Bitcoin vai voltar a subir ou aprofundar queda após o halving? Especialistas divergem

Atualização que cortará a nova emissão da criptomoeda pela metade acontece nesta semana

Lucas Gabriel Marins

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Com a proximidade do halving do Bitcoin (BTC), previsto para ocorrer no dia 20 de abril, o mercado cripto ficou dividido. De um lado, há quem diga que a atualização não vai afetar o preço da criptomoeda, que já caiu o suficiente. Do outro, alguns especialistas ventilam a possibilidade de a mudança representar um novo revés para a moeda digital, numa espécie de “compra no boato, venda no fato”.

Nesse tipo de padrão, investidores compram um ativo quando há rumores favoráveis sobre ele, impulsionando seu preço para cima. No entanto, quando as notícias reais são anunciadas, o preço já está refletindo o burburinho e pode até mesmo cair quando as expectativas não são atendidas ou os investidores realizam lucros.

Apesar de apresentar queda nos últimos dias, o Bitcoin vem de alta de cerca de 50% só em 2024, alimentando o receio de que o rali do halving tenha sido antecipado. Analistas da Steno Research consideram que a criptomoeda poderá cair mais após o evento porque a movimentação positiva de preço do BTC nos últimos 12 meses é semelhante ao do segundo halving, que demonstrou o mesmo padrão (veja o histórico).

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“Dada a semelhança do preço do Bitcoin com o seu comportamento antes do halving de 2016, que levou a um evento ‘compre no boato, venda no fato’, e considerando a crescente atenção dada a este halving – particularmente por parte daqueles que investiram em ETFs (fundos de índice) de Bitcoin – estamos altamente confiantes de que o quarto evento [deste mês de abril] exibirá um padrão semelhante”, disseram os analistas em relatório

O CEO da exchange de criptomoedas Crypto.com, Kris Marszalek, tem opinião similar. “À medida que nos aproximamos da data (do halving), pode haver alguma venda surgindo”, disse em entrevista à Bloomberg nesta semana. Na manhã desta quinta-feira (18), o BTC opera em queda de -2,10%, a US$ 61.589, segundo o agregador CoinMarketCap.

O time mais otimista

Parte da pressão vendedora do mercado, que derrubou o preço do Bitcoin na terça-feira (16), vem de investidores institucionais e outros grandes agentes de mercado que fazem giros de capital, como mineradores que vendem suas criptos para reabastecer o fluxo de caixa, antes de suas recompensas caírem pela metade no pós-halving.

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O movimento dos mineradores é comum nas épocas de halving, mas neste ciclo está sendo diferente, ressalta o gestor e diretor de investimentos da QR Asset Management, Theodoro Fleury. Ele acredita que, diferentemente do lançamento dos ETFs à vista de Bitcoin, é difícil enxergar o halving como um momento “venda no fato”.

“Em um primeiro momento, a atualização só afeta diretamente os mineradores, que veem a sua receita cair pela metade na virada [da atualização]. No entanto, ao contrário do último halving, eles já vêm vendendo seus estoques ao longo dos últimos meses, para poder seguir financiando seus planos de expansão”, disse.

Além disso, segundo Fleury, o Bitcoin já vem operando em queda desde a primeira semana de abril, e vai chegando perto do halving com cerca de 15% de desvalorização, “sendo difícil imaginar recuos muito maiores a partir desse nível”.

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Tensões geopolíticas

Outro mais pessimista para o curto prazo, Francis Wagner, head de criptomoedas da Hurst Capital, ressaltou que o cenário pós-halving pode ser altamente influenciado por eventos macroeconômicos e geopolíticos, como o recente ataque do Irã a Israel.

“Esses acontecimentos externos podem impactar significativamente o comportamento dos investidores no mercado de criptomoedas, potencialmente resultando em padrões de negociação diferentes dos observados em situações normais”.

Vale lembrar que no mercado de derivativos o cenário após o halving é visto como positivo na semana seguinte ao evento e no longo prazo. A maior parte do volume de opções de compra com vencimento em 26 de abril têm preços entre US$ 70 mil e US$ 80 mil; em dezembro, as apostas estão na casa dos US$ 100 mil. O volume mais alto de contratos de opções de compra é um indicativo bullish (positivo) do mercado.

Lucas Gabriel Marins

Jornalista colaborador do InfoMoney