El Niño traz novo desafio para investimento em Fiagros; veja o que levar em conta na escolha

Especialistas estão mais receosos, especialmente com ativos mais high yield (maior risco e retorno); entenda

Bruna Furlani

Publicidade

Os fundos de investimentos das cadeias produtivas agroindustriais (Fiagros), que caíram no gosto do investidor pessoa física de olho nos dividendos generosos, encerraram o último ano expostos a um novo desafio: a intensificação de mudanças climáticas provocadas pelo El Niño e possíveis efeitos negativos na safra.

O agronegócio sofreu, nos últimos dois anos, com a corrosão das margens dos produtores após a guerra entre Rússia e Ucrânia e com os estoques mais caros nas revendas de insumos, explica Odilon Costa, head de renda fixa da SWM.

Para este ano, a expectativa é de melhora, mas mantendo os riscos no radar. “A margem tende a melhorar porque o preço do insumo caiu, mas tem uma incerteza em relação à performance da safra. Podemos ter uma quebra, principalmente no Centro-Oeste”, observa o profissional.

Aula Gratuita

Os Princípios da Riqueza

Thiago Godoy, o Papai Financeiro, desvenda os segredos dos maiores investidores do mundo nesta aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Fiagros que exigem cautela

O cenário ainda não provocou alterações nas carteiras de clientes de gestoras de patrimônio, mas vem deixando especialistas responsáveis pela alocação ainda mais seletivos na hora de escolher os fundos que farão parte dos portfólios.

A SWM adota cautela com Fiagros pouco diversificados e com produtos mais high yield (maior risco e retorno), assim como a Suno Asset. “Esse credor tem estrutura de capital menos robusta. Se tiver um soluço, vai ter que sentar à mesa para negociar”, avalia o CIO, Vitor Duarte.

A SWM está com visão de neutra para negativa no caso de Fiagros mais ligados a crédito. “Para fazer novas alocações tem que passar um pente-fino”. Um ponto de atenção é com o segmento de revendas de insumos, já que as empresas ficaram com margens mais apertadas com a venda de estoques mais antigos, e viram a alavancagem crescer em busca de maior competitividade, piorando a estrutura de capital.

Continua depois da publicidade

Outro motivo de cautela envolve produtos que podem se aproveitar mais ou menos do recuo da Selic. Para a Guide Investimentos, fundos que possuem ativos indexados ao CDI com duration (prazo médio ponderado de recebimentos dos fluxos de um título) menor tendem a se beneficiar menos da queda da Selic do que fundos atrelados à inflação.

Escolhas mais seguras de Fiagros

Para driblar o cenário de incerteza, a Guide Investimentos recomenda Fiagros com diversificação em termos de regiões e de culturas, como o Kinea Agro (KNCA11).

Em termos de setores, a SWM opta por produtos mais ligados a usinas voltadas para açúcar. A avaliação é de que a commodity pode manter cotação em patamar confortável ao longo de 2024, diante da perspectiva de quebra de safra na Índia, segunda maior exportadora global, e de elementos que favorecem a produção no Brasil, primeiro colocado.

Continua depois da publicidade

Já fundos que trabalham com o final da cadeia de milho e soja, com ativos que envolvem esmagadoras que processam os grãos e fornecem farelo e óleo de soja também podem se destacar. A razão é que apresentam margens mais estáveis e podem se beneficiar de um crescimento maior do mercado de biodiesel. “O governo tem antecipado o aumento da mistura que vai no biodiesel e isso traz uma demanda adicional para a soja”, explica Costa.

Para a Guide, fundos expostos a ativos com rentabilidade atrelada à inflação também tendem a ser melhores escolhas, tanto pelo desempenho superior aos que estão ligados ao CDI, quanto como forma de proteção no caso de uma elevação temporária da inflação como consequência do El Niño.