Mercado esquecido pelos investidores, Japão é aposta da gestora americana Wellington para 2022

Novos mercados surgem como oportunidade para se beneficiar da inflação global

Katherine Rivas

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O ano de 2022 será marcado por uma inflação elevada, duradoura e a recuperação econômica dos mercados desenvolvidos, como Estados Unidos e Europa. A avaliação é de Nanette Jacobson, estrategista global da Wellington Management, que enxerga boas oportunidades em mercados desenvolvidos, mas esquecidos pelos investidores, como o Japão.

“As ações japonesas estão com um valuation menor do que as ações de mercados desenvolvidos e há espaço para continuarem crescendo”, afirmou Nanette durante o Onde Investir 2022, evento online promovido pelo InfoMoney, em parceria com a XP Investimentos.

Embora os índices americanos tenham entregado retornos fortes para o investidor em 2021 – o índice S&P 500 acumulou ganhos de 26,89% no ano passado, enquanto Dow Jones e Nasdaq entregaram um retorno de 18,73% e 21,39%, respectivamente – a probabilidade de ter um desempenho semelhante em 2022 é mínima. “Não teremos retornos de 25% nos Estados Unidos, os desempenhos serão modestos”, apontou a estrategista.

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Foi este o motivo que levou a Wellington Management a colocar o Japão como a sua aposta principal para conseguir bons retornos neste ano. Segundo dados da Austin Rating, um dos principais índices do Japão, o Nikkei 225, fechou em queda de 6,1% (em dólar) em 2021.

Japão: tesouro esquecido?

Nanette Jacobson cita alguns fatores que fortalecem esta tese: o primeiro ponto é que quando se fala em inflação, o Japão vai na contramão do mundo. Enquanto mercados desenvolvidos como Estados Unidos e Europa enfrentam uma inflação de 6% e 5%, respectivamente, o Japão lida com deflação há alguns anos.

Segundo Nanette, em um cenário com a inflação global aumentando, o Japão deve ver a sua inflação chegar acima de 1% em 2022. Contudo, longe de ser algo negativo para o país, essa inflação deve representar um auxílio, porque grandes indústrias terão um poder de preço maior impactando positivamente no resultado das empresas.

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A estrategista também destaca o aumento da confiança do consumidor japonês frente às expectativas com a inflação, muito diferente da realidade percebida nos Estados Unidos ou Europa. Com inflação crescente, os consumidores também se beneficiam com possíveis aumentos de salário.

Outro diferencial do país asiático, de acordo com Nanette, é que o Japão é o único cujo Banco Central não está promovendo alta dos juros em decorrência da inflação, diferente do Banco Central Europeu ou do Federal Reserve.

Ainda entre os catalisadores de valorização para as ações japonesas, a estrategista da Wellington Management cita as melhorias na governança corporativa no mercado de capitais japonês, com investidores exigindo mais dividendos, um retorno de capital melhor e diretores mais independentes.

A Bolsa de Tóquio tem cobrado melhores práticas de governança para as empresas listadas. “Isso pode ser um catalisador para que as ações japonesas tenham um bom desempenho”, defende Nanette.

Depender menos da China

Embora os mercados asiáticos apresentem uma boa perspectiva para 2022, não dá para dizer o mesmo da China que, segundo a Wellington Management, ainda deve experimentar a desaceleração da sua economia neste ano.

No passado, a China apresentava um crescimento da sua economia na casa dos dois dígitos, mas em 2021 o PIB chinês avançou 8,1%.

Para Nanette Jacobson, o crescimento mais lento do país asiático é fruto do mercado imobiliário, responsável por 25% da economia chinesa, que enfrenta turbulência principalmente pelo possível colapso da construtora Evergrande.

“Mesmo com a China aumentando a sua liquidez, ainda podemos esperar que o país desacelere”, aponta a estrategista.

A China é conhecida por ser um grande importador de commodities, o que acaba favorecendo países emergentes como o Brasil, que dependem dela como um motor de crescimento para as suas economias. Neste cenário, Nanette adverte para diminuir a dependência do país asiático. “Não dá para depender tanto da China neste momento”, diz.

Surfando nas commodities

Com a inflação global elevada, menos estímulos dos bancos centrais e pouco apoio fiscal dos governos, a alta dos preços deixa de ser transitória e se torna um movimento duradouro, de acordo com projeção da Wellington Management.

Olhando para os ativos, os mais beneficiados com a inflação em alta são as commodities. Apesar do segmento ter apresentado forte valorização em 2021, o petróleo subiu 50% nos últimos 12 meses e, segundo Nanette, as commodities devem continuar em disparada.

Considerando o cenário inflacionário, a gestora Wellington Management manteve a sua projeção overweight (exposição acima da média) para as commodities, com foco em petróleo e metais industriais. O destaque, contudo, é para ações deste segmento nos mercados desenvolvidos.

“Não estamos seguros de que a inflação possa cair no segundo semestre de 2022. Mesmo se cair, ela deve superar o consenso do mercado”, reforça Nanette.

Estratégia

Em relação às principais apostas da Wellington Management, a gestora prioriza o investimento em ações de mercados desenvolvidos, com destaque para o Japão.

A preferência é por ações de valor, principalmente setores cíclicos como empresas financeiras, de energia e as que estão em transição para uma economia de baixo carbono.

Olhando para títulos de renda fixa, a estrategista reforça a escolha de títulos de curto prazo e com taxas flutuantes para aproveitar principalmente os aumentos de juros promovidos pelo Federal Reserve.

Com painéis diários e nome renomados do mercado financeiro, o Onde Investir 2022 seguirá até o dia primeiro de fevereiro. Você confere aqui todas as atrações já realizadas pelo evento. Já a programação completa está disponível no site do InfoMoney.

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Katherine Rivas

Repórter de investimentos no InfoMoney, acompanha ETFs, BDRs, dividendos e previdência privada.