Por que fundos imobiliários que compram outros FIIs dizem estar protegidos do efeito Americanas? Entenda

E mais: 15 fundos distribuem dividendos nesta quinta-feira; Ifix fecha em queda; Marisa (AMAR3) realiza mudanças em sua diretoria

Wellington Carvalho

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O impacto da crise financeira da Americanas nas receitas dos fundos imobiliários que investem em cotas de outros FIIs – também chamados de FoFs (funds of funds) – tem sido bastante reduzido. É o que sinalizam os relatórios gerenciais de pelo menos três FoFs.

Em consequência da situação financeira da varejista, que entrou em recuperação judicial com dívidas de mais de R$ 47 bilhões, fundos do segmento de logística, renda urbana e shoppings estão reportando nas últimas semanas inadimplência parcial ou total no pagamento de aluguel devido pela empresa.

A situação afeta as receitas dos fundos e, consequentemente, o dividendo distribuído para os cotistas. O Max Retail (MAXR11), por exemplo, reduziu pela metade o rendimento repassado em fevereiro aos cotistas.

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A redução é proporcional à participação da varejista no portfólio do fundo. No caso do MAXR11, a companhia ocupa cerca de 32 mil metros quadrados dos quase 60 mil metros quadrados de área bruta locável (ABL) total do FII – mais da metade.

Apesar de investirem também em FIIs com exposição à Americanas, os FoFs sinalizam que o efeito da crise da varejista foi pouco relevante até agora, dada a diversificação dos seus portfólios – diferentemente do que ocorre com os FIIs de “tijolo”, que investem diretamente em imóveis.

A carteira do RB Capital I Fundo de Fundos ( RFOF11), por exemplo, conta com cinco fundos que têm a varejista como inquilino. Em média, a participação da empresa na receita desses FIIs representa 4,1%. Na prática, no entanto, o impacto real de Americanas na carteira foi bem menor do que isso.

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“No RFOF11, o impacto total fica em apenas 0,59%, graças ao efeito da diversificação que um FoF proporciona”, indica o relatório gerencial do fundo, divulgado nesta quarta-feira (22). Atualmente, o portfólio do RB Capital I Fundo de Fundos conta com 57 FIIs e os gestores descartam vender ativos por conta da crise na Americanas.

“Optamos por manter os fundos com exposição ao grupo Americanas, cujos impactos entendemos serem temporários, visto que são imóveis já performados, de alta qualidade técnica e localizados em regiões bastante atrativas”, complementa o relatório gerencial da carteira.

O documento está em linha com o relatório gerencial do BB Fundo de Fundos Imobiliários (BBFO11), que também manterá no portfólio o GGR Covepi (GGRC11) – que tem 20% da receita atrelada a um contrato com a Americanas.

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“Optamos pela não alteração da exposição por entendermos ser um fundo com ativos de qualidade”, afirma o documento, divulgado em fevereiro. “Mas mantemos vigilância sobre o desenrolar deste processo de recuperação judicial e principalmente aos comunicados sobre os pagamentos de aluguel devidos”.

O GGR Covepi responde hoje por 3,2% do portfólio do BB Fundo de Fundos Imobiliários.

Outro fundo que destacou a crise da Americanas no relatório gerencial de fevereiro foi o BTG Pactual Fundo de Fundos (BCFF11). A carteira sinalizou que não possui exposição relevante ao risco da companhia e dos seus principais credores.

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De qualquer forma, a gestão do FoF acredita que os eventos relacionados ao caso serão explicados ao longo do tempo e a dinâmica normal de mercado deverá ser retomada, algo que deve acontecer nas próximas semanas, sugere o documento.

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Ifix hoje

Na sessão desta quinta-feira (23), o Ifix – índice dos fundos imobiliários mais negociados na Bolsa – fechou com baixa de 0,16%, aos 2.793 pontos. Confira os demais destaques do dia.

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Maiores altas desta quinta-feira (23):

Ticker Nome Setor Variação (%)
CARE11 Brazilian Graveyard and Death Care Cemitérios 10,95
JSRE11 JS Real Estate Híbrido 2,58
TEPP11 Tellus Properties Lajes Corporativas 2,01
RBRL11 RBR Log Logística 1,69
LVBI11 VBI Logístico Logística 1,64

Maiores baixas desta quinta-feira (23):

Ticker Nome Setor Variação (%)
MCHF11 Mauá Capital Hedge Fund Títulos e Val. Mob. -2,57
XPLG11 XP Log Logística -2,46
RBRF11 RBR Alpha Títulos e Val. Mob. -2,45
HGRE11 CSHG Real Estate Lajes Corporativas -2,05
BTLG11 BTG Pactual Logística Logística -1,92

Fonte: B3

Dividendos hoje

Confira os FIIs que distribuem dividendos nesta quinta-feira (23):

Ticker Rendimento Retorno mensal
RZAK11  R$     1,20 1,20%
AFHI11  R$     1,05 1,12%
OURE11  R$     1,00 1,33%
RZAT11  R$     0,96 1,13%
BARI11  R$     0,90 0,99%
ALZM11  R$     0,87 1,04%
BLMC11  R$     0,81 1,01%
ASMT11  R$     0,77 1,08%
OUFF11  R$     0,70 1,12%
RECX11  R$     0,70 1,08%
TSNC11  R$     0,63
OULG11  R$     0,41 1,04%
WTSP11B  R$     0,20 0,57%
MANA11  R$     0,11 1,10%
GAME11  R$     0,10 1,14%

Fonte: StatusInvest

Giro Imobiliário: em meio à reestruturação, Marisa (AMAR3) realiza mudanças em sua diretoria

O executivo Alberto Kohn de Penhas assumiu a posição de chefe de operações da Marisa Lojas (AMAR3). Kohn havia sido escolhido como presidente interino da companhia após a renúncia de Adalberto Pereira Santos, CEO da empresa até o início de fevereiro. Após a eleição de João Pinheiro Nogueira Batista para o cargo, porém, a empresa afirmou que estudava “a forma de colaboração” de Kohn com a companhia.

O executivo ficará responsável pelas relações comerciais e operacionais da varejista. Kohn tem mais de 30 anos de experiência em varejo de moda. Ele foi executivo nas áreas comercial, de operações, serviços financeiros, marketing, logística e canais digitais em grandes empresas do varejo de moda e têxtil, como C&A, Pernambucanas e Coteminas. Nos últimos três anos e meio, atuou como vice-presidente comercial, de marketing e de operações na Marisa.

As mudanças na diretoria acontecem em meio a mais uma reestruturação da companhia. No mesmo comunicado em que informava a renúncia de Santos e de Marcelo Adriano Casarin, membro do conselho de administração, a Marisa informou que contratou a BR Partners para assessorá-la no processo de renegociação de seu endividamento financeiro e a Galeazzi Associados para apoiá-la no aperfeiçoamento da estrutura de custos.

Como noticiou o Estadão/Broadcast, as constantes reestruturações da empresa têm afastado executivos da Marisa e de seu conselho de administração.

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Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.