CDBs de médio prazo oferecem retorno abaixo do CDI: vale a pena investir? 

Levantamento mostra que pós-fixados com vencimento em dois anos pagaram, em média, 99,97% do CDI na última quinzena

Leonardo Guimarães

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Após alta generalizada no fim de outubro, as taxas dos CDBs caíram na última quinzena. Os papéis de prazo intermediário passaram a entregar remuneração menor que o CDI, a referência da renda fixa. Nos prefixados, os títulos bancários mais longos pagaram menos do que o Tesouro Prefixado: 13,28%, em média, contra 13,26% dos títulos públicos no fechamento da última sexta-feira (22).

A taxa média dos papéis pós-fixados com vencimento em dois anos caiu de 100,28% do CDI para 99,97%. Nos títulos atrelados à inflação, o juro real médio em dois anos foi de 6,55%. 

Os dados foram levantados pela Quantum Finance a pedido do InfoMoney, consideram os CDBs emitidos entre 7 e 21 de agosto e permitem a comparação com a quinzena anterior, entre 22 de outubro e 5 de novembro.

Josias Bento, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, é categórico ao afirmar que “não vale a pena investir em CDBs com o retorno abaixo do CDI”. Para ele, os investidores podem procurar títulos de bancos médios que remuneram acima da taxa de referência, desde que fiquem nos limites da garantia do FGC (Fundo Garantidor de Créditos). 

O levantamento de taxas da última quinzena mostra CDBs que pagam de 103,50% a 120% do CDI, dependendo do prazo de vencimento. 

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Para Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, os ativos emitidos por grandes bancos “podem não compensar na comparação com o Tesouro Direto”, mas instituições de pequeno e médio porte oferecem “boas taxas” por conta do “maior risco de crédito associado a esses emissores”. 

Retornos de CDBs indexados ao CDI de 7 a 21 de novembro
Prazo (meses)Taxa mínima (% CDI)Taxa média (% CDI)Taxa máxima (% CDI)Número de títulosEmissor da maior taxa
397,50%99,20%106,50%45Paraná Banco
697,50%101,91%120,00%18Banco Master de Investimento
1290,00%98,27%110,00%27Banco Mercantil do Brasil
2497,81%99,97%107,00%38Mercado Crédito
3699,00%100,36%103,50%18Santander Brasil
Fonte: Quantum Finance

CDBs de inflação 

Nos títulos bancários atrelados ao IPCA, houve alta da taxa média dos papéis de um ano, que passaram a entregar juro real de 6,55% ante 6,51% quinze dias antes. 

Por outro lado, os papéis mais longos tiveram queda na taxa média, que passou de 6,75% para 6,49%. 

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A última quinzena analisada também foi marcada pela queda no número de emissões: 194 contra 224 ativos no período anterior. Foram emitidos apenas 20 CDBs de inflação após 34 emissões entre 22 de outubro e 5 de novembro. Analistas explicam que a variação é normal, já que a necessidade de captação dos bancos é dinâmica. 

Retornos de CDBs indexados à inflação de 7 a 21 de novembro
Prazo (meses)Taxa mínima (IPCA+)Taxa média (IPCA+)Taxa mínima (IPCA+)Número de títulosEmissor da maior taxa
125,94%6,08%6,21%2Haitong Brasil
246,30%6,55%6,80%12ABC Brasil
366,43%6,49%6,59%6Haitong Brasil
Fonte: Quantum Finance

CDBs prefixados

Os ativos com taxa fixa também foram afetados pela queda nas emissões, com 28 papéis ante 38 quinze dias antes. Apenas dois títulos com vencimento em três anos foram lançados, com taxa média de 13,28% ao ano, abaixo do Tesouro Prefixado 2027. Pedro Afonso Gomes, presidente do Conselho Regional de Economia da Segunda Região, em São Paulo, vê com normalidade a “pequeníssima” diferença de taxa para o título público que pagava 13,36% na sexta-feira (22). 

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Nos prazos com nove emissões, houve queda na taxa média em seis meses, de 12,23% para 11,97%, e alta na média em 12 meses, de 12,30% para 12,58%. 

Retornos de CDBs prefixados de 7 a 21 de novembro
Prazo (meses)Taxa mínimaTaxa médiaTaxa máximaNúmero de títulosEmissor da maior taxa
310,15%10,15%10,15%1State Street Brasil
611,75%11,97%12,20%9ABC Brasil
1212,32%12,58%13,00%9ABC Brasil
2412,70%13,12%13,35%7ABC Brasil
3613,16%13,28%13,40%2ABC Brasil
Fonte: Quantum Finance

É importante lembrar que, ao investir, você deve levar em conta o seu perfil, que pode ser mais conservador ou mais arrojado, a depender do quanto de risco está disposto a correr. Vale considerar ainda que o melhor jeito de construir um plano sustentável de investimentos é diversificando as aplicações da sua carteira.