Entenda o que é uma ‘put’ e o que aconteceu no caso da OGX

Uma 'put' é uma opção de venda, que confere ao titular o direito de vender as ações por um preço estabelecido no contrato da opção e durante um período de tempo pré-determinado

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SÃO PAULO – Na última sexta-feira (06), a OGX (OGXP3) resolveu exercer uma ‘put’ de US$ 1 bilhão, anunciada pelo empresário Eike Batista em outubro de 2012, com validade até o dia 30 de abril de 2014. A notícia fez as ações da companhia dispararem, registrando assim a melhor semana da história dos papéis, com uma alta de 73,33% em cinco pregões.

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Mas o que significa exercer uma ‘put’? Por que que esse anúncio mexeu tanto com o preço das ações? Como o investidor deve agir diante de uma circunstância dessas? Quais serão os próximos passos dessa história tão complicada? Essas e muitas outras perguntas com certeza estão incomodando muitos pequenos investidores que possuem ações da companhia de petróleo e gás do Grupo EBX e, por isso, o InfoMoney falou com especialistas para respondê-las.

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Uma ‘put’ é uma opção de venda, que confere ao titular o direito de vender as ações por um preço estabelecido no contrato da opção e durante um período de tempo pré-determinado.

Caso OGX
No caso da OGX, por exemplo, o empresário concedeu uma opção de venda no valor de US$ 1 bilhão para a empresa, a R$ 6,30 por ação. Ou seja, isso obriga o empresário a comprar os ativos a esse preço no momento que a companhia desejar, até o dia 30 de abril de 2014, dia do vencimento estabelecido no contrato em outubro de 2012 – o que ocorreu na última sexta-feira (6), quando as ações fecharam a R$ 0,41. Ou seja, o empresário, teoricamente, teria que desembolsar um valor mais de 15 vezes maior para a compra das ações da companhia.

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Como explica Pedro Galdi, analista-chefe da SLW, essa ‘put’ foi feita para capitalizar a empresa e aumentar a confiança dos investidores. No entanto, o Eike, que provavelmente não esperava que ações fossem estar valendo tão pouco menos de um ano após o anúncio da ‘put’ (na época valia R$ 4,63, no dia do anúncio), não quer cumprir com suas obrigações e resolveu instaurar um procedimento arbitral no âmbito da Câmara de Arbitragem do Mercado. Segundo o investidor, megaempresário e acionista minoritário da OGX, Rafael Ferri, isso foi feito para ganhar tempo e acabar o prazo máximo da operação.

“O empresário se comprometeu a capitalizar a empresa, por meio da ‘put’, no momento em que o caixa dela chegasse a um determinado nível. Esse nível chegou, exerceram a ‘put’ e ele pulou fora”, afirmou Galdi. “Agora que foi para a Câmara de Arbitragem, vai demorar 60 dias para o conselho da empresa poder tomar outra atitude. Ou seja, isso será arrastado e quem será prejudicado, novamente, são os acionistas”, completou o especialista.

Em relação à alta expressiva da semana passada, Galdi afirmou que ela é completamente normal, visto que o mercado recebeu a notícia de que iria entrar US$ 1 bilhão no caixa da empresa. “Mas, como já era de se esperar, ele já negou tudo e as ações já estão devolvendo tudo”, afirmou.

O analista não vê muitas alternativas para os acionistas nesse momento. “A empresa entrou no ramo da especulação, então não tem o que comentar sobre ela. Os acionistas que entraram nessa tem que esperar, não tem jeito”, disse.

Ainda segundo ele, o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores, poderia estar subindo bem mais que 1% nesta segunda-feira (9), por conta dos dados melhores que o esperado na China, mas a queda de quase 15% da OGX está segurando o índice.