“É hora de aproveitar as oportunidades no Brasil”, diz BNP Paribas

Hoje, no mundo, a BNP tem cerca de 700 bilhões de dólares de patrimônio sob gestão, sendo que, somente no Brasil, esse montante é de R$ 30 bilhões

Arthur Ordones

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SÃO PAULO – Já dizia Warren Buffett: “O momento de interessar-se é quando ninguém mais se interessa. Não se ganha dinheiro comprando o que é popular.”

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A BNP Paribas Asset Management iniciou suas atividades no Brasil em 1998 e, de lá para cá, sempre presenciou períodos de euforia e de descrédito com relação à economia do País, como a eclosão da crise asiática no final dos anos 90, a crise nos países latino-americanos no começo dos anos 2000, o nervosismo nos mercados decorrente do processo eleitoral brasileiro em 2002 e a euforia trazida pelo grau de investimento alcançado pelo Brasil na segunda metade da última década. Assim como para Buffett, para eles esses momentos críticos são exatamente onde estão as oportunidades.

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A gestora afirmou em sua carta mensal aos cotistas que acredita que o Brasil mudou de patamar para melhor e essa trajetória no longo prazo não será interrompida. “Por isso, estamos mais do que nunca comprometidos com o Brasil e atentos às oportunidades que surgem no mercado de gestão de recursos. Para nós, o momento é de aproveitar oportunidades”, afirmou.

Hoje, no mundo, a BNP tem cerca de 700 bilhões de dólares de patrimônio sob gestão, sendo que, somente no Brasil, esse montante é de R$ 30 bilhões.

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Cenário macro segue difícil, mas resultados corporativos surpreendem
No mês de outubro, o Brasil manteve o seu ritmo, de acordo com o relatório. “Os principais indicadores de atividade continuaram apresentando sinais de deterioração na margem (produção industrial e índice de atividade econômica foram piores do que as expectativas), inflação segue alta e resiliente e houve piora da confiança da indústria”, disse.

Adicionalmente, no final do mês, os mercados foram surpreendidos por um “péssimo número fiscal do governo”, segundo a BNP. O déficit orçamentário esperado era de R$ 500MM e o reportado foi de R$ 10.5 bi. “Isso foi suficiente para fazer o câmbio retomar sua trajetória de depreciação e elevar as taxas de juros futuras”, explicou.

No entanto, no mercado de renda variável, o grande destaque foi (e está sendo) a temporada de resultados. Os números reportados pelas companhias, na média, tem sido em linha ou melhor que as expectativas.

Siderurgia
O setor siderúrgico se beneficiou do câmbio mais desvalorizado e bons volumes no mercado interno, além do impacto parcial de aumento de preços. “Entendemos que não está sendo negociado a múltiplos atrativos dado que o mercado já trabalha com projeções de desvalorização cambial e novos aumentos de preços”, disse.

Adicionalmente, os investidores não parecem levar em consideração o novo cenário de desaceleração mundial nem doméstica. “Ainda mantemos uma posição abaixo do benchmark dado visão de valuation bem ajustado e atividade doméstica mais fraca para frente”, completou.

Bancos
O Bradesco (BBDC4) e o Itaú Unibanco (ITUB4) apresentaram redução de provisões com bom controle de custos, apesar do pouco (e já esperado) crescimento da carteira de crédito. “Nossa opinião é de que o Itaú apresentou qualidade melhor de resultado vis a vis Bradesco, corroborando nossa tese de investimento. Aproveitamos para reduzir nossa posição acima do benchmark, dado boa performance do Itaú”, afirmou a gestora.

Mineração
A Vale (VALE5) reportou bom resultado (bastante antecipado pelo mercado) com bons números de volume e preço de minério de ferro. O papel apresentou bom desempenho no mês contra os índices da bolsa. O case de Vale ainda apresenta um risco no curto prazo – discussão do pagamento de impostos relacionado a subsidiárias no exterior – o que pode penalizar o papel. “Aproveitamos o bom momento para reduzir nossa posição”, disse em relatório.

Energia
A Petrobras (PETR4) reportou um resultado catastrófico no terceiro trimestre de 2013, sendo aumento de alavancagem o principal ponto negativo. Entretanto, junto com o resultado, a companhia anunciou um estudo acerca de uma metodologia para corrigir defasagem dos preços de gasolina e diesel, o que aumentaria previsibilidade de resultados e elevaria a geração de caixa. Esta nova metodologia já estava sendo comentada pelo mercado há semanas, quando alguns relatórios de bancos levantaram essa hipótese, dado que é um mecanismo utilizado por empresas colombianas, argentinas, dentre outras.

A postura da BNP foi reduzir a posição abaixo do benchmark. “Apesar de ainda não estarmos convictos que essa metodologia será algo 100% independente, temos a percepção que a maioria dos investidores (principalmente os estrangeiros) ainda não possui alocação em Petrobras. Caso esse mecanismo de ajuste de preço seja puramente matemático, o ativo pode se valorizar de forma relevante”, alertou.

Consumo Discricionário
As varejistas reportaram resultados, em média, piores. Margens sob pressão, receita crescendo em linha com inflação, corroboram a tese de que a atividade está desacelerando. Por outro lado, a escolha da gestora em investir no setor de shoppings e ativos de consumo com menor ticket se mostrou acertada. “Ambos tiveram desempenho melhor do que os varejistas. De forma geral, nossa visão para esse setor não mudou. Mantemos posição abaixo do benchmark”, disse.

Consumo Básico
As principais empresas que compõem setor apresentaram resultados com perfis bem diferentes. Enquanto Natura (NATU3) e BRF (BRFS3) reportaram números ruins, Ambev (ABEV3) e Pão de Açúcar (PCAR4) apresentaram resultados, respectivamente, neutro e positivo. Natura continua sofrendo com concorrência e segue elevando despesas (principalmente marketing) enquanto BR Foods sofreu com mercado externo mais estocado e piora de preços. Ambev apresentou bom corte de custos, mas volumes pouco mais fracos, enquanto Pão de Açúcar apresentou números neutros no segmento de alimentos e fortes na Via Varejo.

A opinião da gestora, colocada em relatório, é que a Ambev ainda representa uma boa alternativa de investimento conforme comentado em cartas anteriores enquanto Natura e Pão de Açúcar parecem ter valuations pouco atrativos, dadas as perspectivas dos respectivos negócios para frente. “O caso de BR Foods é mais interessante. Após o resultado mais fraco, o ativo se desvalorizou e nos chama atenção. Optamos por reduzir nossa posição abaixo do benchmark em BR Foods”, contou.

O que a BNP espera para frente?
Ainda segundo a gestora, a temporada de resultados (tanto aqui quanto nos EUA) ajuda um ambiente macro ainda saudável a manter bom momento para ativos de risco no mundo. Contudo, começa a ficar claro sinais de desaceleração em algumas economias e esse pequeno estresse (comentado anteriormente) no mercado de juros na China, que deve ser monitorado. Adicionalmente, o desenrolar do encontro do Governo Chinês para definir as reformas para crescimento sustentável será acompanhado de lupa pela BNP.

No Brasil, o número fiscal de outubro trouxe um desconforto aos mercados. Este fato, associado à perspectiva de redução de atividade, fazem os gestores manter a postura cautelosa já adotada. “Desta forma, seguimos focados no stock picking em busca de estórias resilientes e que apresentem uma previsibilidade acima da média do mercado”, afirmou.