BofA: Menos otimistas com reformas, gestores veem Selic mais alta e Ibovespa acima dos 130 mil pontos em dezembro

Segundo o levantamento, 44% dos investidores da América Latina dizem estar adotando proteções à carteira, maior patamar desde dezembro de 2019

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – O descontrole dos gastos públicos no Brasil e a pressão inflacionária devem levar a taxa básica de juros a encerrar 2021 em patamares mais elevados. De acordo com a pesquisa “LatAm Fund Manager Survey”, do Bank of America, a fatia de entrevistados que veem a taxa Selic entre 3,00% e 3,50% ao fim do ano subiu de cerca de 12%, em dezembro, para quase 50%, este mês.

Além de 86% dos gestores consultados pelo BofA estimarem uma inflação mais alta na América Latina, de forma geral, a maior parte (72%) elencou a deterioração fiscal como o principal risco no Brasil. Na sequência, aparecem preocupações com China e com os preços das commodities (14%).

Menos otimistas com a agenda de reformas, 31% dizem acreditar que a reforma tributária não será aprovada, acima dos 15% do mês anterior.

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As perspectivas de recuperação do grau de investimento também se deterioraram e agora apenas 53% esperam que ele seja retomado pelo Brasil em algum momento – abaixo dos 73% do levantamento anterior e o menor patamar desde quando a pergunta começou a ser feita, em janeiro de 2019.

Para 2021, a maior parte dos entrevistados espera um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) entre 2% e 4%. No BofA, o cenário base é de expansão de 3,5% da atividade brasileira.

Bolsa

Em um ambiente de juros ainda baixos ao redor do mundo, a busca por ativos de risco deve continuar ao longo do ano.

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Segundo o levantamento, 72% dos participantes esperam um bom desempenho da Bolsa brasileira nos próximos seis meses, em linha com o levantamento anterior.

E 71% veem o Ibovespa encerrando 2021 acima dos 130 mil pontos, o que implicaria valorização de 7,8% ante o patamar atual. Em dezembro, 54% estimavam tal pontuação para o índice.

Latam

Na América Latina, 44% dos investidores consultados pelo BofA dizem estar ampliando o nível de risco da carteira, acima dos 38% de dezembro – e o maior nível desde fevereiro de 2019.

Apenas 25%, contudo, planejam aumentar a alocação em ações nos próximos seis meses, abaixo dos 43% do mês passado e o menor nível desde setembro de 2020.

Na Bolsa, os investidores consultados estão com posição overweight (acima da média do mercado) em setores cíclicos como os de materiais, consumo discricionário e financeiro. Já as posições underweight (abaixo da média do mercado) recaem sobre empresas de bens de consumo e utilities.

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Com um ambiente ainda de grande volatilidade em meio à pandemia, 44% dizem estar adotando proteções à carteira de forma a se protegerem de uma queda brusca do mercado. O nível está acima dos 23% registrados em dezembro e é o maior patamar desde dezembro de 2019, segundo o BofA.

Entre os principais riscos no horizonte, o coronavírus aparece em primeiro lugar, com 25% das menções na América Latina. Um atraso maior que o esperado nas vacinações é citado por apenas 14% dos participantes, mas 58% veem esse risco prejudicando a retomada da economia da região.

O estudo conduzido pelo Bank of America foi realizado entre os dias 8 e 14 de janeiro e contou com a participação de 36 gestores, com cerca de US$ 61 bilhões sob gestão.