As 10 maiores altas e baixas de ETFs em julho; fundos de criptomoedas ganham destaque no mês

Fundos de índice que investem em empresas chinesas e títulos do Tesouro IPCA+ registraram as maiores perdas no mês passado

Katherine Rivas

(Shutterstock)

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Após ter fechado o primeiro semestre com os piores desempenhos, os ETFs de criptomoedas conseguiram boas posições entre os dez principais destaques em julho.

Mesmo sob receio de uma recessão global, os ETFs de criptomoedas, reconhecidos como ativos de risco, registraram altas que, em alguns casos, passaram de 60%.

Já os piores desempenhos ficaram com teses ligadas à China, acompanhando o sentimento de desaceleração econômica no país asiático. ETFs que reúnem uma cesta de títulos públicos atrelados à inflação também sofreram impactos com o efeito da marcação a mercado.

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O mesmo impacto foi registrado pelos ETFs que investem em ouro.

No balanço de ETFs de julho, o InfoMoney apresenta os fundos de índice com melhor desempenho e os que mais desvalorizaram, segundo levantamento a partir de dados dados da plataforma Economatica.

Dez ETFs da B3 com melhor desempenho em julho:

ETF  Retorno em julho 
QETH11 68,05%
DEFI11 66,17%
QDFI11 63,95%
ETHE11 62,50%
CRPT11 36,44%
HASH11 35,53%
WEB311 32,18%
BLOK11 31,26%
NFTS11 29,28%
BITH11 26,27%

Fonte: Economatica 

Adeus inverno cripto?

ETFs de criptomoedas figuravam entre as dez maiores altas do mês de julho.

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Ray Nasser, CEO da Arthur Mining, explica que estes fundos de índice acompanharam o cenário visto na inflação americana, com alguns agentes de mercado prevendo o fim do ciclo de alta nas taxas de juros já no final deste ano ou no começo de 2023.

“Os mercados sempre agem antes de acontecer um evento. Criptomoedas são consideradas ativos de risco, assim como ações. Mas tudo vai depender de quanta liquidez é injetada ou retirada do mundo pelo Federal Reserve, banco central americano”, destaca.

Nasser também aponta que setores mais voláteis como o de finanças descentralizadas (DeFi), tendem a subir com um mercado em tendência de alta, como o ocorrido em julho.

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O ETF com o melhor desempenho em julho foi o QETH11, da gestora QR Asset, que replica o desempenho da criptomoeda Ethereum. Este fundo de índice fechou o mês com alta de 68,05%.

Já na segunda e terceira posições estavam os ETFs de finanças descentralizadas, DEFI11 e QDFI11, das gestoras Hashdex e QR Asset, que avançaram 66,17% e 63,95% em julho, respectivamente. Estes ETFs investem em uma cesta de protocolos de DeFi, com diversos tokens tais como Uniswap, Aave, Compound entre outros.

Segundo Helena Margarido, analista de criptomoedas da Monett, o desempenho dos ETFs QETH11 e ETHE11 acompanhou o movimento da criptomoeda Ethereum, que saltou 56,53% em julho. A analista cita que o motivo foi a divulgação da data do The Merge — uma transição na mineração da criptomoeda que deixará de usar energia elétrica — agendada para 19 de setembro.

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“Este é o primeiro passo para a implementação do Ethereum 2.0, uma sinalização muito boa e bem recebida pelo mercado de criptomoedas”, destaca Margarido.

A analista também cita outras criptomoedas que estavam descontadas e acabaram disparando com forte sinalização de compra dos investidores. A alta de mais de 20% em tokens, como Solana (SOL) e Polkadot (DOT), impulsionou a indústria de contratos inteligentes, segundo Margarido.

Quem absorveu boa parte da valorização foram os tokens de finanças descentralizadas (DeFi), que por sua vez favoreceram os ETFs do segmento: DEFI11 e QDFI11.

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“As iniciativas de DeFi subiram com força porque estavam extremamente desvalorizadas pela correção de mercados, mas sem um sentido para a queda”, afirma.

Segundo Margarido, ainda é cedo para afirmar se essa correção com alta nas criptomoedas acabou, mas a analista espera boas novidades na indústria até o final do ano.

Já Ray Nasser destaca a importância de o investidor optar por ativos de melhor qualidade. “Bitcoin é uma aposta segura. Em relação aos tokens de DeFi, Web3 ou metaverso, ainda não temos segurança de que existirão nos próximos anos”, avalia.

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QDFI11 ou DEFI11? Com dois ETFs de finanças descentralizadas disponíveis na B3, analistas avaliam qual é a melhor opção

Dez ETFs da B3 com pior desempenho em julho:

ETF Retorno em julho 
XINA11 -11,98%
GOLD11 -3,48%
B5MB11 -3,14%
ASIA11 -2,95%
ESGE11 -2,30%
IMAB11 -2,07%
MATB11 -1,99%
EMEG11 -1,58%
IMBB11 -1,26%
IB5M11 -0,95%

Fonte: Economatica 

China preocupa

Entre os piores desempenhos do mês de julho estavam ETFs ligados a empresas chinesas ou na economia do país asiático. O ETF XINA11 apresentou a maior queda do mês, recuando 11,98% em julho. Na lista dos piores desempenhos também figurava o ETF ASIA11, com recuo de 2,95%.

Para Felipe Paletta, sócio-fundador e analista da Monett, estes ETFs acompanharam a desaceleração da atividade econômica do Produto Interno Bruto (PIB) chinês, que cresceu abaixo do esperado.

O crescimento econômico da China desacelerou no segundo trimestre, com alta de 0,4% em relação ao ano anterior e abaixo das expectativas. O desempenho pífio é resultado direto dos lockdowns para conter casos de Covid-19, que atingiram a atividade industrial e os gastos do consumidor.

O PIB chinês estava previsto para expandir 1,0% no trimestre abril-junho em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo pesquisa da Reuters com analistas. Na comparação trimestral, o PIB caiu 2,6% no segundo trimestre.

Paletta destaca também o aumento da inflação nos Estados Unidos e um movimento de desaceleração da economia norte-americana. “Isso gera uma preocupação porque os Estados Unidos são um dos maiores mercados consumidores para China. Essa desaceleração provoca uma queda mais forte nos países asiáticos, o que justifica a queda dos ETFs”, afirma.

Além da desaceleração na economia chinesa, Luciana Ikedo, assessora de investimentos e sócia no escritório RV4 Investimentos, cita que o ETF XINA11 é composto por empresas de grande e médio portes — as de maior participação são: Alibaba Group, Tencent Holdings e a Meituan Diaping.

Ikedo explica que, em julho, executivos da empresa Alibaba foram envolvidos em uma investigação de roubo de dados policiais. O problema impactou as ações da empresa listadas nos Estados Unidos, que registraram queda superior a 4%.

“Outro fato importante tem sido a repressão regulatória da China, que já puniu o Alibaba com uma multa de US$ 2,8 bilhões e anulou uma oferta pública inicial (IPO) de sua afiliada Ant Group”, explica a especialista.

As tensões envolvendo Taiwan e o alerta emitido pela China, por conta da visita de Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos à ilha, também pressionaram os ativos ligados ao país asiático. Esse combo prejudicou os fundos de índice que seguem esta tese, completa Ikedo.

O ASIA11, por exemplo, que também tem forte representatividade da empresa Alibaba, acabou sofrendo perdas. Pegaram carona na desvalorização, os ETFs ESGE11, com forte representatividade de empresas de China, Hong Kong e Taiwan, e o ETF EMEG11, com participação de países asiáticos.

Renda fixa está perdendo espaço?

O movimento de correção na indústria de ETFs também foi perceptível nos fundos de índice de renda fixa, que após assumirem a líderança das altas do primeiro semestre, ocuparam os piores desempenhos do mês de julho.

O ETF B5MB11 — que reúne na sua cesta de ativos títulos Tesouro IPCA+, com e sem juros semestrais, com vencimento igual ou superior a cinco anos – figurava entre as maiores quedas do mês passado, com recuo de 3,14%.

Na lista de baixas, também era possível encontrar os ETFs IMAB11 e IMBB11 — que investem em títulos do Tesouro IPCA+ e Tesouro IPCA+ com juros semestrais de curto e longo prazo – com quedas de 2,07% e 1,26%, respectivamente.

Veja também:

Qual é o melhor ETF de renda fixa diante da alta dos juros? Com 7 opções na B3, analistas apontam os mais indicados para cada estratégia

Segundo Luciana Ikedo, após as medidas feitas pelo governo para conter a inflação, como aumento da taxa Selic e redução do ICMS para combustíveis e energia elétrica, tudo indica que teremos o arrefecimento da inflação medida pelo IPCA no curto prazo. “O IPCA-15, que é uma prévia do IPCA mensal, ficou abaixo do esperado e teve uma alta de 0,13% na comparação mensal”, afirma.

Como ainda não é possível determinar se a Selic deve continuar subindo, a exigência de prêmios por parte dos investidores aumenta. Neste cenário, para títulos públicos que já estavam em carteira e adquiridos em um momento em que a curva de juros indicava um número menor do que a projeção atual, ocorre uma marcação a mercado negativa para estes papéis.

“Ou seja, os títulos que já faziam parte do fundo e estavam na carteira do ETF, passaram a valer menos dos que estão sendo emitidos neste momento e já precificam eventuais altas de taxas de juros futuras”, destaca.

Ainda segundo a especialista, a marcação afeta mais títulos do Tesouro IPCA+ com vencimentos longos, motivo que levou a queda do B5MB11.

Radar da indústria

Arthur Maria do Valle, fundador da Trendset e associado à OhmResearch, compilou, a pedido da reportagem do InfoMoney, as principais novidades do mercado de ETFs de julho.

Segundo Valle, houve poucos lançamentos na indústria, provavelmente, por conta do cenário de indefinição do mercado, em que investidores se sentem mais seguros na renda fixa. Mesmo com toda a incerteza, a única gestora a lançar ETFs foi a Investo, que lançou quatro novos fundos de índice.

Dois deles foram focados na renda fixa global e norte-americana, visando “surfar a onda do investidor de migração para a renda fixa”, de acordo com o especialista. Se trata do USDB11 e o BNDX11.

O USDB11 oferece ao investidor acesso a renda fixa norte-americana, com uma carteira de mais de 10 mil títulos de renda fixa do mercado americano, com vencimentos em pelo menos um ano. Este replica por sua vez outro ETF,  o BND (Vanguard Total Bond Market ETF).

O índice inclui treasuries, que são títulos do Tesouro dos Estados Unidos, além de papéis hipotecários e ativos com vencimentos curtos, intermediários e longos. A taxa de administração é de 0,25% ao ano, enquanto o ETF replicado — o BND — tem um custo de 0,04% ao ano. O custo total do ETF, portanto, é de 0,29% ao ano.

Já o BNDX11 garante exposição à renda fixa global, investindo em mais de 6 mil títulos de renda fixa de 42 países, exceto os Estados Unidos. A Europa é a região de destaque, respondendo por 57% dos títulos. O custo total do BNDX11 é de 0,33% ao ano.

Estes foram os primeiros ETFs da B3 com exposição à renda fixa internacional. Até o momento, esta categoria de ativos estava disponível na Bolsa apenas em BDRs de ETFs (recibos de ETFs listados no exterior).

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“ETFs de renda fixa internacional são muito bem-vindos porque oferecem ao investidor brasileiro acesso à mais importante classe de ativos e contribuem com a diversificação de carteira, além de expandir a parcela da carteira exposta ao dólar e outras moedas fortes”, afirma Valle. “Prefiro ETFs do que BDRs de ETFs porque são uma estrutura mais fácil de ser entendida e menos complicada, tributariamente, além de potencialmente apresentar mais liquidez”, completa o fundador da Trendset.

Entre os lançamentos de julho estão o ETF SVAL11, que replica empresas small caps sediadas nos Estados Unidos, com uma taxa de administração total de 0,45% ao ano. E o ETF FOOD11, que replica o desempenho do índice MVIS Global Agribusiness, composto pelas maiores e mais liquidas empresas do segmento do agronegócio global, com taxa de administração de 0,30% ao ano.

O levantamento de Valle mostou, ainda, que nenhum ETF da B3 teve taxa de administração reduzida em julho.

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Katherine Rivas

Repórter de investimentos no InfoMoney, acompanha ETFs, BDRs, dividendos e previdência privada.