Como selecionar fundos em meio a uma crise e para quais mercados os gestores estão migrando as carteiras?

Guilherme Anversa, sócio e gestor da XP Advisory, participou de live do InfoMoney e abordou o que esperar dos investimentos neste novo cenário

Lucas Bombana

SÃO PAULO – Com a rápida e aguda deterioração nas expectativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil nas últimas semanas em função da pandemia do coronavírus, gestores começam a olhar para outras praças mais promissoras em busca de retorno para as carteiras.

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“Temos voltado a retomar o risco dentro dos portfólios após a queda de março, mas, neste momento, estamos fazendo isso via bolsa americana, comprando fundos e índices de ações”, afirmou Guilherme Anversa, sócio e gestor da XP Advisory.

Em live do InfoMoney realizada nesta segunda-feira (13) via Instagram, Anversa explicou que o movimento decorre da visão de que o mercado americano deve se recuperar antes do que o brasileiro da atual crise. Além disso, o leque de opções mais amplo, tendo à disposição empresas de setores com baixa representatividade no Brasil, como tecnologia e saúde, pesa na decisão de privilegiar a bolsa americana no momento, disse Anversa.

Dada a forte valorização já registrada recentemente pelo dólar frente ao real, o gestor contou que tem feito metade da alocação global com o hedge do câmbio, deixando a outra parcela exposta à variação da moeda. Ele pondera, contudo, que pode se dar “ao luxo” de atuar dessa forma pela estrutura robusta com que pode contar na casa.

Para o investidor pessoa física, o melhor a se fazer é manter uma alocação no exterior ao redor de 5% a 10% da carteira totalmente dolarizada, até mesmo pela diversificação estrutural que o posicionamento oferece ante a exposição local, diz o especialista.

Cenário Brasil

Em relação às perspectivas que enxerga para o mercado local, Anversa afirmou que a visão não é mais tão positiva como até antes do carnaval. Isso não quer dizer, contudo, que a exposição à bolsa local foi totalmente zerada.

“O que fizemos foi não aumentar a posição na bolsa brasileira, apesar de entender que existem oportunidades bem interessantes, principalmente via fundos de ações, dado o que aconteceu nos últimos 30 dias.”

Para o investidor que estiver enxergando no atual patamar do Ibovespa uma eventual janela de oportunidade, Anversa afirmou que, caso o horizonte de investimento permita, o ideal é privilegiar fundos com prazo de resgate maior, de 30 dias pelo menos. “Esse prazo ajuda o investidor a evitar cair na armadilha de vender no pior momento. E ajuda também o gestor, que não se vê forçado a vender ativos para honrar resgates”, afirmou Anversa.

Em relação ao segmento de crédito privado, embora considere que há boas oportunidades com a abertura recente de taxas, o gestor não tem aumentado sua exposição ao nicho agora. “Ainda temos alguma preocupação quanto à liquidez desses ativos”, disse o profissional. Ele ressaltou, no entanto, que a atuação prevista do Banco Central na compra de ativos deve contribuir para a normalização da situação no setor.

Já na classe de multimercados, Anversa apontou os fundos quantitativos como uma estratégia que já ganhou e deve ganhar ainda mais espaço dentro das carteiras da casa, dada a descorrelação desses produtos em relação à média da indústria.

“Hoje os fundos quantitativos representam cerca de 25% da nossa carteira de multimercados. E não ficaria surpreso se daqui a um ou dois anos o espaço desses fundos for de 35% ou 40%.”

Composição do portfólio

Ao fazer a seleção dos melhores gestores para compor a carteira, a XP Advisory costuma ter ao redor de 20 fundos diferentes, disse Anversa, que enalteceu a importância de não concentrar o portfólio excessivamente em uma ou duas assets, por mais promissoras que elas possam parecer.

Entre as estratégias que costumam fazer parte da carteira, Anversa citou fundos multimercados macro, tanto dedicados a Brasil como também a ativos globais, além de fundos “long and short” e “long biased”, e os quantitativos.

Posições residuais em ouro e fundos imobiliários, com 2,5% a 5% do total da carteira respectivamente, também foram apontadas por Anversa como boas opções para o investidor.

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