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É hora de investir em “CDB americano”? Juro alto é atrativo, mas “bonde” pode ter passado

ETFs que oferecem exposição a empréstimos bancários registram recordes de captação, mas movimento daqui para a frente tende a ser diferente, dizem analistas

Bloomberg

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Os investidores que correm para alocar em produtos que se beneficiam da política monetária americana de manter as taxas de juros elevadas por mais tempo estão sendo alertados: o melhor momento para aproveitar a alta rentabilidade dos títulos governamentais — que balizam a remuneração de demais investimentos em renda fixa — já pode ter ficado para trás.

ETFs (fundos de índice) que oferecem exposição a empréstimos bancários (espécie de “CDB americano”) atraíram mais de US$ 1 bilhão em setembro – a maior captação mensal desde junho de 2021 – liderados pelo ETF Invesco Senior Loan (BKLN), com US$ 5 bilhões, que arrecadou US$ 920 milhões, mostram dados da Bloomberg Intelligence. Além disso, o maior ETF que rastreia recebíveis bancários quase duplicou de tamanho este ano.

A determinação do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) de manter os juros em níveis elevados reavivou o apetite por bonds (títulos) que oferecem taxas de juros flutuantes (pós-fixados), e elevou o rendimento do Tesouro de 10 anos ao nível mais alto desde 2007 na segunda-feira (25).

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Ao contrário dos pagamentos fixos da maioria dos títulos convencionais, os pagamentos com taxas flutuantes aumentam à medida que as taxas de referência sobem, ajudando a preservar o seu valor.

Por outro lado, embora os rendimentos mais elevados sejam atraentes para os investidores que buscam sempre o maior retorno, o cenário pode ser uma “faca de dois gumes”: taxas mais elevadas podem ser difíceis demais para serem suportadas por emissores alavancados, especialmente se os lucros das empresas forem prejudicados por uma desaceleração econômica, disse Collin Martin, estrategista de renda fixa do Schwab Center for Financial Research.

“O sentimento de juros altos por mais tempo provavelmente está impulsionando os fluxos de empréstimos bancários”, disse ele. “Com a expectativa de que as taxas de curto prazo permaneçam em 5,25% ou mais durante o próximo ano, isso se traduz em taxas de cupom de empréstimos bancários de 9% ou mais.”

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Winnie Cisar, head global de estratégia da CreditSights, também disse que os investidores que estão apenas voltando suas atenções para dívidas com taxas flutuantes podem estar entrando no jogo tarde demais.

“Taxas flutuantes foram claramente o melhor lugar para colocar dinheiro durante a maior parte de 2023, e também durante todo 2022, mas achamos que isso começará a mudar à medida que vemos algumas necessidades de refinanciamento, e esse ambiente de juros elevado gera entrave para os emissores de dívida com taxas flutuantes”, disse Cisar em entrevista à Bloomberg Television.

“Quando olhamos para o mercado de empréstimos alavancados, fundamentalmente, ele é de qualidade um pouco inferior ao do mercado de títulos de alto rendimento e acreditamos que, daqui para frente, a preferência deveria ser por títulos prefixados em vez de flutuantes.”

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