ETF x fundos x ações: qual a melhor forma de aumentar a fatia de risco do portfólio?

Confira as diferentes alternativas para gestão ativa e passiva na Bolsa, em contexto de derrocada dos preços das ações

Mariana Zonta d'Ávila

SÃO PAULO – Com uma queda da ordem de 36% do Ibovespa no ano, ações que antes passavam mais longe do radar de alguns investidores por já estarem muito caras, voltaram a ficar atrativas. Ao mesmo tempo, fundos de ações renomados fechados há anos foram reabertos para captações, permitindo a entrada de novos cotistas, ou aportes adicionais de atuais investidores.

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Mas, neste contexto de incertezas, no qual tem surgido algumas oportunidades diante dos níveis de preços, qual a melhor forma de o investidor pessoa física montar ou aumentar sua posição em Bolsa? Vale mais a pena delegar as decisões para um gestor, comprar ações diretamente na B3 ou aproveitar a queda dos preços e investir por meio de um ETF, de olho numa gestão passiva? O InfoMoney conversou com gestores de patrimônio e planejadores financeiros para entender as recomendações neste momento.

O consenso é que, para ganhos de longo prazo, que devem ser a prioridade do investidor, fundos de ações de gestão ativa tendem a oferecer maior potencial de retorno, justamente por contarem com uma equipe profissional especializada e dedicada a encontrar as melhores opções no mercado.

Os fundos de índice (ETFs), por sua vez, podem ser uma opção interessante para a diversificação do portfólio, mas, no cenário atual, são uma alternativa mais recomendada para quem está de olho em aproveitar a expansão do índice de referência em uma retomada da crise, em meio ao potencial de retorno no curto prazo.

Renan Rego, sócio e gestor da gestora de patrimônio G5 Partners, conta que tem sugerido aos clientes aumentar marginalmente, e de forma gradual, tanto as posições táticas quanto as estruturais em Bolsa, dado o preço atrativo.

Ele argumenta que as pessoas físicas podem até ganhar muito dinheiro com a compra individual de ações, mas avalia que elas se expõem a um risco muito grande e, por isso, seria melhor deixar que a seleção fosse feita por profissionais.

Dito isso, a preferência é por fundos de ações, que, segundo ele, tendem a ter melhor desempenho no longo prazo. “Na crise de 2008, diversos fundos não só caíram menos que o Ibovespa, como, no ano seguinte, vários conseguiram outperformar [ter um desempenho superior] com consistência a Bolsa, com altas entre 90% e 197%”, diz. Em 2009, o benchmark registrou ganhos acima de 80%.

Para o planejador financeiro com certificação CFP Bruno Mori, a escolha de como ampliar a fatia de risco vai depender de cada investidor.

Se a pessoa busca rentabilidade, mas não tem vontade de aprender sobre as empresas, diz, o melhor é terceirizar a diversificação por meio de um fundo. “Os gestores estudam e acompanham o desempenho dos ativos, então a chance de você ter sucesso é maior do que se for comprar ações individualmente.”

Por outro lado, destaca que, se o investidor tem vontade de conhecer mais sobre o mercado financeiro, pode começar comprando ativos em segmentos com os quais têm mais familiaridade, em vez de investir em um ETF que replique o Ibovespa, concentrando, portanto, a alocação principalmente em bancos e blue chips como Petrobras e Vale, com maior peso sobre o índice.

“Olhando o BOVA11, por exemplo, se o mercado piorar como um todo, ele vai cair. Mas pode ser que, dentro do setor de exportadoras e agrícolas, as empresas tenham se beneficiado com a alta do dólar e subam – então se o investidor tivesse investido nelas em vez de no ETF, teria tido uma vantagem em relação ao índice cheio”, diz.

Entre ETFs e a compra direta de ações, Paulo Corchaki, CEO da gestora de patrimônio Trafalgar, também prefere a segunda opção. Segundo ele, o investidor que gosta de acompanhar os ativos pode optar por nomes para carregar por mais tempo que estejam em linha com seus objetivos e conhecimentos.

A avaliação é de que a posição em ETFs possui um víes mais especulativo e, portanto, não recomendada no momento atual, de grandes incertezas. “A Bolsa caiu muito e a pessoa acha que vai voltar, então compra [ETF]. Mas só está querendo aproveitar o preço de curto prazo.”

A opinião é compartilhada por Rego, da G5, que destaca o uso do produto como forma de montar uma posição tática, dado o baixo custo e a oferta de uma cesta variada de ativos. A estratégia, contudo, visa apenas um horizonte mais próximo, que não faz parte da estratégia da gestora.

Bolsa: quando faz sentido?

Apesar de algumas pechinchas estarem disponíveis no mercado, a compra de ações pode não ser a melhor opção para todos os investidores. “Se o nível de incerteza hoje é maior do que foi em 2008, por que comprar Bolsa hoje?”, questiona o planejador financeiro José Raymundo de Faria Júnior.

Diante de um cenário ainda muito turvo, Faria Júnior argumenta que antes de pensar nos preços chamativos da Bolsa, o investidor deve ter em mente seu planejamento financeiro, seu perfil de risco, ter um caixa fortalecido e entender qual seria a função desses ativos no portfólio.

“Tudo pode acontecer no mercado, mas não espero uma recuperação muito rápida da Bolsa – e isso pode fazer com que seu planejamento financeiro seja mais difícil de ser atingido”, diz.

Se mesmo assim a pessoa quiser aumentar a posição em Bolsa, que faça devagar, sem pressa, diz. Ao selecionar ações, o melhor é evitar aquelas mais relacionadas a consumo discricionário, e optar por bons gestores de fundos de ações.

Neste caso, Faria Júnior afirma que as novas aberturas de fundos renomados podem ser interessantes. O investidor, contudo, deve ter em mente que, embora o gestor consiga até capturar algumas ações que possam se beneficiar deste cenário de crise, não significa que a cota não possa cair no curto prazo. “Tem que ter ciência de que vai ver a cota cair, mas que, no longo prazo, vai valer a pena.”

Ao contrário do planejador financeiro, Corchaki, da Trafalgar, vê o momento oportuno para o incremento das posições em Bolsa. Ele destaca, contudo, que antes de investir, a pessoa tem que ter uma disponibilidade de liquidez, um horizonte mínimo de 12 meses e aplicar em etapas. “O mercado está muito volátil por conta do grau de incerteza. É preciso ter paciência, comprar aos poucos e ver como os ativos se comportam”, diz.

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