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Juros sobem, Bolsa cai: que oportunidades de investimentos apareceram após os ajustes recentes do mercado?

Títulos públicos, papéis de bancos, crédito privado, ETFs, fundos de ações. Conheça as indicações de momento de três especialistas em investimentos

Mariana Zonta d'Ávila

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – Se até o início do ano a renda fixa dava espaço para os ativos de risco, por causa dos juros baixos que reinavam então, hoje, com a Selic de volta aos 6,25% ao ano e a perspectiva de novas altas da taxa básica de juros nos próximos meses, o cenário é outro.

Isso porque o ambiente mais volátil – diante de incertezas sobre o crescimento econômico mundial, pressão inflacionária e riscos políticos e fiscais no Brasil – tem levado gestores de patrimônio a reduzirem a parcela em Bolsa, diante das oportunidades na renda fixa.

“Lado político, inflação e juros subindo é um jogo que o brasileiro sabe jogar. Então no final das contas, os investidores estão sendo remunerados para correr menos risco”, afirma Armando Marracini, diretor-executivo e sócio da More Invest.

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Ele conta que tem diminuído os investimentos na Bolsa, passando de um percentual de 15% para perto de 10% da carteira, bem como a fatia destinada a fundos multimercados, de 25% para 20%.

No lugar, Marracini tem adicionado operações de crédito estruturado, com resgate após 30 ou 60 dias, nas quais é possível obter retorno equivalente à taxa do CDI (principal referência de rentabilidade da renda fixa) mais 4% ou 5% ao ano – o que considera atrativo. A ideia, diz, é passar pelo período conturbado pegando carona no juro alto e recebendo prêmio acima da Selic.

Certificados de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio (CRIs e CRAs) e Letras de Crédito Imobiliárias e do Agronegócio (LCIs e LCAs) pós-fixados, que oferecem remuneração acima de 130% do CDI e têm prazos de até três anos também são interessantes, segundo Ricardo Veles, planejador financeiro certificado CFP e gestor da Portogallo Investimentos.

O mesmo vale para debêntures de infraestrutura atreladas ao CDI, com retorno acima de 130% do CDI, avalia. Neste caso, contudo, os prazos costumam ser mais longos – de no mínimo cinco anos.

Assim como na More Invest, a Portogallo reduziu a alocação em Bolsa, diante do cenário mais desafiador. Para Veles, o cenário de alta dos juros é mais favorável para investir na renda fixa, sendo que um bom ponto de retomada para ativos de risco seria com o Ibovespa negociado entre 109 mil e 110 mil pontos. Hoje, o principal índice da Bolsa brasileira está cotado por volta dos 113 mil pontos.

Com os juros e a inflação em alta, além da Bolsa brasileira em queda, o que fazer com os investimentos? O InfoMoney conversou com dois gestores de patrimônio e uma assessora de investimentos para entender quais são as oportunidades que surgiram com os ajustes do mercado. Confira, a seguir, as principais sugestões:

CDBs

Os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), tradicionais investimentos de renda fixa, têm apresentado taxas atrativas nas plataformas de instituições financeiras diante do aumento da Selic.

Papéis prefixados com prazos de três a cinco anos, que pagam taxas anuais de 12%, oferecem boas oportunidades, na avaliação de Maitê Kattar, head de produtos da Monte Bravo – em especial para o investidor que tem uma reserva financeira e foco no longo prazo. Há ainda CDBs com prazo de três anos que remuneram com taxas de 6% ao ano mais a variação da inflação medida pelo IPCA.

Ela chama atenção para bancos médios, que oferecem taxas mais atrativas e que podem ser uma alternativa, dada a cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), espécie de seguro que devolve até R$ 250 mil por CPF no caso de a instituição financeira apresentar problemas (como uma intervenção pelo Banco Central).

“Os clientes têm perguntado se as taxas não vão abrir [subir] mais. No ano de eleição, pode ser que tenhamos momentos de estresse, mas um ativo que paga IPCA mais 5,5% ou 6% ao ano é bastante atrativo para carregar na carteira”, afirma.

Tesouro IPCA+ ou Tesouro Selic

O cenário atual também contribui para oportunidades nos títulos públicos. É o caso daqueles atrelados à inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Segundo Marracini, da More Invest, os títulos Tesouro IPCA+ com prazos intermediários, até 2035 – que atualmente remuneram o investidor com taxas de 4,8% ao ano mais a variação do IPCA – são interessantes por três razões: os juros elevados, a proteção contra a inflação e a alta liquidez.

Ele conta que passou a recomendar papéis com prazo médio mínimo de duração (duration) menor, por conta do cenário mais volátil, que tem levado a uma queda dos preços dos títulos mais longos nas mãos dos investidores. Em vez de vencimentos em 2050, agora olha para os que vão até 2028.

Em agosto, o valor dos títulos públicos apresentou desvalorização de até 9,5%, em meio à maior preocupação fiscal. Foi o caso do Tesouro IPCA+ com vencimento em 2045, cujo preço teve baixa de 9,45%. O juro real pago pelo papel subiu de 3,40%, no fim de julho, para 3,72%, no encerramento de agosto.

O Tesouro IPCA+ com vencimento em 2035 também está entre os preferidos de Maitê, da Monte Bravo. Nesta segunda-feira (27), o papel pagava a inflação mais uma taxa de 4,85% ao ano. “Hoje vemos excelentes oportunidades tanto em títulos públicos quanto na oferta de crédito privado – e é um bom momento pra quem tem espaço na carteira”, afirma.

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Já Veles, da Portogallo Investimentos, diz gostar do Tesouro Selic, papel pós-fixado que cuja remuneração acompanha as variações da Selic. Quando a taxa básica de juros sobe, o retorno do título aumenta automaticamente.

No mais recente relatório Focus, publicado pelo Banco Central, a expectativa do mercado financeiro é de nova alta de um ponto percentual na Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em outubro, com a taxa básica de juros encerrando o ano a 8,25%. “É interessante, caso o investidor precise do recurso, e até mesmo para reinvestir. Se segurar o papel por um ano, pode conseguir oportunidades na Bolsa, pegando o momento de subida dos mercados e podendo comprar aos poucos”, diz Veles.

Fatia internacional e Bolsa

Outra forma de alocar o portfólio em um momento de maior incerteza, segundo os especialistas consultados pelo InfoMoney, é por meio da diversificação internacional.

Tanto Maitê, da Monte Bravo, quanto Veles, da Portogallo Investimentos, citam a exposição via fundos de índice (ETFs), que permitem ao investidor pessoa física investir nos mercados globais com pequenas quantias, da ordem de R$ 100.

Marracini, da More Invest, sugere ETFs que replicam índices de ações da Europa, continente que “consegue captar melhor o mundo pós-pandemia, de economia real, com mais empresas de indústrias, automóveis, produção e menos tecnologia”.

Para investir na Bolsa brasileira, o executivo recomenda apostar em fundos de ações de gestores conhecidos como “stock pickers“, por escolherem os papéis a dedo. São maiores as chances de que eles encontrem “empresas descontadas, mas de boa qualidade, que devem passar por esse período de maior risco-fiscal de forma sustentável”, sustenta.

Além de fundos de ações “long only” – em que o gestor apenas compra papéis de empresas, apostando sempre na valorização deles no tempo – Marracini diz que estratégias “long biased” também podem reservar oportunidades. Esse tipo de fundo parte de um “viés comprado”, com expectativa  de alta da Bolsa, porém podem carregar também algumas apostas de queda das ações, ou posições vendidas. A estratégia é considerada mais defensiva, diante do cenário volátil para a renda variável.

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