Jive Asset: a curiosa história que liga a falência do Lehman Brothers ao nascimento da gestora brasileira de crédito

O 44º episódio do podcast “Outliers” recebe Alexandre Cruz, sócio-fundador da gestora que busca ativos "estressados" para investir

Nathalia de Sá Ronaldo Candiev

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Apesar de já antiga no mercado, com praticamente 11 anos de história, a gestora Jive Asset é pouco conhecida por muitos investidores. A origem da empresa se mistura com a história da falência do famoso banco americano Lehman Brothers, que foi à bancarrota em 2008. Após a falência nos diversos países em que operava, a Jive se aproveitou do leilão dos ativos do banco no Brasil e comprou uma estrutura que possuía, dentre outros ativos, uma carteira de créditos vencidos.

Segundo Alexandre Cruz, sócio-fundador da Jive Asset, foi uma experiência riquíssima. Ele resgatou a história no episódio 44 do podcast Outliers, apresentado por Samuel Ponsoni, gestor de fundos da família Selection na XP, acompanhado de Carol Oliveira, coordenadora de análise de fundos da XP.

“Do Oiapoque ao Chuí, tinha todo tipo de fauna e flora. Tinha ornitorrinco, tinha tudo que a gente imagina aqui”, brincou Cruz. “O que eu quero dizer com isso? Tinha empresas falidas, tinha empresas em recuperação judicial, empresas que estavam só passando por alguma dificuldade. Créditos maiores, créditos menores, todo tipo de setor, toda região do Brasil. Então foi uma carteira muito rica para gente poder aprender, errar, aprender, errar, aprender, errar”.

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O grande aprendizado também veio dessa época. “Não tem nada bom que a gente compre, a gente brinca que tudo é ruim, meio ruim, mais ou menos. Então a primeira coisa é: tem preço certo e preço errado. Às vezes o preço [certo] é: nem de graça”, disse Cruz.

A receita dos fundos da Jive é proveniente das recuperações que ela consegue nos ativos “estressados”, ou créditos vencidos e de baixa qualidade. “Às vezes, vai ser um acordo com um devedor, ou uma empresa, ou um avalista. Às vezes, vai ser um imóvel que você recupera e que tem que consertar e botar de novo para vender no mercado. Às vezes, aquele devedor é credor de alguém. Às vezes o ativo é físico. Às vezes é uma propriedade, um imóvel”, contou o executivo.

Ao Outliers, Cruz detalhou as estruturas complexas dos ativos com qualidade de crédito “péssima” e o arcabouço tecnológico que a Jive possui para, mesmo assim, obter retornos altos com esse tipo de ativo. “Dificilmente os fundos da vão dar mais que 28% ou 30% ao ano, e dificilmente eles vão dar menos que 15%”. Segundo ele, o objetivo é que os investidores das carteiras vejam seu capital dobrar a cada cinco ano.

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Retornos atrativos e descorrelacionados

Além do retorno, Cruz cita que a vantagem de investir em fundos ilíquidos é a baixa correlação que eles possuem com as demais classes de ativos do mercado.

Um dos exemplos citados pelo executivo é o emblemático episódio que ficou conhecido como “Joesley Day”, dia em que os ativos financeiros sofreram muito, com uma queda superior a 10% para o Ibovespa, mas as cotas dos fundos da Jive não tiveram nenhum impacto.

O cenário econômico atual também é positivo para a classe de ilíquidos ou créditos com qualidade inferior, segundo Cruz. Em momentos como o atual, em que a economia se encontra mais deprimida, as oportunidades de geração de negócios e, consequentemente, de investimentos para esses fundos são maiores.

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Antes acessível a um público restrito, agora a gestora vem a mercado com um fundo mais amplo. Cruz comentou sobre as adaptações e melhorias que fizeram em seus processos de investimento para começar a atuar em um mercado de crédito um pouco mais líquido. A ideia é entrar no universo de fundos líquidos, a partir do lançamento de um fundo novo, que deve iniciar em 31 de janeiro de 2022.

Até o lançamento desse novo produto – o Jive Bossa Nova High Yield Advisory FIC FIM – a casa só possuía produtos acessíveis a investidores profissionais, como são chamados aqueles que possuem, no mínimo, R$ 10 milhões em investimentos. A partir de agora, no entanto, investidores qualificados também poderão ter acesso à gestora.

A entrevista completa e os episódios anteriores podem ser conferidos pelo Spotify, Deezer, Spreaker, Apple e demais agregadores de podcasts. Além disso, o podcast também pode ser assistido no formato de vídeo no canal da XP no Youtube.