Dividendos: preço da ação cai após pagamento. Vale a pena comprar?

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Mariana Segala

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Os dividendos elevados distribuídos por várias empresas listadas na B3 nos últimos meses, com destaque para as do segmento de commodities, está chamando atenção dos investidores – que têm procurado compreender melhor como funciona a dinâmica de pagamento de proventos pelas companhias.

Nas redes sociais do InfoMoney, esse foi um assunto comentado durante a semana, dado que está em andamento uma distribuição de dividendos recordes pela Petrobras. A empresa vai pagar a seus acionistas R$ 6,73 por ação, relativos aos resultados obtidos no segundo trimestre de 2022. E quinta-feira (11) foi a data de corte – ou “data com” – para assegurar o recebimento desse valor.

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Significa que quem tinha as ações preferenciais ou ordinárias da estatal na carteira nessa data fará jus ao pagamento. A partir da última sexta-feira (12), a ação passou a ser negociada “ex dividendos” – ou seja, sem direito a receber esses proventos.

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Um aspecto que alguns investidores começaram a notar é o fato de que as cotações das ações diminuem nos momentos em que as empresas fazem os pagamentos – o que já aconteceu com os papéis da Petrobras. Por quê?

O leitor Fernando Freitas foi além, e questionou o InfoMoney sobre uma estratégia de investimentos adotada por muita gente nesses períodos.

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Confira a resposta enviada aos leitores na edição de sexta-feira (12) da newsletter diária do InfoMoney – a InfoMoney Responde:

 Qual a vantagem de investir para receber os dividendos, se a ação depois cai na mesma proporção do pagamento?
Fernando Freitas

Comecemos do princípio. Os dividendos são a parcela do lucro líquido que uma empresa distribui aos seus acionistas. O pagamento é realizado com os recursos mantidos pela companhia no seu caixa.

O caixa, por sua vez, é um dos itens que compõem o patrimônio de uma empresa – assim como suas instalações físicas ou seus estoques, por exemplo. E o valor do patrimônio é um elemento considerado na conta dos investidores para decidir por quanto irão negociar as ações da companhia no mercado.

Quando distribui dividendos, a empresa precisa tirar dinheiro do caixa para pagar os valores prometidos aos acionistas. Portanto, é como se uma parte do seu patrimônio “sumisse”, porque foi entregue aos investidores.

Para refletir esse fluxo, os preços das ações são ajustados, excluindo o valor dos dividendos. Você talvez já tenha percebido isso acompanhando as cotações na sua plataforma de investimentos ou em sites especializados, como o InfoMoney.

O ajuste é feito antes mesmo do depósito em si dos dividendos. Ele acontece na “data ex”, dia a partir do qual as ações passam a ser negociadas no mercado sem direito a receber os proventos anunciados.

No caso da Petrobras, as ações se tornaram “ex dividendos” nesta sexta-feira (12). Quem acompanhou o pregão durante a quinta (11) viu que os papéis preferenciais fecharam cotados a R$ 36,25. Na sexta, porém, a cotação de fechamento indicada nas plataformas de investimentos para quinta era de R$ 29,58 (confira na página da Petrobras no InfoMoney).

A diferença é de R$ 6,67, praticamente o mesmo valor que será distribuído por ação em proventos.

A redução da cotação não significa que a ação desvalorizou. “O ajuste por dividendos é aplicado sobre toda a série histórica de preços do papel”, explica Wagner Salaverry, sócio-diretor de renda variável da gestora Quantitas.

Por isso, em termos financeiros, diz Salaverry, o investidor continua tendo exatamente o mesmo valor. “Se tenho uma ação que custa R$ 10 e ela distribui dividendos de R$ 2, continuo tendo R$ 10, mesmo que sua cotação reduza para R$ 8”, diz. “A diferença é que passarei a ter uma ação de R$ 8 e mais R$ 2 na mão, para fazer o que quiser – até mesmo comprar mais ações”.

Por isso, em sua visão, a estratégia de adquirir ações perto da “data com” com vistas a receber os dividendos anunciados não vale a pena do ponto de vista financeiro, já que não há uma “criação de valor” no momento da distribuição.

Felipe Paletta, sócio-fundador e analista da Monett, reconhece que não há benefícios financeiros, mas pode haver uma vantagem tributária. Isso porque dividendos são isentos de Imposto de Renda, mas o ganho de capital obtido na venda de ações não é.

“Imagine que o investidor comprou uma ação por R$ 100 e ela foi ajustada para R$ 99,50, porque distribuiu R$ 0,50 em dividendos. Se o investidor vendê-la no mercado por R$ 99,50, perante a Receita Federal terá tido um prejuízo”, mesmo que não tenha havido perda financeira de fato, diz Paletta.

Nesse caso específico, diz o analista, no final das contas, o investidor não terá tido de pagar IR sobre os R$ 0,50 distribuídos como dividendos e, além disso, poderia abater os prejuízos (fiscais) acumulados do imposto devido em outras operações na Bolsa – essa compensação está prevista nas regras da Receita Federal, confira detalhes no guia do InfoMoney sobre como declarar ações.

Quer participar da próxima edição da newsletter? Envie sua dúvida sobre investimentos para o e-mail onde_investir@infomoney.com.br.

Mariana Segala

Editora-executiva do InfoMoney