Márcio Appel: comprado em Bolsa com Petrobras e Vale, gestor vê risco inflacionário no horizonte

Gestor tem posições compradas em real, com aposta na queda de juros e na valorização da Bolsa

Beatriz Cutait

Márcio Appel, sócio fundador da Adam Capital
Márcio Appel, sócio fundador da Adam Capital

SÃO PAULO – A inflação é hoje um risco no horizonte de Márcio Appel, sócio e fundador da Adam Capital. Na noite desta quarta-feira (03), o gestor destacou que, embora não esteja no horizonte do mercado financeiro, a aceleração de preços pode ser um fator de preocupação.

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“O cenário mais provável é o real [nesse trecho, o gestor se referia ao dólar] a R$ 4 e talvez a Selic a 1%. Consigo ver esse cenário sem dificuldade. O que o mercado tem certeza que não vai acontecer é um aumento da inflação aqui e lá fora, e isso é algo para o qual estamos preparados”, afirmou Appel, em live promovida pela assessoria Monte Bravo Investimentos.

O risco ganha ainda mais importância em uma crise “singular” como a atual, assinala o gestor, com ruptura não só de oferta como de demanda. “É difícil ter grande certeza sobre as variáveis macro daqui para frente”, destacou, ressaltando ser importante construir portfólios para navegar nesse contexto.

Juros baixos não são positivos para Bolsa

Conhecido por suas posições contra o consenso – “normalmente o consenso não prima pelo brilhantismo”, diz –, o fundador da Adam apontou que a possibilidade de os juros ficarem muito baixos por um bom período no Brasil não será positiva para a Bolsa.

Ele ressaltou que, nos Estados Unidos, os chamados “bull markets” (ciclos de alta) ocorrem justamente em períodos de aumento dos juros, como reflexo do comportamento positivo da economia.

À espera de um crescimento mais anêmico da economia brasileira, Appel diz ter posições hoje compradas em real, com aposta na queda de juros e na valorização da Bolsa, principalmente por conta da exposição nos papéis da Petrobras e da Vale. Mas não vê com bons olhos a montagem do conhecido “kit Brasil”.

“Parece que estamos otimistas com Brasil, mas não. A fraqueza econômica faz com que todas essas posições funcionem bem.”

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Já no mercado americano, a Bolsa parece cara a os olhos de Appel, embora ele descarte a visão de bolha. A gestora tem uma pequena posição líquida “vendida” (com aposta na queda), porém o fundador destaca que, se o olhar do investidor fosse para o longo prazo, de 20 anos, por exemplo, a expectativa seria favorável para Wall Street.

Ainda nesta perspectiva, no mercado local, a NTN-B (Tesouro IPCA+) de longo prazo também é vista por Appel com excelente valor para o carregamento.

Sobre os eventos políticos mais recentes, no Brasil e nos Estados Unidos, o fundador da Adam disse não ver a permanência de “ruídos”. “As pessoas confundem a personalidade do governante com as políticas econômicas adotadas. O que interessa é a economia. Interessa menos o que ele fala e mais o que ele faz.”

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Beatriz Cutait

Editora de investimentos do InfoMoney e planejadora financeira com certificação CFP, responsável pela cobertura do universo de investimentos financeiros, com foco em pessoa física.