Ex-Santander lançam gestora com aposta em corte maior da Selic

Lançado na segunda-feira, fundo da Ace Capital tem estrutura para gerir até R$ 6 bilhões em ativos e busca rentabilidade próxima a 200% do CDI

Bloomberg

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(Bloomberg) – Uma equipe que trabalhou junta por anos na tesouraria do Santander Brasil sob o comando de Roberto Campos Neto acaba de lançar um novo fundo multimercado – e já começa desafiando o consenso sobre o tamanho do corte de juros que o Banco Central fará a seguir.

A Ace Capital Gestão de Recursos lançou seu primeiro fundo na segunda-feira e terá uma equipe de cerca de 13 pessoas para montar posições em ativos brasileiros. Entre as primeiras apostas, a gestora de recursos tem uma posição mais otimista que o mercado sobre até que ponto a taxa Selic vai cair, além de esperar alta da bolsa e apreciação gradual do dólar ante o real.

“Temos pelo menos mais seis meses pela frente de ‘bull market’ em renda fixa”, disse Fabricio Taschetto, sócio e diretor de investimentos da Ace, em entrevista no escritório da empresa em São Paulo.

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O Banco Central reduziu a Selic para a mínima histórica, em uma tentativa de impulsionar a economia brasileira, sinalizando mais cortes à frente, já que a inflação permanece sob controle. Os mercados futuros mostram expectativas de que a taxa básica caia dos atuais 5,5% para cerca de 5% e a pesquisa Focus do BC mostra economistas esperando 4,75% até o final do ano.

A visão de Taschetto é mais ousada. Ele diz que uma redução de 100 pontos-base “está dada” e afirma que o BC poderá ir além e reduzir a Selic em até 150 pontos-base até o fim do ciclo, desde que as condições atuais permaneçam: inflação e crescimento econômico baixos, sem choques cambiais ou grande liberação dos compulsórios bancários. Ele também planeja apostar no dólar ante o real, pois espera que a moeda americana se valorize gradualmente para entre R$ 4,30 e R$ 4,50 ante os cerca de R$ 4,18 atuais.

O corte de juros deve “forçar o setor privado do Brasil a preencher a lacuna deixada pelo setor público, ajudando no crescimento”, disse Ricardo Denadai, economista-chefe da Ace, que foi economista na mesa proprietária do Santander. O governo e as empresas estatais brasileiras vêm reduzindo investimentos à medida que o país procura reforçar as contas públicas, mas os investidores do setor privado têm demorado a reagir.

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“O pior erro que o Banco Central poderia cometer agora é ser muito conservador”, disse Denadai.

Presidente do Banco Central

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, passou boa parte dos últimos 18 anos na tesouraria do Santander no Brasil e no resto das Américas. Taschetto e Denadai trabalharam com ele, assim como a maioria dos principais sócios de Ace, que incluem Pedro Nunes, Luiz Missagia e Daniel Tatsumi, que vão gerir os livros de renda fixa, ações e moedas, respectivamente. Maiko Carvalho terá um livro de valor relativo. Jose Mazzoni, que trabalhou no Banco Bocom BBM do Brasil, será o diretor de operações da empresa.

A Ace Capital faz parte de uma nova geração de fundos multimercados brasileiros lançados por ex-funcionários de grandes bancos que saíram para abrir suas próprias gestoras, buscando se beneficiar da busca de investidores de varejo por melhores retornos. Os fundos multimercado estão no quarto ano consecutivo de captação líquida, impulsionada por novas firmas, como a Legacy Capital, também fundada por outro grupo de ex-executivos de tesouraria do Santander, Felipe Guerra , Gustavo Pessoa e Pedro Jobim.

A Ace possui a estrutura para gerir até R$ 6 bilhões em ativos, disse Taschetto, estimando que o fundo pode ter cerca de R$ 500 milhões nos primeiros três meses. Ele administrará um livro de “cross-assets”, que será o maior do fundo, com 30% do risco total, seguido pelo livro de ações, com 24%, com o restante distribuído pelos demais livros. O objetivo ao longo do tempo é ter uma fatia maior do fundo investida em ações. O plano é perseguir uma rentabilidade próxima a 200% do CDI.

A equipe da Ace está acompanhando de perto a enxurrada de ofertas de ações de empresas brasileiras, vista como “um bom ponto de entrada” para alguns nomes, de acordo com Missagia. Para Taschetto, há um grupo de empresas estatais e do setor de construção “que podem dobrar seu valor de mercado nos próximos três anos”.

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