GGRC11: Eleven recomenda compra após prisão de sócios da gestora; XP sugere venda

Cotas do fundo voltam a subir após forte queda ontem; profissionais do mercado divergem em orientações aos clientes sobre como prosseguir com aplicação

Mariana Zonta d'Ávila Beatriz Cutait

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – Um dia depois da queda da ordem de 6%, em meio à prisão dos sócios da gestora Supernova Capital, investidores voltaram a comprar as cotas do fundo imobiliário GGR Covepi Renda (GGRC11) nesta terça-feira. As cotas fecharam o pregão com alta de 2,5%, cotadas a R$ 135,50.

Os irmãos Tiago Schietti e Lucas Schietti, respectivamente diretor executivo e diretor financeiro da Supernova Capital, estão entre os presos na Operação Máfia das Falências, dos Ministérios Públicos de Goiás e Paraná, que investiga irregularidades em processos de recuperações judiciais.

“O grupo teria realizado fraudes em recuperações judiciais e falências, buscando apropriação, desvio e ocultação de bens da recuperação judicial, para prejudicar credores. Também teria sonegado e omitido informações com o fim de induzir a erro o Judiciário, o Ministério Público, os credores e o administrador judicial”, informou, em nota, o MP do Paraná. (Leia mais sobre o caso nesta reportagem)

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O fundo Covepi tinha, ao fim de outubro, 55,6 mil cotistas. Diante do ocorrido, profissionais do mercado têm dado orientações divergentes aos seus clientes.

Compra

De um lado, a Eleven Research recomendou a compra das cotas do Covepi, diante da oportunidade aberta com a queda de ontem. Em relatório enviado a clientes na segunda-feira (25), a casa ressaltou que os ativos do fundo estão “segregados, protegidos pela estrutura de governança” e que o GGRC11 ainda tem dinheiro em caixa para alocar nos próximos meses.

No último relatório de gestão, referente a outubro, o Covepi informou que terminou o mês com um caixa disponível de R$ 162 milhões, referentes à terceira emissão de cotas, na qual levantou um total de R$ 300 milhões.

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“Dessa maneira e, considerando a possibilidade de outro gestor se interessar a assumir a gestão deste FII, pelos ativos que possui e pela estrutura de garantias, recomendamos aos investidores que possuem posição não vender. Pelo contrário, recomendamos a compra mesmo para aqueles que ainda não investem neste fundo”, ressaltaram os analistas Raul Grego Lemos e Raul Castelo Branco.

A Eleven acredita que o cenário mais provável será o de substituição do gestor. A casa de análise ainda reforçou que conversou com Thiago Figueiredo, diretor de gestão da Supernova, e foi informada que as atividades do fundo não serão afetadas e que os atuais locatários continuarão pagando os aluguéis, mantendo a operação normalmente.

Com preço-alvo de R$ 165 para as cotas do fundo, a Eleven enxerga um potencial de valorização de 21,8%, com dividend yield de 6,9% nos próximos 12 meses.

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Venda

De outro lado, diante das investigações em curso, Renan Manda, analista de fundos imobiliários da XP Investimentos, tem reiterado a recomendação de venda das cotas do Covepi aos clientes.

“Esta é uma discussão na qual se tem pouca visibilidade, já que os detalhes da operação são sigilosos. Só sabemos o que saiu na mídia, que os executivos estão envolvidos no caso e não necessariamente nos ativos”, diz. “Entre querer tomar risco e, se tudo der certo, ganhar 4%, não sei se vale a pena. O risco/retorno não é muito favorável.”

O processo em curso, contudo, poderá prejudicar os cotistas. No médio prazo, Manda avalia que a investigação poderá afetar negociações futuras, como a renovação de aluguéis e novos contratos de compra ou venda de ativos.

O analista da XP também acredita que a gestão do Covepi poderá ser trocada, mas aponta que a solução levaria tempo, diante da exigência de convocação de uma assembleia para deliberar as mudanças.

Manutenção

Com as cotas do Covepi na carteira recomendada para este mês, a Necton sugeriu a manutenção dos ativos aos investidores, enquanto acompanha o desenrolar das investigações. “Para quem é cotista, recomendamos segurar as cotas, porque não teve nada material em um primeiro momento que justifique a venda. Para quem não tem posição, também vale aguardar”, afirma Glauco Legat, economista-chefe da corretora.

A recomendação de compra das cotas do GGR Covepi no relatório de novembro foi feita, segundo Legat, de olho nos contratos atípicos de longo prazo, que carregam taxas “bem interessantes” no contexto atual, além da diversificação de alocação e geográfica dos ativos.

“Enxergamos que o GGRC11 pode entregar bons dividendos, sendo uma ótima opção para geração de fluxo de renda mensal, por conta da alta previsibilidade de receitas”, escreveu a Necton, no relatório.

Também com indicação de compra para o GGRC11 em novembro, a Terra Investimentos foi procurada e não quis comentar como está orientando seus clientes. Com peso de 15% no portfólio, a expectativa era de que o Covepi se beneficiasse de um cenário de retomada da atividade econômica e de um eventual aquecimento do setor imobiliário.

Supernova volta a negar irregularidades em fundo

Em comunicado divulgado nesta terça-feira, a Supernova Capital voltou a negar irregularidades no fundo e afirmou que a gestão segue sob a responsabilidade da mesma equipe, sob a liderança direta do diretor de gestão, Thiago Figueiredo, e do diretor de crédito, Richard H. Sippli.

“Esse conjunto de profissionais responde desde 2018 pelas operações, pela concepção e execução da estratégia de investimentos, que têm permitido ao fundo apresentar resultados consistentes para nossos cotistas e boa liquidez para a negociação das cotas em bolsa, sendo este um dos dez fundos imobiliários mais negociados na B3 em 2019, com um incremento de mais de 45 mil cotistas neste período em que a gestão assumiu o fundo”, disse a gestora, em nota.

A Supernova ainda ressaltou que tomou conhecimento de que investimentos pessoais de três profissionais que integram seu quadro estão sob investigação de autoridades policiais e que aceitou seu afastamento voluntário de suas funções executivas na gestora, pelo menos durante o período de duração das investigações em curso. “Não há pendências a respeito da legalidade das operações do fundo, nem a respeito de sua estrita adesão a sua política de investimentos”, afirmou.

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