Destino de ETF de Bitcoin pode ser selado nesta semana com “Dia D” para decisão; saiba o que esperar

Para banco suíço Julius Baer, rejeição de aguardado produto nos EUA é "altamente improvável"

Paulo Barros

(Getty Images)

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Após eventos recentes, cresce a expectativa de que os Estados Unidos devem ganhar em breve seu primeiro ETF (fundo de índice) com exposição direta ao Bitcoin (BTC) – e quem acompanha o assunto de perto aposta suas fichas que o “Dia D” está próximo: já nesta sexta-feira (20).

Essa é a data prevista para que um tribunal em Washington emita uma sentença final que tornaria efetiva uma decisão dada em agosto favorável à gestora Grayscale, que processou a Securities and Exchange Comission (SEC) para obrigar o órgão regulador de valores mobiliários a aprovar a conversão do maior fundo de Bitcoin do mundo, o Grayscale Bitcoin Trust (GBTC), em um ETF.

Para defensores do BTC, a novidade pavimentará o caminho para o criptoativo entrar nas carteiras de investidores institucionais, o que alavancaria o preço nos próximos anos.

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“Estamos aguardando algum tipo de anúncio ou apenas informações adicionais da SEC, da Grayscale ou possivelmente dos tribunais sobre o que acontecerá a seguir”, explica James Seyffart, analista da Bloomberg Intelligence, que pondera: “os próximos passos não podem ser realmente conhecidos porque esta é uma situação inédita”.

Entre agentes de mercado, paira a esperança de que a sentença traga mais clareza ao processo de aprovação de ETFs de Bitcoin nos EUA, tirando a aura de mistério a respeito dos critérios adotados pela SEC para rejeitar, até aqui, qualquer tentativa de lançar um fundo negociado em Bolsa que compre Bitcoin no mercado à vista. Atualmente, o país conta apenas com ETFs que rastreiam contratos futuros do ativo.

O investidor de venture capital Michael Novogratz disse nesta quarta-feira (18) que espera que a SEC aprove um ETF de Bitcoin ainda este ano. Já o banco suíço Julius Baer considera praticamente como dada a aprovação.

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“A rejeição dos ETFs à vista de Bitcoin é agora altamente improvável, em nossa opinião”, afirma o analista de ativos digitais do Julius Baer, Manuel Villegas, em relatório.

Além da evolução do caso Grayscale, pesa a favor da tese o movimento de gestoras como ARK, 21Shares e, nesta terça-feira (17), da Fidelity, que incorporaram as sugestões mais recentes da SEC em seus pedidos de aprovação de fundo de índice de Bitcoin.

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Por outro lado, ainda permanece a dúvida sobre como o preço do Bitcoin reagirá caso o produto finalmente ganhe aval regulatório.

Os mais otimistas apontam como “spoiler” o comportamento visto na segunda-feira (16), quando a moeda digital chegou a disparar 10% após uma notícia falsa sobre a aprovação do ETF circular nas redes sociais. O salto, no entanto, durou apenas 30 minutos, e o preço voltou a cair.

“Este evento revelou alguns insights importantes: o ETF claramente não está precificado; e a quantidade de fluxo de capital necessária para movimentar significativamente o Bitcoin neste mercado é relativamente baixa”, escreveu Sean Farrell, head de estratégia de ativos digitais da Fundstrat, em relatório.

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Mas há diversas incertezas no ar. Uma delas é a provável demora para uma resposta sobre o ETF da gigante BlackRock, o mais esperado dentre os mais de 10 pedidos apresentados à SEC.

Além disso, o cenário macroeconômico está longe de ser o mesmo da última forte alta da moeda digital, entre 2020 e 2021. Nesta semana, o acirramento do conflito no Oriente Médio e os números de inflação norte-americanos acima do esperado somam-se aos altos patamares de juros nas principais economias e à aceleração nos rendimentos dos títulos públicos dos EUA para criar pressões sobre ativos de risco.

Para a Julius Baer, o ambiente ainda assim está menos desfavorável para as criptos. O banco suíço aposta que o regulador americano deverá “bater o martelo” sobre o produto da BlackRock em janeiro de 2024, e “é mais provável que os desafios macroeconômicos desapareçam do que se intensifiquem no futuro próximo, colocando os preços numa base mais sólida”.

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A saga em torno da aprovação do ETF da criptomoeda, destaca Villegas, tem origem no “fato fundamental de que o Bitcoin desempenha um papel dentro de um contexto de carteira e de que os retornos ajustados ao risco que o ativo tem apresentado consolidam a sua posição como reserva de valor”.

Na tarde desta quarta-feira (18), a criptomoeda é negociada a pouco mais de US$ 28.300, em queda de quase 1% nas últimas 24 horas. No ano, porém, os ganhos acumulados já atingem 70%.

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(Com Bloomberg)

Paulo Barros

Editor de Investimentos