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SÃO PAULO – Em meio ao avanço das tecnologias, empresas com modelos de negócio tradicionais, que apostavam em estratégias de longo prazo e buscavam focar seus esforços apenas no setor em que atuavam, precisam mudar a forma como investem e mensuram valor hoje. E o investidor também precisa se adaptar a essa nova realidade.
A afirmação partiu de Artur Wichmann, gestor de ações globais da Verde Asset Management, para quem a fórmula do sucesso está baseada atualmente na capacidade das empresas em acumular e analisar dados. “Os dados hoje são o novo petróleo”, afirmou, no 12º Congresso Value Investing Brasil, realizado nesta terça-feira (7), em São Paulo.
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Wichmann explicou que o “value investor”, que sempre viu o tempo como um bom aliado e que busca as melhores empresas dentro de um mesmo setor, precisa se adaptar a uma nova realidade e a novas cadeias de valor, que são cada vez mais fragmentadas e partem de diferentes setores da economia.
“Sempre gostamos de investir em empresas que planejavam os próximos cinco, dez anos com business plan; hoje, a Amazon não tem modelo de negócios para os próximos cinco anos. Ao invés de planos para o futuro, Jeff Bezos criou um algoritmo que cria e testa várias coisas ao mesmo tempo”, diz.
Para Wichmann, o segredo desse algoritmo é conseguir destinar capital e atenção para o que está dando certo e cortar gastos com o que está dando errado. “A Apple não vai continuar crescendo vendendo iPhones daqui pra frente; a empresa vai ser bem sucedida se pegar sua base de consumidores e conseguir agregar serviços, criando uma rede capaz de monetizar através de serviços”, pontuou.
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Dados são o novo petróleo
Tradicionalmente, empresas mensuram valor por meio do capital físico, do trabalho, mas, a partir do uso ampliado da tecnologia, será o capital intelectual, ou seja, o uso de dados, que vai permitir a criação de valor corporativo. “E quanto mais a gente avança no capital intelectual, mais difícil é para mensurarmos”, disse Wichmann.
As mudanças também acontecem no espectro da concorrência. Antes, as empresas precisavam destinar suas energias para o ganho da escala ao longo do tempo, analisando concorrentes do mesmo setor. Com a transformação digital, os concorrentes passaram a surgir de todos os lados, inclusive de fora do segmento de atuação.
Exemplos dessa nova direção podem ser encontradas na entrada da Amazon, no setor de consumo, e da Apple, no de pagamentos, com o Apple Pay.
Esses novos modelos de negócio despertam o conceito das plataformas, apontou Wichmann, que se baseiam no custo marginal zero, assim como na reprodução e na distribuição próximos a zero, além da vantagem competitiva com o acúmulo de dados e no efeito de rede, ou seja, no ganho de grande escala.
“É a capacidade de acumular dados e formar uma visão das preferências do consumidor melhor do que as próprias empresas de consumo”, disse o gestor. É o caso de Google, Facebook, Spotify, Amazon, Airbnb, Uber e Wikipedia.
Embora enxergue uma mudança de comportamento das empresas e dos investidores, o gestor da Verde Asset reforçou que as companhias de consumo não deixarão de existir, visto que o valor das marcas ainda existe. “Por isso, ainda há valor na construção de um portfólio diversificado, até porque o risco do setor da tecnologia é alto”, afirmou.
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