Expectativa de recuperação econômica precisa ser realista, diz Howard Marks, da Oaktree Capital

Atuação dos bancos centrais sustentou retomada até agora, mas deixa preços dos ativos suscetíveis a surpresas negativas, escreveu o gestor

Lucas Bombana

(Foto de Spencer Platt/Getty Images)

SÃO PAULO – Conforme o fim do caótico ano de 2020 se aproxima, gestores começam a traçar suas resoluções para o novo ciclo. E em um ambiente de juros que devem seguir extraordinariamente baixos, mas com uma recuperação já exuberante dos preços dos ativos financeiros nos últimos meses, não haverá “almoço grátis” na mesa do investidor.

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Esse foi o recado dado pelo renomado gestor Howard Marks, sócio fundador da Oaktree Capital, em carta publicada nesta terça-feira.

“Quando a incerteza está elevada, os preços dos ativos deveriam ser baixos, criando retornos prospectivos maiores compensatórios. Mas o Fed estabeleceu taxas de juros tão baixas que os retornos são justamente o oposto”, escreveu Marks. “Por isso, as probabilidades não estão do lado do investidor, e o mercado está vulnerável a surpresas negativas”, emendou o especialista.

A despeito do desenvolvimento de uma vacina para debelar de uma vez por todas a Covid-19, e dos trilhões gastos até aqui pelos governos para impedir um desastre ainda maior, os estímulos econômicos não devem ser capazes de anular todos os estragos causados pela pandemia, observou o gestor da Oaktree.

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Nos próximos meses, prosseguiu Marks na carta, empresas de grande porte irão automatizar e otimizar as operações, enquanto um amplo universo de pequenos negócios, como bares e restaurantes, vai desaparecer para sempre.

“Milhões de pessoas não serão recontratadas para os empregos que tinham antes. Por essa razão, as expectativas de recuperação econômica precisam ser realistas. Uma recuperação em ‘V’ tem uma conotação muito positiva.”

Enigma da esfinge

Apesar do prognóstico, o gestor da Oaktree diz que, com juros próximos de zero, e sem perspectiva de grande alteração no curto prazo, manter dinheiro em caixa não parece ser uma boa opção.

“Priorizar recursos de curto prazo é algo extremo e certamente não é uma boa pedida para este momento. O investidor terá um retorno próximo de zero enquanto espera pela correção. A maioria das instituições não pode fazer isso.”

Por outro lado, aumentar o risco do portfólio é algo que precisa ser feito com bastante cuidado, uma vez que há uma avalanche de investidores indo na mesma direção, em um mundo em que juros perto de zero tendem a gerar retornos menores de um modo geral para todas as classes de ativo, defende o gestor.

Em um cenário tão delicado como esse, a sugestão do especialista é para o investidor partir para classes alternativas no setor privado, nas quais pode haver “mais potencial para barganhas”.

Com uma dose de sinceridade, e pragmatismo, Marks diz ainda que não sabe se o futuro próximo reserva um cenário de inflação, estagflação, estagnação, desinflação ou deflação, e, portanto, prefere não apostar em nenhum deles.

“Nossas decisões não são guiadas por previsões macroeconômicas. Não que não fosse bom saber o que o futuro reserva, mas a maioria dos investidores simplesmente não é capaz de fazer julgamentos melhores sobre o cenário. Então, por que apostar?”

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