Gestores contam por que aumentaram a exposição nas ações da Petrobras

Na visão dos especialistas da Legacy e da recém-criada Helius Capital, aumento do risco político foi mais do que compensado pela magnitude da queda

Lucas Bombana

(Divulgação)

Publicidade

SÃO PAULO – A queda de 21% das ações preferenciais da Petrobras (PETR4) na segunda-feira (22) como reflexo do aumento da insegurança dos investidores quanto à condução da petroleira sob uma nova presidência, fez os preços dos ativos despertarem o interesse de alguns gestores.

Ainda que reconheçam que hoje o ativo carrega um maior nível de risco político após a condução do episódio pelo governo federal, eles entendem que as ações estão sendo negociadas a valores atraentes o suficiente a ponto de não serem ignoradas.

Este é o caso da Legacy Capital, que aproveitou a queda recente dos papéis da Petrobras para aumentar parte da posição relevante que já carregava na carteira desde meados de outubro.

Continua depois da publicidade

“Quando o mercado dá oportunidade, aumentamos”, afirma o gestor Patrick Pereira, para quem as ações ainda estão muito descontadas em comparação aos pares internacionais.

Pela geração de caixa da empresa com o preço do petróleo nos níveis atuais, e o valor das ações, o retorno gerado aos acionistas deve ser próximo de 30% ao ano, calcula o especialista. “Estamos confortáveis com o investimento, e entendemos que tem uma margem de segurança razoável”, afirma Pereira.

Por conta dessa avaliação, hoje a Petrobras está entre as cinco maiores posições no portfólio de ações dos multimercados da Legacy, que conta ainda com nomes como Localiza e Hapvida.

Continua depois da publicidade

“Gostamos bastante do ativo e entendemos que é um investimento muito bom”, diz o gestor de ações, acrescentando que a exposição na Petrobras se dá por meio de ações preferenciais e ordinárias, bem como via opções de compra, que servem como uma espécie de amortecedor nos momentos de forte volatilidade.

Leia também:
Para Kinea, após queda de 21%, ação da Petrobras parece mais oportunidade de compra do que de venda

Pereira conta que o peso da companhia no portfólio foi reforçado no fim de 2020, quando as eleições nos Estados Unidos e as primeiras notícias sobre o início da vacinação tornaram o ambiente propício para os ativos de caráter mais cíclico.

Publicidade

De toda forma, o gestor da Legacy afirma também que, embora a queda tenha tornado a ação ainda mais atrativa, é inegável que hoje o risco político intrínseco ao ativo é maior.

“Como qualquer acionista, preferimos que não haja mudanças abruptas na empresa, e o anúncio na sexta-feira claramente não foi o ideal”, diz o gestor da Legacy. Apesar da avaliação crítica, ele não espera grandes mudanças na direção da empresa, no que diz respeito ao plano de desinvestimento de ativos ou à política de paridade com os preços internacionais.

A Legacy tem ainda ações do BB no portfólio, diante da avaliação de que os papéis estão com desconto excessivo ante os pares privados.

Continua depois da publicidade

Sinais desencontrados

Na gestora Helius Capital, o sócio fundador William Leite conta que ações do BB, da Eletrobras e da Petrobras faziam parte do portfólio do fundo long bias da casa, lançado em outubro de 2020, até meados da semana passada.

Quando o ruído político sobre eventuais intervenções nas estatais começou a ganhar força, ainda antes do anúncio de Jair Bolsonaro, a opção do gestor foi por zerar a posição no banco e na elétrica, e reduzir de maneira significativa a aposta na petroleira.

Já na segunda-feira, com a forte queda dos papéis sob controle do governo, o gestor da Helius aproveitou para aumentar a aposta na Petrobras, uma das principais hoje no portfólio, bem como remontar a posição em Eletrobras, mas sem voltar a ter BB, que Leite entende não estar em um preço atrativo ante os riscos no radar.

Publicidade

“Acredito que não vai haver uma alteração significativa na política de preços da Petrobras, muito embora o risco tenha aumentado bastante”, diz o sócio da Helius, com passagens por Credit Suisse Hedging Griffo, SPX e Garde.

Confira também:
Verde e Legacy dividem suas apostas em Bolsa e juros e descartam mudanças no cenário com “caso Petrobras”

Mesmo antes do episódio envolvendo a Petrobras, continua, a companhia já estava entre as mais baratas do setor em comparação aos pares internacionais.

A tese de investimento relacionada ao aumento nos preços das commodities é uma das maiores convicções na carteira do fundo long bias da Helius, que também tem nomes como PetroRio, Enauta e Vale.

“Os papéis de commodities estarão entre os mais beneficiados pela reabertura da economia e a volta da mobilidade”, diz o sócio da gestora. Mas se o risco político voltar a aumentar, a tendência é reduzir novamente a posição em Petrobras e aumentar nas outras ações do setor de commodities, afirma.

De todo modo, Leite observa também que, embora o governo tenha emitido sinais bastante negativos sobre a condução das estatais com o episódio envolvendo a troca no comando da Petrobras, logo depois surgiram novidades positivas, principalmente relacionadas à privatização da empresa de energia.

O InfoMoney vai premiar hoje, a partir das 18h, os gestores de fundos de renda fixa e de fundos imobiliários que conseguiram entregar aos investidores retornos com consistência nos últimos três anos.

Para participar do evento, conferir os vencedores, ser avisado sobre a agenda e receber posteriormente um compilado com as melhores recomendações de investimento debatidas nos painéis, deixe seu e-mail abaixo: