De olho em oportunidades, Verde vê crise já refletida nos preços e tem a maior alocação em Bolsa desde 2010

Em call com investidores, gestora disse que o fundo Verde tem quase metade da alocação atual em ações, sendo mais de 50% em Bolsa americana

Beatriz Cutait

SÃO PAULO – Em uma carta publicada nesta manhã aos cotistas, a Verde Asset comentou os efeitos da crise do coronavírus sobre seus fundos, ressaltando que, embora tenha cometido o erro de começar a comprar muito cedo, a correção vista nos mercados parece já refletir o impacto das incertezas sobre os preços dos ativos.

Oferta Exclusiva para Novos Clientes

CDB 230% do CDI

Destrave o seu acesso ao investimento que rende mais que o dobro da poupança e ganhe um presente exclusivo do InfoMoney

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Segundo a gestora de Luis Stuhlberger, os fundos estão tendo perdas concentradas no mercado acionário, dada a magnitude das quedas tanto no Brasil quanto exterior. Em menor medida, diz a Verde, a alocação em renda fixa também está sendo impactada pela abertura das taxas de juro real ao longo da curva, ou seja, o aumento dos prêmios pagos e a consequente redução dos preços.

“A incerteza econômica trazida pelos seguidos lockdowns mundo afora faz com que o horizonte de investimentos de todos seja reduzido ao máximo. Já vimos isso em 2008 e outras crises. Esta é a oportunidade. Obviamente teremos impactos econômicos sérios. Mas, para nós, a correção dos mercados mais do que reflete tais impactos. Vemos uma combinação de social distancing, tratamentos para o Covid-19 (seja antivirais, anti-inflamatórios, e eventualmente vacinas), com as medidas fiscais e monetárias já anunciadas, como uma ponte capaz de atravessar o período de volatilidade atual. A China e a Coreia do Sul mostraram o caminho.”

O InfoMoney apurou que, em call com investidores, a gestora disse que o fundo Verde tem quase metade da alocação atual em ações, no maior nível desde 2010. Do montante, mais de 50% está em Bolsa americana.

Maior alocação nos EUA continua

Mesmo admitindo ter se antecipado, a Verde destacou que os fundos multimercados têm sistematicamente, mas com parcimônia, aumentado a exposição ao mercado acionário americano. “Vemos ali a melhor combinação de poder de fogo fiscal e monetário com lucratividade das empresas. Também mantemos exposição a ações no Brasil e na curva de juros real, focado entre a parte intermediária e longa.”

Em sua última carta mensal, publicada no início deste mês, a Verde disse que estava adotando uma estratégia de aumentar gradualmente as posições de seu renomado fundo em ações, focando no mercado americano, tido como o mais resiliente e com potencial para se recuperar antes de outros.

“Essa visão em grande medida continua válida, mas, analisando nosso processo decisório recente, cometemos um erro importante: começamos a comprar muito cedo”, afirmou a Verde, na carta divulgada hoje.

A gestora admite ter subestimado alguns elementos no cenário. Entre eles, diz ter atribuído peso relevante ao binômio temperatura/umidade, com base no número de casos baixíssimo de lugares como Tailândia, Cingapura e Indonésia. “Com isso acreditávamos que por volta de maio o número de casos ia retrair de maneira importante, e portanto, os mercados iam conseguir atravessar o período mais agudo de março-abril sem grande pânico.”

A gestora também faz menção à diferença de comportamento do Covid-19 na Coreia e na Itália. “O caso italiano virou benchmark para o mundo ocidental, e isso fez os mercados precificarem o sudden stop [parada repentina] econômico de todos os países.”

Os fundamentos dos erros apontados se somaram à enorme crise de liquidez pela qual os mercados globais passam, com impacto até sobre ativos tidos como seguros, como ouro e Treasuries americanos, e com uma piora sobre o ciclo vicioso de crédito e o mercado acionário. “Tudo isso exacerba de maneira importante a deterioração de sentimento e de preços.”

Invista nos melhores fundos com a ajuda da melhor assessoria: abra uma conta gratuita na XP

Beatriz Cutait

Editora de investimentos do InfoMoney e planejadora financeira com certificação CFP, responsável pela cobertura do universo de investimentos financeiros, com foco em pessoa física.