Convicção em retomada econômica sustenta visão favorável da Verde para a Bolsa brasileira

Com ganho de 8,13% no semestre, fundo de Luis Stuhlberger tem se beneficiado de posições em ações, renda fixa e moedas

Beatriz Cutait

Luis Stuhlberger (Crédito: divulgação)

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SÃO PAULO – Com ganhos de 1,49%, em junho, e de 8,13%, no semestre, o lendário fundo Verde, sob responsabilidade de Luis Stuhlberger, tem conseguido bater de longe o CDI, cuja variação mensal foi de 0,47% e, semestral, de 3,07%.

Com grande parte das colocações já adiantada por Stuhlberger no último sábado, durante sua participação na Expert XP 2019, o fundo Verde teve ganhos em junho com as posições de juro real e ações no Brasil, que compensaram as perdas da parte cambial e da pequena exposição vendida em bolsa global. No consolidado do semestre, o fundo teve ganhos em praticamente todos os livros.

Em sua mais recente carta mensal, a Verde Asset se alonga nas explicações do por que tem uma visão construtiva para o Brasil, com uma avaliação diferente de seus pares em relação ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país, além de abordar suas perspectivas para a segunda metade deste ano e de discorrer rapidamente sobre a reforma da Previdência.

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“Acreditamos que muitos analistas, por razões cíclicas, estão ancorando suas expectativas de crescimento em níveis muito baixos, justo quando podemos estar as portas de uma aceleração mais robusta. De certa maneira, nos lembra a experiência de 2009-2011 nos Estados Unidos, quando muita gente se convenceu que não havia crescimento robusto possível após a crise, o pessimismo permanente virou uma indústria, e os estímulos monetários e creditícios eram vistos sob a luz do ditado ‘você pode levar o cavalo até a água, mas não pode obriga-lo a bebê-la’”, destacou a gestora, no relatório.

Perspectivas para 2019

Na avaliação da Verde, a forte revisão do cenário de crescimento em 2019 tem por trás três aspectos que, somados, retiraram quase um ponto percentual do crescimento do primeiro trimestre e, consequentemente, do ano.

O primeiro deles envolve a indústria extrativa, principalmente com o impacto da tragédia de Brumadinho de diminuição do crescimento do PIB em 0,2 ponto percentual, mesmo considerando o retorno parcial de algumas operações.

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O segundo fator trata da frustração com o setor de construção. “ A forte queda do primeiro trimestre, puxada pelo colapso do gasto dos Estados, retirou 0,4 p.p. do crescimento do trimestre e do ano. Contudo, grande parte do ajuste se deu justamente neste início do ano, e não esperamos que a construção prejudique mais as taxas de crescimento ao longo do ano.”

E o terceiro ponto corresponde à surpresa negativa com o forte recuo das exportações industriais no começo do ano. “Nossas projeções contemplam que essa fraqueza se mantenha ao longo do ano, mas sem grandes contrações adicionais. Aqui vemos maior risco ao nosso cenário otimista.”

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Stuhlberger e sua equipe destoam, contudo, do consenso e se dizem otimistas com o ritmo da atividade econômica neste e no próximo ano, com a expectativa de que, daqui para frente, a dinâmica do PIB na margem será conduzida cada vez mais pela demanda doméstica, o que se refletirá em taxas de crescimento mais robustas do que as observadas no passado recente.

“Vemos uma clara não-linearidade à vista em relação ao crescimento, com aceleração que certamente não está refletida no preço dos ativos. A despeito da continuidade da agenda de reformas, que também achamos promissora, vemos grande espaço para a retomada cíclica, que inclusive já está em curso, liderada pela demanda doméstica. Essa convicção, apesar das altas observadas até aqui no ano, nos mantém bastante positivos com as perspectivas do mercado acionário brasileiro.”

Para a gestora, a combinação de taxas de juros longas muito mais baixas, com quedas dos spreads de crédito, e aumento dos volumes no mercado de capitais deve ser bastante poderosa para agir como “acelerador do ciclo de crescimento da economia brasileira”.

Previdência

Em meio à expectativa de aprovação mais rápida que o esperado da reforma da Previdência no Congresso por parte do mercado financeiro, a Verde espera que o texto aprovado gere uma economia duas vezes maior do que a versão final apresentada pelo governo Temer.

Aprovada a reforma, a gestora destaca que as atenções vão se voltar às perspectivas de crescimento do Brasil. Apesar do maior pessimismo do mercado financeiro, que tem revisado sucessivamente seus prognósticos para a expansão do PIB, a Verde reforça contar com uma visão da retomada econômica mais construtiva, com um diagnóstico diferente sobre o atual estado da atividade.

Do ponto de vista dos investimentos, há um olhar mais negativo sobre o setor de construção civil. Já na parte de máquinas e equipamentos, modalidade mais atingida com a crise, a gestora destacou que, desde 2017, as compras de bens de capital têm se recuperado em ritmo acelerado, embora sigam mais de 15% abaixo do nível pré-crise. As perspectivas são favoráveis, com longo espaço para recuperação do setor, já que a retomada tem se dado em base muito deprimida e em um ambiente conturbado.

Mas a principal fonte da visão mais construtiva da Verde está no consumo das famílias, com destaque para o consumo de bens duráveis, numa trajetória tida como robusta e consistente de retomada.

A gestora vê bastante espaço para o crescimento do consumo sem a necessidade de grande expansão da massa salarial e considera que o processo de desalavancagem das famílias terminou, com o Brasil no início de um novo ciclo de crédito. “Em resumo, as perspectivas do consumo para 2019 e além seguem favoráveis.”

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Beatriz Cutait

Editora de investimentos do InfoMoney e planejadora financeira com certificação CFP, responsável pela cobertura do universo de investimentos financeiros, com foco em pessoa física.