Quero deixar de vez a poupança; onde consigo mais rentabilidade?

Hélio Nunes Ferreira, CFP, planejador financeiro certificado pelo IBCPF, responde a pergunta de leitor do InfoMoney

Equipe InfoMoney

Publicidade

Pergunta:

Tenho 23 anos e sou servidor público. Pretendo me casar em aproximadamente 2 anos e, atualmente, possuo um valor entre R$ 1.000,00 e R$ 1500,00 mensais para investimento. Quero deixar de vez a caderneta de poupança, porém, tenho receio de tentar outras formas de investimento justamente por este ser um prazo relativamente curto. Qual seria a melhor forma para fazer este montante render um pouco mais?

Leitor: Felipe

Oferta Exclusiva para Novos Clientes

CDB 230% do CDI

Destrave o seu acesso ao investimento que rende mais que o dobro da poupança e ganhe um presente exclusivo do InfoMoney

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Resposta de Hélio Nunes Ferreira, CFP, planejador financeiro certificado pelo IBCPF:

Caro Felipe,

Seu questionamento expõe quatro elementos essenciais para uma adequada decisão de investimentos: objetivos, horizonte de tempo, valor disponível para investir e perfil do investidor. Você deixa implícito no texto que pretende utilizar os recursos investidos com despesas relacionadas ao casamento, que ocorrerá daqui a dois anos e tem disponibilidade mensal para investir entre R$ 1.000 e R$ 1.500 até lá. Também menciona que já aplica em caderneta de poupança, deseja investimentos mais rentáveis, porém preocupa-se com o risco em razão do prazo disponível. Por esses traços, você tem o perfil de investidor classificado como conservador.

Continua depois da publicidade

Para obter um retorno maior que a poupança sem elevação expressiva de risco, você pode optar por outros investimentos em renda fixa. A poupança também é renda fixa, mas tem a rentabilidade padronizada, ou seja, todos os bancos oferecem a mesma rentabilidade. As demais aplicações em renda fixa tem referência no CDI (Certificado de Depósito Interbancário), também chamado DI, que por sua vez, são influenciados pela taxa Selic. O CDI é a taxa de juros média dos empréstimos concedidos entre os bancos, enquanto a Selic é taxa de juros de referência para os títulos públicos federais, quanto o governo paga de juros quando toma dinheiro emprestado junto ao mercado financeiro.

Na última reunião do Comitê de Política Monetária do Bacen em 02.04.2014, a taxa Selic foi elevada para 11% ao ano, com CDI apresentando média de 10,80% ao ano após esse novo nível de Selic. A possibilidade de redução da Selic para abaixo desse patamar nos próximos dois anos, que é o seu horizonte de investimentos, é muito remota. Os analistas do mercado financeiro esperam que a taxa chegue a 12% ao final de 2015 (dados do relatório Focus do Bacen). Com esse cenário de taxas, há outras aplicações de renda fixa com baixo risco que rendem mais que a poupança. Para atender seus objetivos específicos sugiro aplicações em CDB (Certificados de Depósitos Bancários), LCI (Letras de Crédito Imobiliário) ou fundos de investimentos DI.

A rentabilidade média da poupança para os três primeiros meses deste ano ficou em torno de 7,06% ao ano, o que representa aproximadamente 65% do CDI (considerando CDI a 10,80% ao ano)

Os CDBs são títulos emitidos pelos bancos para captação de recursos junto aos clientes. Os bancos pagam de rentabilidade um determinado percentual do CDI. É preciso ficar bem atento ao percentual do CDI oferecido pelo banco, pois o seu valor irá determinar uma rentabilidade superior à poupança ou não. Sobre os rendimentos há incidência de imposto de renda pessoa nas seguintes alíquotas: aplicação até 180 dias – 22,5%; 181 a 360 dias – 20%; 361 a 720 dias – 17,5%; acima de 720 dias – 15%. Para obter rendimento superior à poupança recomendo investir em CDB que pague pelos menos 85% do CDI. Com percentual inferior a este a vantagem de rentabilidade pode ser perdida pela incidência do imposto de renda, uma vez que a poupança é isenta do mesmo.

As LCI são emitidas por bancos que possuem carteira imobiliária, ou seja, bancos que operam com financiamentos para compra de imóveis. Os bancos emitem as LCI de acordo com o volume de sua carteira de crédito imobiliário. A rentabilidade também está atrelada ao CDI, a diferença em relação ao CDB é o fato de não haver incidência de imposto de renda para pessoa física. Recomendo optar por LCI que renda pelo menos 70% do CDI. É necessário atentar também para o período de carência e o valor do investimento mínimo exigido pelo banco para adequar aos seus objetivos.

Os CDBs e LCIs assim como a poupança contam com a garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) até o limite de R$ 250.000 por aplicador/instituição financeira. O FGC funciona como uma espécie de seguro, no caso de quebra da instituição financeira. Isso torna o risco muito baixo para valores até esse limite.

Nos fundos DI diferentemente dos CDBs e LCIs, os bancos atuam administrando o dinheiro dos clientes. Por impedimento do órgão normatizador não podem garantir rentabilidade e cobram taxa de administração que é um percentual sobre o patrimônio líquido dos fundos. No caso dos fundos DI, os bancos investem os recursos do fundo em títulos públicos e privados objetivando rendimento semelhante ao CDI. Para aplicar em fundos DI oriento bastante cautela com relação à taxa de administração. O recomendável para seus objetivos é investir em fundos tenham taxa de administração máxima de 1,5%, cabendo ressaltar que a taxa incide sobre o patrimônio líquido do fundo e não apenas sobre os rendimentos. Além disso, os fundos também possuem incidência de imposto renda e não possuem cobertura do Fundo Garantidor de Créditos.

Como suas aplicações serão feitas mensalmente, convém ter maior atenção ao imposto de renda para as últimas aplicações, especialmente nos seis meses finais do período, de tal forma a evitar incidência de maiores alíquotas do imposto. Nesse período, deve avaliar a possibilidade de aplicação nas LCIs (isenção do imposto de renda), com rentabilidade compatível com seus objetivos, desde que a carência não seja superior ao horizonte final de prazo estabelecido.

Por fim, recomendo acompanhar sempre a situação das taxas de juros no momento da aplicação para verificar possíveis alterações no cenário financeiro, recorrendo a especialista em investimentos para solucionar eventuais dúvidas antes de realizar as aplicações.

Hélio Nunes Ferreira é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF). 

As respostas refletem as opiniões do autor. O IBCPF e o Infomoney não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para onde_investir@infomoney.com.br

Prezado Hildebrand, 

Pouco a pouco é possível ver mudanças significativas no perfil de investimento dos brasileiros. Percebemos, por exemplo, o crescimento do numero de jovens que estão disponibilizando parte de sua renda para se planejar financeiramente para a sua aposentadoria. É um movimento que tende a crescer cada vez mais ao longo dos próximos anos, especialmente com a educação financeira em curso em nossa sociedade. 

 Sua iniciativa é digna de receber elogios e servir de exemplo a outros tantos… 

 Como seu planejamento para esse investimento tem um horizonte de 15 anos algumas observações importantes devem ser feitas. Em uma simulação com um investimento inicial de R$ 10.000 e aplicações regulares de R$ 500, com uma rentabilidade anual de 10%, atingiremos após 15 anos um capital de R$ 242.583, sem considerar a inflação no período. Com esse capital investido é possível viver com uma renda de aproximadamente R$ 2 mil/mês, complementando a sua aposentadoria. No entanto, a pergunta magica é como atingir essa rentabilidade para um baixo risco no investimento. 

 Com as informações presentes não é possível identificar qual o seu perfil de investidor, onde seria possível identificar o quanto de risco você esta propenso a aceitar em sua carteira de investimentos (para saber o seu perfil de investidor é aconselhável buscar sua instituição financeira e responder ao questionário “Suitability”). No entanto, podemos considerar que você segue o padrão brasileiro de conservadorismo em seus investimentos, bastante carregado de “renda fixa” , mas propenso a conhecer novos produtos para pequenos investimentos. 

 Sugiro, para você superar a rentabilidade apresentada na simulação, que divida seu patrimônio em 2 partes. 

 A primeira parte é separar R$ 5 mil inicial e 80% de suas aplicações regulares para um fundo de renda fixa com credito privado que supere consistentemente 100% do CDI. Muitos fundos conseguem superar esse benchmark, e possuem aplicações inicias bastante acessíveis. Prefira esse investimento as NTN-Bs e a sua aplicação em imóveis. 

 Para os outros R$ 5 mil iniciais, e 20 % de suas aplicações mensais (R$100,00), podemos ser um pouco mais arrojados, buscando atingir uma rentabilidade superior do que a renda fixa. Como sua disponibilidade atual é pequena para ser investida diretamente em ações (coma na sua atual carteira de ações de Vale e Itau), uma excelente alternativa são os fundos de ações. 

 Os fundos de ações são, para a grande maioria dos investidores, a melhor alternativa para seus investimentos em renda variável. Apresentam vantagens como liquidez, diversificação e uma gestão profissionalizadas dos seus investimentos. Com ele você estará bem atendido para atingir sua meta de longo prazo na aposentadoria. Procure gestoras com comprovada competência em sua equipe de analise, e fundos de ações que sejam considerados “Ibovespa ativo”, com a intenção de superar o bechmark. Prefira esses as ações propriamente ditas. 

 E lembre-se: o resultado do seu sucesso financeiro também depende de você! 

 *Fabiano Pessanha, CFP, planejador financeiro certificado pelo IBCPF