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De desconhecida a fenômeno: a ação que superou a Nvidia após “all in” no Bitcoin

A MicroStrategy tem 214.246 unidades de BTC e lucro não realizado da ordem de US$ 6 bilhões – e suas ações já subiram 1.100% desde que aposta começou

Equipe InfoMoney

MMichael Saylor, predidente do conselho e fundador da MicroStrategy (Getty Images)

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A pouco conhecida empresa americana MicroStrategy (MSTR) ressurgiu no noticiário após uma disparada que deixou a “queridinha” Nvidia (NVDA) no chinelo: a ação MSTR subiu mais de 100% em 2024, superando os 90% da famosa fabricante de chips de inteligência artificial no mesmo período. O mesmo acontece no longo prazo, com a primeira avançando 1.100% em cerca de quatro anos, bem mais que a NVDA na mesma janela. O movimento pode parecer surpreendente, mas tem explicação: o Bitcoin (BTC).

Chefiada por Michael Saylor, cofundador e presidente do conselho, a MicroStrategy é dona de 214.246 BTC, avaliados em cerca de US$ 14 bilhões, ou mais que 1% de todas as unidades da criptomoeda, até as que ainda não foram emitidas. O Bitcoin tem oferta limitada e terá no máximo 21 milhões de unidades, das quais cerca de 19,7 milhões já estão em circulação.

A marca foi atingida nesta semana, após a empresa realizar nova compra de Bitcoin, mais especificamente 9.245 BTC, por US$ 623 milhões, em aquisição financiada principalmente pela venda títulos de dívida conversíveis em ações.

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Entre donos conhecidos de Bitcoin, a MicroStrategy só fica atrás do IBIT, o ETF de Bitcoin da BlackRock, que já “engoliu” 237.339 BTC. Essas criptomoedas, porém, pertencem aos investidores do produto, listado nos EUA em janeiro deste ano. No caso da MicroStrategy é diferente: a companhia é a dona real dos ativos, pois compra a moeda digital como estratégia de tesouraria.

Segundo documentos enviados à Securities and Exchange Comission (SEC), o preço médio da participação total da MicroStrategy em Bitcoin é de US$ 35.160, fazendo com que a empresa tenha um lucro não realizado da ordem de US$ 6 bilhões.

Ações da MicroStrategy subiram 100% em 2024 e 1.100% desde 2020, superando a Nvidia nos mesmos períodos (TradingView)

Aposta inusitada

Saylor começou a comprar Bitcoin para a MicroStrategy em 2020, no meio da crise da Covid-19, como alternativa ao dólar e uma forma de proteção contra a inflação. Antes disso, a companhia tinha cerca de US$ 500 milhões investidos principalmente em títulos de curto prazo do governo dos EUA. Na época, quando os rendimentos dos Treasuries caíram, Saylor começou a questionar essa estratégia, dizendo que o caixa da empresa parecia um “cubo de gelo em derretimento”.

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Quase quatro anos depois, Saylor é um dos maiores defensores da criptomoeda, e conquistou a admiração dos entusiastas dos ativos digitais. No entanto, nenhuma outra empresa pública dos EUA decidiu adotar a criptomoeda como estratégia de tesouraria, além da Tesla (TSLA), que já vendeu uma parte do seu Bitcoin, e um punhado de empresas relacionadas a cripto, como mineradoras.

Um dos motivos pela baixa adesão pode ser o efeito provocado nas ações da MicroStrategy: em vez de refletir o negócio da empresa, os papéis passaram a andar junto com os preços do Bitcoin. No fim das contas, o mercado passou a encarar a companhia como um proxy da criptomoeda fácil de negociar na Bolsa – ao menos até a chegada dos novos ETFs de Bitcoin nos EUA.

Mas Saylor não tem do que reclamar. A MicroStrategy tem pouca relevância no mercado americano, e muita gente nem sabe o que ela produz. Até pouco tempo, dedicava-se a softwares de inteligência de mercado. Mas, após entrar no mundo das criptos, tudo mudou: hoje, a empresa com sede na cidade de Tysons Corner, no estado americano da Virgínia, se considera a “primeira empresa do mundo de desenvolvimento em Bitcoin”. Após algumas linhas, a autodescrição menciona suas soluções de business intelligence, incluindo uma nova ferramenta de IA para empresas.

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Cofre de Bitcoin

A atividade de fato da MicroStrategy é ser um “cofre” de Bitcoin. Mesmo apresentando queda de 6% no lucro no quarto trimestre, a US$ 124,5 milhões, sua vem em disparada há anos. Se os retornos em 2024 já impressionam, ficam modestos ao olhar para o que aconteceu desde que Saylor decidiu comprar Bitcoin: de cerca de US$ 150 em meados de 2020, os papéis atingiram quase US$ 1.780 no dia 15 de março de 2024, no pico recente da criptomoeda, uma alta de cerca de 1.100%.

A MicroStrategy aproveitou a valorização dos preços para levantar capital vendendo ações e emitindo títulos para comprar grandes quantidades de Bitcoin. Enquanto isso, Saylor assume que a empresa é apenas uma proxy do Bitcoin, e nega que ela perderá esse apelo com a chegada dos novos ETFs aos EUA, pois não cobra taxa de administração e funciona como um compra alavancada no ativo digital, disse ele em entrevista recente à Bloomberg.

Mas potenciais investidores devem ficar atentos à volatilidade da ação, que por vezes é maior do que a do Bitcoin. As ações da MicroStrategy afundaram 16% na terça-feira, mais de dez vezes a queda da criptomoeda, em movimento resultado da alavancagem, e de um negócio principal avaliado em apenas US$ 1,5 bilhão por Wall Street. Segundo cálculos da Bloomberg, o papel é negociado com um prêmio de mais de 90% em relação ao valor do Bitcoin em seu balanço patrimonial.

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A MicroStrategy tem até o início de 2025 para começar a contabilizar o Bitcoin a preços de mercado. Com isso, os ganhos com a criptomoeda – e não apenas as perdas – passarão a compor seu balanço. A mudança poderá chegar a tempo de uma nova disparada do Bitcoin, que muitos creem estar próxima por conta do halving, evento previsto para o final de abril. Segundo algumas projeções, o BTC poderá alcançar a casa dos US$ 150 mil até o ano que vem. Se isso ocorrer, a MicroStrategy poderá encher o bolso com US$ 32 bilhões em Bitcoin – e os acionistas de MSTR também.

“Vemos a MicroStrategy como um veículo atraente para investidores que buscam criar exposição ao Bitcoin”, disse Lance Vitanza, diretor da TD Cowen, à Bloomberg. “Essa é a única razão para comprar ações da MicroStrategy, porque você deseja possuir Bitcoin.” Na opinião dele, investidores que miram o longo prazo e esperam a recuperação do Bitcoin podem ver sentido no prêmio nas ações. Ele tem um preço-alvo de US$ 1.560 para o papel, cerca de 10% acima do nível atual.

(Com informações da Bloomberg)

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