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Como investir R$ 50 mil no exterior? Especialistas sugerem ativos para montar uma carteira

Olhar para o mercado internacional abre um universo de opções que ajudam a proteger parte do patrimônio dos riscos da economia local

Alexandre Rocha

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Quem investe sabe que dez entre dez especialistas recomendam diversificar a carteira. Dividir o dinheiro em diferentes frentes reduz o risco de perdas generalizadas e amplia as opções de rentabilidade – e os investimentos no exterior têm se tornado opções cada vez mais acessíveis para concretizar esse objetivo.

Na visão dos especialistas, a exposição externa serve também de proteção contra incertezas econômicas e política que rondam o Brasil de 2022. “Todo mundo que vive aqui sabe que o cenário não é bom”, diz  Maria Antonia Viuge, sócia e analista sênior da Nextep Investimentos, gestora de fundos especializada em ações estrangeiras.

É verdade que vários agentes do mercado consideram que os ativos brasileiros estão baratos, depois da forte desvalorização verificada em 2021 – o que justifica uma aposta local em 2022. Mesmo assim, os investimentos no exterior são vistos como uma parcela “estrutural” que sempre deve ter espaço nas carteiras.

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“Investir no exterior é uma parte importante da diversificação do portfólio. Serve também para mitigação de riscos”, afirma Maria Antonia. Ela lembra que o Brasil representa apenas 1% do mercado de capitais global, então voltar os olhos para fora amplia significativamente o universo do investidor. São mais empresas capazes de superar as oscilações econômicas, diferentes modelos de operações, países com governos mais maduros e ambientes de negócios melhor estruturados.

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Se esse é o caso, como investir no exterior agora? O InfoMoney consultou analistas e gestores em busca de sugestões de investimentos para quem tem R$ 50 mil para aplicar em ativos estrangeiros. O valor é uma referência – é possível investir lá fora com menos (ou mais) seguindo proporções semelhantes.

Estrategista de ETFs da gestora BlackRock no Brasil, Daniel Lobo acrescenta que é possível investir em diversos mercados com pequenos valores, a partir de R$ 50, por meio de BDRs de ETFs. “Com volumes razoavelmente pequenos, o investidor consegue ter exposição a estes ativos de maneira bem diversificada”, observou.

ETF (exchange traded funds) é a sigla em inglês para fundos de índices com cotas negociadas na Bolsa. Eles têm como meta acompanhar o desempenho dos índices aos quais estão atrelados, como o S&P 500, indicador do mercado acionário norte-americano, entre outros. Já os BDRs são certificados emitidos por uma instituição depositária no Brasil que representam ações, cotas de ETFs ou títulos lançados no exterior.

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Lobo acrescenta que BDRs de ETFs permitem que o interessado escolha opções com diferentes recortes, desde instrumentos com ampla exposição a países e atividades, como o que segue o índice global MSCI ACWI (BACW39), até papéis segmentados por industrias e regiões. “Mesmo que o investidor escolha apenas um BDR de ETF, como os ETFs são instrumentos diversificados, ele não vai estar investindo em uma ação só”, ressaltou.

Estratégia: é preciso considerar o perfil do investidor

Gustavo Aranha, sócio e diretor de distribuição da GeoCapital, gestora de fundos de ações globais, avalia que mais do que o montante que o interessado tem para aplicar, a estratégia deve se guiar pelo perfil do investidor, de maneira que ele “se sinta confortável”. “O investimento no exterior não precisa seguir um comportamento diferente do investimento local”, declara.

Nesse sentido, no caso de ações, investidores que gostam de escolher seu próprios papéis podem montar uma carteira com BDRs de ações estrangeiras. A XP, por exemplo, tem uma carteira recomendada de BDRs – nos mesmos moldes de suas carteiras recomendadas de ações ou fundos imobiliários.

Se o investidor costuma investir em fundos de ações brasileiras, pode fazer o mesmo para investir em papéis estrangeiros. Nesse caso, ele tem a opção de fundos de gestão ativa, como os da Nextep e da GeoCapital, e de gestão passiva, como os ETFs. Gestão ativa ocorre quando o gestor busca superar o índice de referência do fundo, e não replicá-lo, como na gestão passiva.

“Se o investidor tiver capacidade de avaliar os papéis individualmente, pode escolher investir via BDRs [de ações]. Ou pode contratar um time de especialistas em investimentos que vão escolher os ativos da carteira por meio de um fundo, como os da GeoCapital. Se não se sentir capacitado, mas quiser exposição externa, pode optar um ETF”, afirmou Aranha, lembrando que o interessado pode mesclar dois ou mais destes instrumentos. Metade do valor em fundos de gestão ativa e metade em gestão passiva, por exemplo.

Vale ressaltar que os custos envolvidos variam de acordo com a operação escolhida. Fundos de gestão ativa têm taxas de administração mais altas do que os ETFs. BDRs não têm taxa de administração, mas compras na Bolsa pagam corretagem e podem ter taxa de custódia. A tributação também varia. É importante checar todas as despesas antes de investir.

Sugestões de carteira incluem ativos variados

João Abdouni, analista de investimentos da Inversa Publicações, recomenda aplicações em partes iguais em cinco ativos diferentes, 20% em cada:

• o IVVB11, ETF que segue o S&P 500, um dos principais índices de ações americanas;

• o WRLD11, ETF que replica no Brasil o Vanguard Total World Stock, fundo de ações globais negociado na Bolsa de Nova York;

• o ETF HASH11, que replica o índice de criptoativos Nasdaq Crypto Index;

• BDRs de grandes empresas de tecnologia;

• e um fundo cambial lastreado em dólar.

Segundo Abdouni, os BDRs do Facebook (FBOK34) estão entre os mais descontados no momento. Ele ressalta, porém, que não é entusiasta de investimentos em ativos externos atualmente. Em sua avaliação, “a Bolsa brasileira está mais barata do que o mercado internacional” e, com exceção de “big techs”, é possível encontrar boas oportunidades por aqui. Para ter exposição ao mercado internacional, ele indica comprar ações de empresas brasileiras exportadoras como Vale (VALE3), Gerdau (GGBR3, GGBR4) e BRF (BRFS3).

“Prefiro fazer hedge cambial com [ações de] exportadoras, que estão mais baratas”, comentou. “Não tem porque pagar mais caro lá fora pelo que temos aqui”, acrescentou.

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Felipe Arrais, especialistas em investimentos globais da casa de análises Spiti, recomenda dividir os investimentos em diferentes ETFs e BDRs de ETFs. Ele propõe aplicar de 50% a 60% em fundos de ações, com 63% de exposição aos Estados Unidos, 17% para Europa, 15% para países emergentes e o resto para o Japão. Como exemplos, Arrais cita Ishares Core MSCI EU (BIEU39) para Europa, e Ishares Core MSCI EM (BIEM39) para mercados emergentes.

É possível, no entanto, fazer esta divisão com diferentes papéis negociados na B3, pois podem haver dois ou mais ETFs ou BDRs de ETFs que seguem o mesmo índice. Por exemplo:

• novamente, o IVVB11;

• o Trend ETF MSCI Europa (EURP11), ETF que replica índices de ações europeias;

• o Trend ETF MSCI Mercados Emergentes ([ativo=EMRG11]), que acompanha ativos de mercados emergentes;

• e o BEWJ39, BDR do ETF Ishares MCSI Japan.

Para Arrais, outra parcela do investimento no exterior – de 20% – deve ser em renda fixa. “Infelizmente, não temos muitos veículos de renda fixa global para quem não é investidor qualificado”, observou o analista. “Então, quem não é investidor qualificado, tem de recorrer a corretoras no exterior para comprar ETFs de renda fixa diretamente lá fora. A boa notícia é que a B3, muito em breve, vai começar a negociar BDRs de ETFs de renda fixa aqui no mercado brasileiro”, acrescentou.

Ele sugere ainda aplicar os 20% a 30% restantes em ativos vinculados a imóveis (metade), commodities (três quartos) e criptomoedas (um quarto). Há instrumentos para tanto na Bolsa, como o ALUG11, que replica índice do mercado imobiliário dos Estados Unidos, ou o BIAU39, BDR do Ishares Gold Trust, que é um ETF de ouro.

“Assim, o investidor consegue ter uma exposição bem balanceada e uma carteira mais preparada para capturar retornos nesse mundo de extrema liquidez, de taxas de juros mais baixas e retornos potenciais também mais baixos”, ressaltou Arrais.

Vale lembrar que há outras opções de ETFs e BDRs de ETFs na B3 com foco nos mesmos setores, regiões e até nos mesmos índices. Se o investidor não sabe identificar qual é o mais adequado ao seu perfil, a saída é procurar o auxílio de um assessor de investimentos.

Diretor comercial da gestora MAG Investimentos, Fernando Gabriades indica dividir as aplicações da seguinte maneira:

• 30% em ETFs de renda fixa;

• 70% divididos entre ETFs atrelados ao S&P 500 e ao Nasdaq e um fundo de ações com gestão ativa.

Gabriades sugere fundos de ações sem exposição cambial e de renda fixa com exposição ao câmbio. Ele ressalta que títulos estrangeiros de renda fixa pagam taxas baixas, então ao optar por um fundo sem exposição ao câmbio o investidor corre o risco de ter seu retorno corroído. Na renda variável, ele destaca que já há volatilidade suficiente nas bolsas, sem necessidade de incluir as oscilações cambiais.

Segundo Gabriades, a MAG está prestes a lançar no mercado brasileiro um fundo de renda fixa global, o MAG Global Bond. Da mesma forma, a BlackRock pretende lançar BDRs de ETFs de renda fixa no Brasil em 2022. “Para que o cliente consiga ter uma amplitude maior em sua carteira e em sua alocação de instrumentos globais”, diz Cristiano Castro, diretor da gestora.

Paciência, a alma do negócio

Arrais sugere paciência aos investidores interessados em aplicar no exterior. “Não invista tudo de uma vez”, declara. O ideal é aplicar aos poucos para sentir as condições do mercado, e mudar de estratégia, se necessário. Isso evita, por exemplo, investir tudo num momento de câmbio valorizado, e algum tempo depois ocorrer uma desvalorização.

O cenário da BlackRock para os mercados globais em 2022 inclui volatilidade e maior atratividade dos investimentos em ações, tanto do ponto de vista estratégico, de longo prazo, como tático, de seis a 12 meses. Não significa, no entanto, que todos os ativos irão bem no ano.

Três segmentos se destacam, segundo Castro: tecnologia, saúde e sustentabilidade. “O risco climático é um risco de investimento”, lembra ele, referindo-se à importância cada vez maior que o investidor deve dar às práticas ambientais, sociais e de governança nas companhias.

De curto a médio prazo, a gestora vê como positivos mercados de ações de países desenvolvidos como um todo, e especificamente Estados Unidos, Europa, Japão e China. “Estamos ‘neutros’ em Reino Unido, países emergentes e Ásia, exceto o Japão”, declarou.

Em títulos privados, a avaliação da empresa é negativa no longo prazo e neutra em curto e médio. No caso dos títulos soberanos, a expectativa é negativa em ambas as situações. Em “mercados privados”, segmento que inclui private equity, venture capital, imóveis e infraestrutura, a gestora tem avaliação neutra.

Vale ressaltar que estas perspectivas são gerais e há projeções diferentes quando se olha para setores, regiões ou papéis específicos. A BlackRock tem, por exemplo, visão positiva sobre títulos atrelados à inflação, pois acredita que a inflação será mais persistente e generalizada no cenário internacional em 2022.

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Alexandre Rocha

Jornalista colaborador do InfoMoney