Hedge desiste de comprar imóvel do TB Office em assembleia realizada nesta segunda-feira

Gestora chegou a aumentar valor que seria pago pelo edifício, mas retirou oferta após nova proposta do Banco Safra

Pedro Ladislau Leite Mariana Zonta d'Ávila

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – Acabou nesta segunda-feira (18), após três horas de reunião, o primeiro capítulo da polêmica envolvendo o fundo imobiliário TB Office (TBOF11). Em assembleia realizada em São Paulo, a gestora Hedge Investments retirou a oferta que havia feito para comprar o único imóvel detido pelo fundo.

A Hedge havia proposto em 15 de outubro comprar o condomínio Tower Bridge Corporate por R$ 909,5 milhões, valor que seria pago até janeiro de 2020. O montante seria levantado, em parte, com uma oferta pública para formar um fundo de até 50 investidores profissionais, o Hedge AAA (ainda em fase pré-operacional).

Outra parte, não especificada, seria captada por meio do lançamento de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs).

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A oferta foi categorizada como “hostil” por alguns investidores do fundo TB Office, já que o edifício foi avaliado em R$ 995,2 milhões no último laudo, elaborado pela CBRE em parceria com o BTG Pactual. O valor de mercado do fundo era de R$ 906,5 milhões ao fim de outubro.

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Além disso, pesava sobre a proposta da Hedge a acusação de conflito de interesses. Isso porque a gestora é cotista do TB Office por meio de seus fundos de fundos Hedge Top FOFII FII 1, 2 e 3. Desse modo, a casa seria ao mesmo tempo vendedora e compradora na operação.

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A Hedge justificava a transação pelo timing de mercado, mas outros cotistas rebatiam dizendo que a queda da vacância deveria impulsionar os rendimentos do fundo e, por isso, seria melhor não vender.

Fundo recebeu mais duas propostas

Outras duas propostas estão sobre a mesa dos investidores do fundo TB Office. No dia 29, está marcada reunião para que os cotistas deliberem sobre uma proposta da gestora BlueMacaw.

Embora o valor oferecido seja superior, de R$ 924,6 milhões, a recomendação do BTG Pactual, que administra o fundo, é que a oferta seja rejeitada, mesma orientação dada sobre a proposta da Hedge.

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A sugestão do administrador é que, caso os cotistas desejem vender o imóvel, “seja feita uma concorrência para contratar uma empresa especializada para buscar potenciais compradores para o ativo no mercado.”

Uma terceira proposta foi apresentada na noite de quinta-feira (14) pelo fundo híbrido JS Real Estate Multigestão (JSRE11), do Banco Safra. O pagamento previsto era de R$ 1 bilhão pelo ativo.

Segundo Alex Pomilio e Ricardo Orihuela, membros do Grupo de Investidores de Fundos Imobiliários (Grifi) que estavam presentes na assembleia, a Hedge chegou a colocar uma nova proposta, de pouco mais de R$ 1 bilhão, mas retirou o oferta quando, durante a assembleia, o Safra elevou sua proposta para R$ 1,055 bilhão. Procurado pela reportagem, o Banco Safra confirmou a nova oferta.

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Foi convocada mais uma assembleia, desta vez para o dia 9 de dezembro, para votar a nova oferta do Safra. A assembleia do dia 29 também está mantida. “Como investidor, ainda penso que exista espaço para valorização do ativo, acredito que possa chegar a R$ 1,2 bilhão em até 18 meses. Mas cada cotista deverá decidir por si”, diz Pomilio.

Procurada pelo InfoMoney, a Hedge não respondeu até o momento da publicação.

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Pedro Ladislau Leite

Repórter de investimentos do InfoMoney, cobre os mercados de renda fixa (Tesouro Direto e títulos privados) e de renda variável, acompanhando as movimentações dos principais gestores de fundos no país.