Com US$ 273 bi sob gestão, Nordea começa a disseminar boas práticas ESG no mercado brasileiro

XP Inc. fechou parceria com gestora sediada em Copenhague para capacitar mais de 7 mil assessores de investimentos

Beatriz Cutait

(Getty Images)

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SÃO PAULO – Fruto da combinação das palavras “Nordic” (nórdicas) e “Ideas” (ideias), o grupo Nordea ganhou projeção no mercado brasileiro no cenário recente, ao se posicionar durante a crise gerada pelo aumento das queimadas na Amazônia.

Em 2019, o grupo decidiu suspender a compra de ativos do governo, colocando a carteira de títulos soberanos em uma espécie de “quarentena”. O motivo? A política ambiental adotada pela gestão do presidente Jair Bolsonaro.

Conhecido por seu engajamento na temática ESG (sigla em inglês que diz respeito a melhores práticas ambientais, sociais e de governança), o grupo tem em seu braço de gestão, a Nordea Asset Management, uma fonte de estratégias que levam a sério questões de sustentabilidade em seu dia a dia. E seu próximo passo é ampliar o acesso ao conhecimento no Brasil, em um mercado que vem aumentando o interesse pelo tema.

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A XP Inc. fechou uma parceria com a Nordea Asset para capacitar seus mais de 7 mil assessores de investimentos sobre práticas ESG. A ideia é dar aceso a conteúdos desenvolvidos pela Nordea dentro de uma plataforma educacional, a Universidade XP.

A gestora, sediada em Copenhague, na Dinamarca, e com US$ 272,7 bilhões sob gestão, lançou a primeira versão global de uma ferramenta de ensino online de ESG voltada especificamente para consultores financeiros ao fim de 2018, e agora apresenta uma versão em português para a rede da XP.

“O assessor tem que estar mais preparado para o linguajar dos temas ESG. Existem vários jargões que são elementos com os quais ele não está tão familiarizado, então colocamos de forma mais pragmática na XP conteúdos e até um glossário de termos”, diz Roberto Martinho, chefe de desenvolvimento de negócios da Nordea Asset Management na América Latina.

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Selo Nordea de ESG

Enquanto a temática ESG está em um processo de conhecimento e desenvolvimento no Brasil, a Nordea aderiu aos Princípios para o Investimento Responsável (PRI), iniciativa de investidores em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU), em 2006.

Seu primeiro produto ESG, o Nordea Global Climate and Environment, foi lançado em 2008, com os gestores em busca de empresas com soluções para clima e meio ambiente para o portfólio.

A estratégia está disponível a clientes do segmento private da XP no exterior, assinala Martinho. No Brasil, a Nordea atende apenas clientes institucionais (como fundos de pensão), por meio de uma parceria com a BB DTVM.

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Enquanto boa parte das gestoras tem optado por lançar fundos indexados a índices ESG, a Nordea tem uma equipe dedicada à seleção das ações.

Todos os fundos da estratégia “Stars” seguem um processo específico de investimento, seja com foco em mercados americanos, europeus, emergentes, asiáticos ou outros. O objetivo, diz Martinho, recai sobre a seleção ativa de empresas integrando o ESG, a partir do trabalho feito pelo time de investimento responsável pela área em conjunto com a equipe de gestão.

E o olhar também recai sobre o retorno gerado. Na estratégia “Emerging Stars Equity”, por exemplo, o desempenho ficou positivo em 25,7% em 12 meses até setembro, acima da alta de 10,5% do índice de referência, o MSCI Emerging Markets Index. Em três anos, a rentabilidade da estratégia é de 23%, contra 7,4% do índice, e, em cinco anos, de 85,6%, ante 53,6% do benchmark.

O Brasil respondia por cerca de 6,6% da carteira em setembro.

A Nordea tem sua própria modelagem para avaliar os níveis de ESG de cada companhia e é necessário estar nos níveis A (top da categoria) ou B (com uma boa avaliação) para fazer parte da estratégia Star.

Os objetivos da casa são integrar a temática ESG na gestão, gerar retornos com responsabilidade, batendo os referenciais de cada produto, e gerar impacto positivo no mundo, ressalta o chefe de desenvolvimento de negócios.

“Nos países nórdicos, existe um aspecto cultural que leva as pessoas a requererem isso do gestor. Acho que, no Brasil, ainda não estamos nesse nível de demanda”, observa Martinho. “O que temos notado é que, dado que o tema ganhou relevância nos Estados Unidos, pegamos carona nele.”

A Nordea tem ainda uma lista de empresas nas quais nenhum gestor pode investir por não atender a determinados critérios, como o envolvimento na fabricação de armas biológicas e químicas ou armas nucleares.

A brasileira JBS faz parte desse grupo desde julho, ao ter violado normas envolvendo questões relativas a meio ambiente e governança corporativa.

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Beatriz Cutait

Editora de investimentos do InfoMoney e planejadora financeira com certificação CFP, responsável pela cobertura do universo de investimentos financeiros, com foco em pessoa física.