FII RECR11 cai 2% após problema no terceiro CRI do fundo; Ifix tem pior semana do ano

E mais: 7 fundos distribuem dividendos; FIIs high yield elevam volatilidade; Americanas avisa a shoppings que não irá pagar aluguéis atrasados

Wellington Carvalho

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O Ifix – índice dos fundos imobiliários mais negociados da Bolsa – fechou a sessão desta sexta-feira (10) com queda de 0,21%, aos 2.785 pontos. Na semana, o indicador acumula perdas de 1,07%, a maior para o período em 2023.

Entre os destaques do dia está o REC Recebíveis Imobiliários (RECR11), que registrou perdas de 2% após reportar problema em mais um certificado de recebíveis imobiliários (CRI) do portfólio.

O CRI é um instrumento usado por empresas do setor imobiliário para captar recursos no mercado. Na prática, essas companhias “empacotam” receitas futuras que têm para receber – como aluguéis ou parcelas pela venda de apartamentos, por exemplo – em um título (o CRI), que é vendido aos investidores – como os FIIs.

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O RECR11, por exemplo, tem 1,32% do patrimônio líquido do fundo investido no CRI da 135ª Série da 1ª emissão da Habitasec Securitizadora – terceiro título da carteira a apresentar problema em um mês.

Nesta quinta-feira (9), a Aracaju Investimentos – cedente dos créditos – e a ACF Participações – fiadora da operação – conseguiram na Justiça o deferimento (aval) para o processamento de seus pedidos de recuperação judicial.

O título faz parte também do portfólio dos fundos Ourinvest Renda Estruturada (OURE11) e Ourinvest JPP ([ativo=OIJP11]). Em comunicado ao mercado, os três FIIs relatam que ainda estudam a melhor estratégia em relação ao caso.

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No texto, as carteiras também destacaram as garantias previstas na operação – mecanismo de proteção em caso de interrupção no fluxo de pagamentos. Entre elas, estão a venda do Aracaju Parque Shopping (SE) e os contratos de locação do complexo comercial.

O Ourinvest Renda Estruturada (OURE11) reporta que o título representa 5,67% do patrimônio do fundo. No caso do Ourinvest JPP ([ativo=OIJP11]), o percentual é de 0,76%.

Com mais de 180 mil cotistas, o RECR11 já havia anunciado nas últimas semanas a antecipação do pagamento integral de outros dois CRIs. A medida é tomada após o descumprimento do contrato pela parte devedora da operação.

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Juntos, os CRIs que apresentaram problemas no portfólio do REC Recebíveis Imobiliários representam 4,12% do patrimônio líquido do fundo.

Maiores altas desta sexta-feira (10):

Ticker Nome Setor Variação (%)
XPSF11 XP Selection FoF 2,44
RCRB11 Rio Bravo Renda Corporativa Lajes Corporativas 2,05
HSLG11 HSI Logística Logística 1,75
MFII11 Mérito Desenvolvimento Desenvolvimento 1,57
HFOF11 Hedge Top FoF II FoF 1,07

Maiores baixas desta sexta-feira (10):

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Ticker Nome Setor Variação (%)
CARE11 Brazilian Graveyard and Death Care Cemitérios -4,8
TORD11 Tordesilhas EI Desenvolvimento -3,43
RZTR11 Riza Terrax Híbrido -3,18
RBFF11 Rio Bravo Ifix FoF -2,64
XPPR11 XP Properties Lajes Corporativas -2,15

Fonte: B3

Dividendos hoje

Confira os FIIs que distribuem dividendos nesta sexta-feira (10):

Ticker Rendimento Taxa de retorno
HABT11  R$     1,18 1,30%
CRFF11  R$     0,61 0,92%
CXRI11  R$     0,56 0,88%
EDFO11B  R$     1,70 0,86%
FIIB11  R$     3,25 0,72%
HGIC11  R$     0,65 0,62%
VERE11  R$     2,07

Fonte: StatusInvest

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Giro imobiliário: FIIs high yield elevam volatilidade; Americanas avisa a shoppings que não irá pagar aluguéis atrasados

FIIs com maior risco elevam volatilidade e dão mais trabalho aos ‘caçadores de yield’; entenda

O investimento em fundos imobiliários (FIIs) ostenta tradicionalmente a característica de ser bem menos volátil do que outras aplicações financeiras – como as ações, por exemplo. Isso não significa, porém, que o comportamento seja uma regra e casos recentes confirmam a exceção.

Em janeiro, Tordesilhas EI (TORD11) e Versalhes RI (VSLH11) afundaram 24% e 22%, respectivamente. Além da desvalorização da cota, os fundos também anunciaram redução relevante na última distribuição de dividendos na virada do ano.

O comportamento dos fundos não chega a ser novidade para especialistas como Eduardo Mira – ou Professor Mira, como é conhecido. Ele conta que há três anos usou o TORD11 como exemplo de um fundo com perfil mais arriscado.

“O Tordesilhas é e sempre foi um fundo de maior risco. O problema é que parte dos investidores nunca olhou o que a carteira faz”, afirmou o analista durante o programa Liga de FIIs, do InfoMoney. “E não há nenhum problema no que o fundo faz, mas é necessário saber o risco dos ativos que ele investe”, explica.

Mas o que estimularia um investidor de fundos imobiliários – que na teoria busca maior segurança para o patrimônio e renda recorrente com dividendos – optar por FIIs com tais características? E como investir em carteiras com perfil de maior risco?

Especialistas ouvidos pelo InfoMoney avaliam que a tentativa de ganho rápido induz o investidor a alocar mais recursos do que o recomendado em fundos mais arriscados. Além disso, a análise precipitada da taxa de retorno com dividendos (dividend yield) faz o cotista ignorar o que está dentro do portfólio do FII e, consequentemente, fechar os olhos para o risco que está tomando.

Americanas avisa a shoppings que não irá pagar aluguéis atrasados de suas lojas

A Americanas começou a notificar os shoppings onde tem lojas físicas que os aluguéis devidos até a data do deferimento do pedido de recuperação judicial, em 19 de janeiro, não serão pagos, por conta do efeito de suspensão de cobranças conferido pela recuperação judicial.

Segundo as cifras que constam na lista de credores do processo de recuperação da varejista, entregue à Justiça do Rio de Janeiro, a companhia deve R$ 11,6 milhões aos shoppings espalhados por diversas regiões do País.

Pelos cálculos do Estadão/Broadcast, são cerca de 90 credores de shopping centers. Os valores da lista não estão discriminados pelo tipo de despesas, mas, provavelmente, se referem a aluguéis e condomínios.

O comunicado desta semana sobre o não pagamento dos valores em aberto é assinado pelo coordenador jurídico da Americanas, Bernardo Mesquita Costa. O informe destaca que o eventual pagamento do aluguel até o dia 19 de janeiro “implicaria em prática de favorecimento de credor”.

O comunicado ressalta ainda que os créditos anteriores ao pedido de recuperação estão com sua exigibilidade suspensa. Já os pagamentos cuja competência compreende o período de 20 a 31 de janeiro de 2023 serão realizados ao longo deste mês.

Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.