Verde e Legacy dividem suas apostas em Bolsa e juros e descartam mudanças no cenário com “caso Petrobras”

Fundos das gestoras estão entre os multimercados que mais se destacaram nos últimos três anos, ao lado de Sharp, Vista e Ibiuna

Lucas Bombana

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SÃO PAULO – Uma visão favorável para as ações na Bolsa, desde que o governo brasileiro mantenha algum nível de responsabilidade fiscal, com posições no mercado de juros para ganhar com o início da alta da taxa Selic pelo Banco Central (BC) nos próximos meses, norteia as principais apostas dos gestores dos melhores fundos multimercados do país.

Nesta terça-feira, o ranking InfoMoney Ibmec de melhores fundos premiou os vencedores da categoria de multimercados que mais se destacaram, considerados o retorno e o risco assumido pelos gestores no período de três anos.

O primeiro lugar ficou com o Sharp Long Short 2x Feeder, seguido pelo Vista Multiestratégia e o Verde Scena. Completam o “top 5” os fundos Legacy Capital Advisory e Ibiuna Hedge STH.

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Em painel online do evento, Luiz Parreiras, gestor da estratégia multimercado e previdência da Verde, e Pedro Jobim, sócio fundador da Legacy, falaram sobre o cenário esperado para 2021 e os principais investimentos no portfólio hoje.

Futuro da Petrobras

Durante a conversa, os dois abordaram também a troca na presidência da Petrobras, que, embora tenha gerado alta volatilidade das ações nos últimos pregões, não afetou de maneira relevante o cenário-base das gestoras para 2021.

“A Petrobras é um problema micro, e não necessariamente um problema macro. Agora, ela torna claro algo que muita gente já sabia, que o Bolsonaro não é liberal”, observou Parreiras, que ressaltou que a troca na presidência da Petrobras não abalou o otimismo da gestora com o ambiente de recuperação cíclica global.

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“A questão da retomada, de certa maneira, está contratada”, afirmou o gestor da Verde, em referência ao ambiente global, e, em menor medida, também ao local, com vacinação, estímulos fiscais e monetários.

Por mais traumática que esteja sendo a troca de comando na estatal, Jobim avalia que, pelo que foi sinalizado até agora, não parece ser intenção do presidente da República induzir a Petrobras a trabalhar de forma sistemática diferente.

O sócio da Legacy disse também que o “patamar incompatível” da taxa Selic com o cenário macroeconômico do país deu sua contribuição para o episódio envolvendo a petroleira, tendo em vista a alta do câmbio influenciada pelos juros muito baixos.

“O episódio da Petrobras poderia ter sido, senão evitado, no mínimo adiado ou suavizado, se tivesse uma condução distinta da taxa de juros”, afirmou Jobim, que, além das ações da Petrobras, citou os setores de aluguel de automóveis, saúde e bancos entre as preferências na Bolsa.

Ajuste nos juros

Sobre o futuro da taxa Selic, o sócio da Legacy entende que, após ter demorado para derrubar os juros em 2020, o BC deve iniciar o ciclo de alta já a partir de março.

“O certo seria o Banco Central dar mais do que 50 pontos, o ajuste deveria ser muito mais rápido, algo como 75 ou 100 pontos, para chegar rapidamente em um patamar de 4%, 5%, pelo menos”, afirmou o especialista.

“Está evidente que o juro brasileiro está no lugar errado. Não dá para o país ter taxa de juro real negativa de menos 2%”, corroborou Parreiras, que afirmou carregar nos multimercados da Verde posições nos títulos públicos indexados à inflação (Tesouro IPCA), nos vértices intermediários da curva de juros futuros.

“O BC vai normalizar o juro real para algo entre zero e um, mas o que está precificado na curva é muito mais que isso”, disse o gestor da Verde, acrescentando que essa é uma posição que o fundo já carrega há bastante tempo e que deve funcionar mesmo em um ciclo de alta da Selic.

Na Legacy, Jobim afirmou que a gestora carrega posições tomadas (que ganham com a alta das taxas) dos juros curtos, pela expectativa de que a inflação, no Brasil e no mundo, deve levar o BC a subir os juros acima do que está projetado hoje pelo mercado.

Para onde vai o dólar?

Em relação ao mercado cambial, o gestor da Verde disse que ainda carrega dólar na carteira, embora seja uma posição menor dos que nos últimos anos, com foco essencialmente em proteção para as apostas nas bolsas no Brasil e nos Estados Unidos.

“Prefiro ficar otimista com o Brasil na Bolsa, e, em alguma medida, nos juros, e ter o hedge no câmbio”, disse Parreiras, acrescentando que, mesmo desvalorizado, o real pode depreciar ainda mais, a depender dos próximos passos do governo na agenda fiscal. “Se a gente fizer bobagem, o câmbio é muito mais alto.”

Jobim, por sua vez, afirmou que enxerga o dólar “muito caro” no Brasil, com desconto entre 10% e 15% entre os principais pares emergentes.

O sócio da Legacy espera que a alta dos juros pelo BC contribua para uma normalização da taxa de câmbio local, que ele projeta abaixo de R$ 5 nos próximos meses.

Amanhã a premiação dos melhores fundos continua, com destaque para as categorias de renda fixa e fundos imobiliários, com os produtos que conseguiram entregar aos investidores retornos com consistência nos últimos três anos.

Para participar do evento, conferir os vencedores, ser avisado sobre a agenda e receber posteriormente um compilado com as melhores recomendações de investimento debatidas nos painéis, deixe seu e-mail abaixo: