Ficam bancos, sai varejo: os movimentos da Verde diante de medidas arrecadatórias do Governo

Medida Provisória das subvenções (MP 1185/2023) pode trazer desafios para varejistas; casa possui atualmente exposição ao setor financeiro com XP e Itaú

Bruna Furlani

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O anúncio de uma série de medidas para tentar aumentar a arrecadação do Governo e equilibrar as contas públicas deve trazer impacto ao investidor, mas alguns efeitos já estão precificados.

A avaliação é de Luiz Parreiras, gestor da Verde Asset Management. Em entrevista exclusiva ao InfoMoney no último sábado (2) durante a Expert XP, o executivo disse que o setor de bancos é “complexo” e que o possível fim do Juros sobre Capital Próprio (JCP) será um dos vários desafios que as empresas do segmento vão enfrentar. Por outro lado, pondera que os preços das ações já refletem esse cenário de maior dificuldade.

“Todos os bancos são impactados de alguma forma. JCP não deve ser totalmente extinto. Ele deve ser restrito. Não acho que deveria vender [ações de] bancos pelo fim do JCP”, destaca Parreiras.

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Atualmente, a casa possui uma exposição ao setor financeiro por meio de ações como Itaú (ITUB4) e XP (XPBR31).

Embora acredite que a mudança com o JCP possa trazer efeitos para alguns setores, o gestor acredita que a medida mais dura anunciada foi a Medida Provisória das subvenções (MP 1185/2023).

As subvenções, na prática, resultaram em uma isenção ou redução nos impostos estaduais pagos pelas companhias como forma de estimular a criação ou a expansão de operações.

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O desconto era usado pelas empresas para reduzir a própria base de cálculo do IRPJ e da CSLL – o que passou a gerar questionamentos do atual governo em situações em que o benefício não era usado exatamente para investimentos, mas sim para custeio.

Com a mudança proposta pelo governo, a tributação de todas as empresas voltaria ao padrão, levando as situações para avaliação da Receita Federal, de acordo com as normas estabelecidas.

Em linhas gerais, o texto estabelece que, na apuração do crédito fiscal, poderão ser computadas somente as receitas que estejam relacionadas à implantação ou expansão do empreendimento econômico, e que sejam reconhecidas após a conclusão da implantação ou expansão do empreendimento econômico e o protocolo do pedido de habilitação da pessoa jurídica.

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De olho nos anúncios que viriam por parte do Governo para aumentar a arrecadação, Parreiras diz que a casa vem reduzindo a alocação em varejo, especialmente atenta aos efeitos provocados pela MP das subvenções, vista com potencial de afetar bastante o setor.

Por outro lado, a Verde mostrou-se animada com a alocação em alguns papéis como Suzano (SUZB3), Rumo (RAIL3), Vibra (VBBR3) e Equatorial (EQTL3).

Ao contrário da média dos pares de gestão, Parreiras disse que a casa está otimista com a Bolsa, mas não de forma exagerada. Para a Verde, o fluxo para as ações brasileiras deve voltar com a queda dos juros e ser caracterizado por uma dinâmica mais saudável das empresas.

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“Continuamos animados vendo o crescimento surpreendendo positivamente. Empresas passaram por um período muito doloroso e agora voltamos a ter uma dinâmica mais saudável”, afirma.