Iguatemi ou Multiplan: onde o mercado vai às compras

Duas redes de shoppings centers de luxo apresentaram resultados balanceados no trimestre

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – É praticamente consenso entre especialistas do setor que o “Apocalipse do Varejo” nos EUA passa longe do Brasil – ao menos por enquanto. Resta saber quais os endereços favoritos do consumidor brasileiro para ir às compras.  

Entre as duas marcas de shoppings centers de luxo no país – Iguatemi (IGTA3) e Multiplan (MULT3) -, o páreo está duro. Para analistas que cobrem o setor, os resultados financeiros mais recentes de ambas as empresas foram saudáveis, e opiniões sobre qual das duas é a melhor dentro desta proposta estão divididas.

Multiplan

Em análise sobre a dona do Morumbi Shopping, o Credit Suisse destaca que houve mais pontos positivos que negativos no balanço do segundo trimestre de 2018. Dentre os negativos, a queda em SSS (vendas nas mesmas lojas) e o aumento das despesas gerais e administrativas são justificáveis, de acordo com relatório do banco.

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Os analistas Luis Stacchini e Vanessa Quiroga escreveram que a companhia continua capturando crescimento real nos aluguéis, a inadimplência líquida permaneceu baixa apesar da baixa performance das vendas e as taxas de ocupação permaneceram estáveis trimestre a trimestre, apesar da conversão mais baixa. Segundo eles, este último ponto indica que “a desorganização nos inquilinos do portfólio da Multiplan está realmente diminuindo”.

O banco classifica como neutra a ação da Multiplan, com preço-alvo de R$ 23. Para os analistas, o crescimento de 2,7% na taxa de aluguel em mesmas lojas (SSR) pelo quinto trimestre consecutivo aponta para manutenção da tendência de alta.

Até mesmo a queda de 1 p.p. na margem Ebitda da empresa, para 75%, é vista com bons olhos pelo Credit. “Despesas mais altas relacionadas a serviços e, principalmente, a nova área de inovação digital da companhia, foram os principais culpados”, escrevem os responsáveis pelo relatório. Na visão deles, a empresa está na linha de frente em termos de inovação no setor. “Acreditamos que o aumento nas despesas no trimestre é um preço baixo a se pagar à luz dos potenciais benefícios para o médio e longo prazo”.

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Vale destacar que, em fevereiro, a Multiplan adquiriu participação na Fulllab Participações, cuja atividade principal é o desenvolvimento de soluções tecnológicas aplicadas nas áreas de e-commerce e varejo digital. No balanço do 2T, o grupo cita “investimentos na equipe de inovação digital” como parte importante das despesas.

Embora abaixo do esperado, graças em parte à greve dos caminhoneiros, o crescimento das SSS da Multiplan foi o mais alto da categoria. O indicador ficou em -0,8% com relação ao mesmo trimestre do ano passado. Para o Iguatemi, este mesmo número ficou em -1,9% considerando a mesma base de comparação.

Iguatemi

Apesar deste número mais baixo, o Bradesco BBI tem preferência pelo Iguatemi no setor brasileiro de Shoppings e Propriedades (M&A, na sigla em inglês). “Iguatemi (e ALSC3) são nossas principais escolhas dentro deste universo, já que consideramos estes dois nomes atraentes, especialmente para investidores orientados para o longo prazo que não estão preocupados com as reviravoltas do terceiro trimestre de 2018”, escrevem os analistas Luiz Mauricio Garcia e Victor Tapia, fazendo referência ao fim dos efeitos positivos gerados pela liberação dos saques de contas inativas do FGTS em 2017.

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Em entrevista ao Itaú BBA recentemente, a CFO do Iguatemi, Cristina Betts, falou sobre este impacto. A alta base de comparação com o período anterior (devido ao FGTS) e o aumento da incerteza com o cenário político foram os destaques da executiva para um provável impacto nas vendas.

Os analistas Enrico Trotta, Alex Ferraz, Pablo Ordóñez e Gabriel Simões, do BBA, também recomendam compra para a ação, com preço-alvo de R$ 37,30. Em relatório, mencionam o provável lançamento de uma plataforma omni-channel de vendas em 2019 – a CFO disse que a empresa que está investindo em monitoramento do fluxo de consumo, “que pode fornecer vantagem em termos de precificação do espaço, além de ajudar a identificar medidas alternativas para cobrar inquilinos para além do varejo puro”.

A margem Ebitda do Iguatemi no trimestre ficou em 75,7%, pouco acima da concorrente. No indicador de alugueis em mesmas lojas, (SSR), a empresa apresentou crescimento de 1,8% com relação ao mesmo período do ano anterior – outro resultado acima dos números da Multiplan. 

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No acumulado de 2018, a ação da Multiplan vê queda de 20,27%. A do Iguatemi, por sua vez, apresenta desvalorização de 20,9%. O Ibovespa cai 0,49% no ano.

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Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney