FII tenta despejar Americanas de galpão logístico na Bahia, mas Justiça veta; Ifix fecha no positivo

E mais: CNES11 paga dividendos; XPML11 apura ganho de capital de R$ 33 milhões com venda de participação em shopping; inflação mantém tendência de alta

Wellington Carvalho

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Responsável por um condomínio logístico locado para a Americanas (AMER3) na Bahia, a Aratulog ajuizou uma ação de despejo contra a varejista – que não pagou integralmente o aluguel referente a janeiro. A Justiça chegou a determinar preliminarmente a saída da locatária, mas a decisão acabou sendo revogada na sequência.

A movimentação foi confirmada em fato relevante divulgado pelo FII VBI Logístico (LVBI11), que não detalhou os motivos para a revogação. A carteira tem 70% de participação na empresa, que administra o imóvel alugado para a empresa de varejo – e que está em recuperação judicial, com dívidas de mais de R$ 47 bilhões.

No último dia 14, o fundo comunicou ao mercado que não recebeu o valor total da locação referente a janeiro, que representaria R$ 0,07 por cota da receita da carteira. O montante até então pago pela Americanas correspondia a R$ 0,03 por cota, menos da metade do débito integral.

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Ao ser citada na ação de despejo, a Americanas realizou um pagamento complementar equivalente a R$ 0,01 por cota. Desta forma, o total recebido pelo fundo passou a ser de R$ 0,04 por cota – no entanto, ainda inferior ao valor original.

“[Apesar da revogação] a Aratulog prosseguirá com as medidas cabíveis visando o prosseguimento da referida ação de despejo”, sinalizou fato relevante divulgado pelo LVBI11.

No começo do mês, a 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro já havia concedido uma liminar que vetava o despejo da Americanas em razão de dívidas de aluguel anteriores ao pedido de recuperação judicial

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Ifix hoje

Na sessão desta segunda-feira (27), o Ifix – índice dos fundos imobiliários mais negociados na Bolsa – fechou com ganhos de 0,17%, aos 2.803 pontos. Confira os demais destaques do dia.

Maiores altas desta segunda-feira (27):

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Ticker Nome Setor Variação (%)
TEPP11 Tellus Properties Lajes Corporativas 2,09
HFOF11 Hedge Top FoF II FoF 1,6
HSLG11 HSI Logística Logística 1,54
RCRB11 Rio Bravo Renda Corporativa Lajes Corporativas 1,42
RBRR11 RBR Rendimento High Grade Títulos e Val. Mob. 1,4

Maiores baixas desta segunda-feira (27):

Ticker Nome Setor Variação (%)
CARE11 Brazilian Graveyard and Death Care Cemitérios -3,44
MALL11 Malls Brasil Plural Shoppings -2,54
KFOF11 Kinea FoF FoF -2,04
PATL11 Pátria Logística Logística -1,88
HCTR11 Hectare Títulos e Val. Mob. -1,45

Fonte: B3

XPML11 apura ganho de capital de R$ 33 milhões com venda de participação em shopping

O FII XP Malls concluiu a venda de 10% do Catarina Fashion Outlet, empreendimento localizado na Rodovia Castello Branco, na região de São Roque (SP).

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Até então, o fundo contava com 49,99% de participação no empreendimento, de quase 30 mil metros quadrados e inaugurado em 2014.

De acordo com comunicado ao mercado, o XPML11 receberá pela fração o total de R$ 95,5 milhões. A carteira já recebeu R$ 23 milhões na assinatura do contrato e o saldo remanescente será dividido em outras cinco parcelas.

Os gestores calculam um ganho de capital superior a R$ 33 milhões – montante que representaria potencial distribuição de dividendos de aproximadamente R$ 1,59 por cota.

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Após a transação, o XPML11 passa a ser detentor de mais de 150 mil metros quadrados de área bruta locável (ABL) própria. O fundo tem participação em 16 shopping centers em seis estados.

Dividendos hoje

Confira os FIIs que distribuem dividendos nesta segunda-feira (27):

Ticker Rendimento Retorno mensal
CNES11 R$ 0,12 0,43%

Fonte: StatusInvest

Giro Imobiliário: projeção de inflação mantém tendência de alta; 3 segmentos do varejo considerados seguros para FIIs

Boletim Focus: projeção de inflação mantém tendência de alta em 2023, 2025 e 2026

As projeções de inflação para 2023, 2025 e 2026 foram mantidas em alta pelos analistas do mercado financeiro nesta semana, mas a de 2024 ficou estável, de acordo com dados divulgados nesta segunda-feira (27) no Relatório Focus, do Banco Central. A expectativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para este ano subiu de 5,89% para 5,90%, na 11ª semana seguida de elevação.

A projeção de inflação oficial de 2024 foi mantida em 4,02%, mas estimativa para 2025 avançou de 3,78% para 3,80% a de 2026 subiu de 3,70% para 3,75%.

Especificamente para os preços administrados, a projeção do IPCA também manteve a expectativa de alta na semana, passando de 9,01% para 9,04, na 13ª semana de elevação. Há um mês, a projeção estava em 8,39%. Para 2024, subiu de 4,39% para 4,43%. A de 2025 avançou de 3,94% para 4,0% e a de 2026 foi de 3,96% para 4,0%.

A previsão da taxa de juros básica da economia brasileira (Selic) foi mantida em 12,75% em 2023, enquanto a de 2024 permaneceu em 10,0%. A de 2025 foi mantida em 9,0%, e a de 2026 permaneceu caiu de 8,75% para 8,50%.

IGP-M recua para -0,06% em fevereiro, após alta de 0,21% em janeiro

O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) caiu 0,06% em fevereiro, após alta de 0,21% no mês anterior. Com o resultado, o índice acumula alta de 0,15% no ano e de 1,86% em 12 meses. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (27) pela FGV/Ibre.

Em fevereiro de 2022, o índice tinha mostrado variação positiva de 1,83% e acumulava alta de 16,12% em 12 meses.

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) variou 0,21% em fevereiro, ante 0,32% em janeiro. Os três grupos componentes do INCC registraram as seguintes variações na passagem de janeiro para fevereiro: Materiais e Equipamentos (-0,26% para 0,16%), Serviços (0,53% para 1,10%) e Mão de Obra (0,77% para 0,10%).

Segundo André Braz, coordenador dos índices de preços do FGV/Ibre, o recuo dos preços de grandes commodities, com destaque para soja e bovinos sustenta a queda do IPA e contribuiu para o novo recuo da taxa em 12 meses, que passou de 3,00% para 0,42%, o menor patamar desde março de 2018, quando caiu 1,22%.

Após inadimplência no aluguel, três segmentos do varejo são considerados mais seguros para FIIs; confira

O atual cenário macroeconômico tem exigido do investidor uma atenção ainda maior em relação aos portfólios dos fundos imobiliários que alugam imóveis para varejistas. Nas últimas semanas, algumas carteiras reportaram que não receberam o aluguel de inquilinos ligados ao setor.

A inadimplência observada por estes fundos levantou questionamentos sobre a situação financeira e de liquidez das demais empresas do setor – e que ocupam imóveis de outros fundos imobiliários.

Relatório assinado por Maria Fernanda Violatti, analista de FIIs da XP, destaca que, de forma geral, não há problemas estruturais em todo o segmento. A analista atribui os recentes eventos – como a recuperação judicial da Americanas (AMER3) – aos resultados das estratégias adotadas por cada companhia.

Mesmo assim, Maria Fernanda lista quais tipos de varejista devem se comportar melhor – dando menos dor de cabeça para os FIIs – na situação atual.

Preferimos exposição a empresas de segmentos mais defensivos e resilientes, como as varejistas expostas ao público de alta renda, ao varejo alimentar e ao segmento de farmácias”, pontua a especialista, referindo-se a segmentos que não costumam interromper o fluxo dos negócios mesmo em períodos adversos.

Estes segmentos do varejo, reforça Maria Fernanda, sofrem menos diante de um cenário de inflação alta e taxa básica de juros (Selic) elevada. O indicador subiu de 2% no início de 2021 para os atuais 13,75% ao ano.

A combinação de juros elevados e alta nos preços compromete o poder de compra de boa parte da população, prejudicando as vendas e a receita de varejistas voltadas ao público de baixa renda, explica a analista da XP.

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Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.