Bitcoin ultrapassa US$ 69 mil pela primeira vez e renova máxima histórica

Impulsionada por ETFs, criptomoeda superou patamar de novembro de 2021

Lucas Gabriel Marins

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Depois de ser declarado “morto” pelo menos 83 vezes nos últimos três anos por analistas, segundo o ranking “Bitcoin Obituaries”, o Bitcoin (BTC) deu a volta por cima e renovou sua máxima histórica, atingindo US$ 69.190 na tarde desta terça-feira (05). O preço supera o recorde de cerca de US$ 69 mil alcançado em novembro de 2021. Minutos depois, o BTC passou a recuar e operava a menos de US$ 67 mil.

A criptomoeda foi impulsionada principalmente pelo fluxo para os ETFs (fundos de índice) à vista dos Estados Unidos – aprovados na segunda semana de janeiro pelo regulador do país – e pela expectativa com o halving, atualização prevista para o final de abril que cortará mais uma vez pela metade a taxa de inflação programada do ativo digital.

“A gente já esperava que o Bitcoin ultrapassasse a máxima histórica, mas isso veio mais rápido do que as expectativas do início do ano justamente por causa de uma avalanche de demanda por Bitcoin advinda do efeito dos ETFs dos EUA, que facilitam o investimento em cripto no mercado institucional”, disse José Artur Ribeiro, CEO da corretora Coinext.

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Os ETFs foram liberados pela Comissão de Valores Mobiliários do país (SEC, na sigla em inglês) no dia 10 de janeiro. De lá para cá, após um breve período de buy the rumor, sell the news” (compre no boato, venda no fato), o volume acumulado de negociações nos veículos bateu recorde de US$ 73,9 bilhões na sexta-feira (1º), de acordo dados compilados pelo The Block.

Por volta das 14h, a criptomoeda registrou leve recuo e passou a ser negociada a US$ 66.984.

Até onde vai o preço?

Após ultrapassar sua máxima histórica, o BTC não tem mais resistências no preço, disse Fernando Pereira, analista da corretora Bitget. A tendência, portanto, é de novas máximas pela frente. Nesse caso, disse, a melhor maneira de identificar um topo é pelo aumento da oferta enquanto o preço sobe. Segundo dados verificados na blockchain (rede), aproximadamente 87% dos BTCs comprados não estão à venda atualmente.

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“Esse é o mesmo percentual que vimos, por exemplo, quando o Bitcoin estava em US$ 20 mil. Devido à pressão compradora extremamente forte e à baixa liquidez no momento, visto que existem poucos interessados em vender tanto no mercado à vista quanto no futuro, acredito que chegaremos em US$ 80 mil com facilidade, podendo chegar em US$ 100 mil antes do final do ano”. Previsão semelhante foi ventilada por Ana Mattos, analista técnica e trader parceira da Ripio.

Além dos ETFs, joga a favor do Bitcoin ainda o halving, a atualização na rede da criptomoeda que vai reduzir a emissão de BTC de 900 por dia para 450. Historicamente, a moeda costuma subir até 30% antes do evento, que ocorre a cada quatro anos. A expectativa de queda juros nos EUA também é um catalisador de alta para a moeda.

Cautela

Em carta extraordinária a investidores e parceiros, a gestora Hashdex disse que, apesar de estar muito otimista com as perspectivas do mercado, a cautela é amiga dos bons investimentos.

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“É bem verdade que os principais criptoativos têm apresentado uma substancial redução na sua volatilidade, o que, tudo mais constante, permite alocações maiores dentro dos portfólios. Ainda assim, seguem sendo uma classe com um nível de risco elevado em comparação a ativos tradicionais como ações. Assim sendo, continuamos prescrevendo um comportamento diligente e responsável em relação aos investimentos em cripto”.

Queda e ascensão

Antes de conseguir retomar seu topo de preço, a trajetória do Bitcoin nos últimos dois anos foi a típica história de ascensão após a queda. No final de 2022, o ativo digital colapsava após a quebra da exchange FTX – até então uma das mais importantes do mercado -, episódio que jogou a indústria de ativos digitais em uma crise de confiança que demorou para se dissipar.

O ano de 2023 também foi marcado pela multa bilionária paga pela Binance, a maior corretora cripto do mercado, para arquivar uma investigação aberta por reguladores nos Estados Unidos. A empresa admitiu ter violado a legislação americana de combate à lavagem de dinheiro. Na ocasião, o fundador da corretora, Changpeng Zhao, renunciou ao cargo de CEO.

Lucas Gabriel Marins

Jornalista colaborador do InfoMoney