirma Xavier. Hoje a candidata está praticamente empatada com Joe Biden, vice-presidente na era Obama, na disputa para representar os democratas nas eleições.

“Nossa perspectiva é de que o Trump vai ganhar, mas a largada vai gerar bastante ruído no mercado. Tentamos olhar quais empresas serão beneficiadas caso determinado candidato vença, mas é um exercício de futurologia e não quer dizer que vamos nos posicionar hoje com base no que achamos das eleições. É algo para se ter no radar e ir acompanhando”, explica Xavier.

“Não que o Trump seja idolatrado, mas é algo parecido com o que aconteceu com a Hilary Clinton, que perdeu por conta do medo de um governo dela”, completou o gestor, durante participação no seminário Perspectivas da Economia e do Mercado, promovido pela XP nesta terça-feira (18) em São Paulo.

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Já Carlos Woelz, sócio-fundador da Kapitalo, acredita que, nestas eleições, o mercado será mais cauteloso ao reagir à disputa eleitoral.

“Precisamos ter uma ideia melhor sobre quem é o candidato democrata. Acho que o mercado tende a precificar lentamente, porque o Trump era considerado franco perdedor no passado e venceu”, disse ele, que também participou do evento.

Céticos com o Brasil

Xavier afirmou ainda que tem uma visão cética sobre a economia brasileira. Na sua opinião, dificilmente o PIB crescerá mais de 2% em 2020.

“A liberação do FGTS vai ajudar no consumo, o crédito vai acelerar por conta das baixas taxas de juros e vemos uma clara recuperação da construção civil. Mas não é um movimento que consegue se manter”, diz ele.

“Sou cético em relação à agenda de produtividade que o governo propõe, é muitíssimo baixa a probabilidade de andar. Os municípios estão entrando em período eleitoral, querem o dinheiro sem a contrapartida do ajuste fiscal.”

Para o gestor, o governo trata das reformas de uma maneira que beira a ingenuidade. “Políticos querem benefícios, mas não ônus.”

No entanto, o gestor pondera que, mesmo em um ambiente de baixo crescimento, os ativos podem valorizar. “Nos últimos anos, o PIB foi caótico, mas a Bolsa explodiu. A correlação entre crescimento e valorização dos ativos financeiros não é tao alta”, afirma.

Carlos Woelz também é cético com relação às mudanças propostas pelo governo com o objetivo de aumentar a produtividade. Na sua avaliação, “não dá para colocar a expectativa de melhora da produtividade na conta” para estimar o desempenho da economia. Para ele, o PIB brasileiro deve crescer 1,9% em 2020.

O público presente no seminário, a maior parte gestores de investimento, foi convidado a opinar sobre os principais riscos para o mercado brasileiro no ano que vem. Houve empate no fator decisivo: um terço dos convidados apontou uma eventual fraqueza do crescimento econômico e outro terço indicou riscos geopolíticos no continente, como os acontecimentos na Bolívia e no Chile.

Para 76% dos convidados presentes, a maior oportunidade de investimento em 2020 está na Bolsa.

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Pedro Ladislau Leite

Repórter de investimentos do InfoMoney, cobre os mercados de renda fixa (Tesouro Direto e títulos privados) e de renda variável, acompanhando as movimentações dos principais gestores de fundos no país.