Até onde vai a queda do Bitcoin? Veja 4 fatores negativos – e um motivo para otimismo

Maior moeda digital do mercado perdeu importante suporte de preço nesta semana

Lucas Gabriel Marins

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O Bitcoin (BTC) recuou pouco mais de 20% desde que atingiu sua máxima histórica de quase US$ 74 mil em meados de março. A queda, no entanto, ainda não terminou. Segundo casas de análises, apesar de um otimismo para este ano e o próximo, o cenário macroeconômico e o gráfico de preços da criptomoeda indicam mais recuos no curto prazo.

Veja a seguir quatro fatores para entender as expectativas em torno do preço do Bitcoin para as próximas semanas – e um para balizar as projeções de longo prazo.

Curto prazo

1. Indicadores técnicos ruins

“O rompimento adequado do BTC abaixo de US$ 60 mil agora (nesta semana) reabriu uma rota para a faixa de US$ 50-52 mil”, disse Geoffrey Kendrick, chefe de criptomoedas do Standard Chartered Bank, ao The Block. Na manhã desta quinta-feira (2), o BTC era negociado a US$ 58.484, segundo o agregador CoinGecko.

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Na terça-feira (30), o analista Fernando Pereira, da corretora de criptoativos Bitget, já havia sinalizado que o gráfico de preço da moeda digital indicava quedas bruscas. “Quando olhamos para o long short ratio e vemos que 75% do mercado está com contratos futuros de compra abertos, esse é um indicador fortíssimo que todos esses contratos devem virar liquidez para o preço romper esse suporte e ir buscar alvos mais baixos”, falou, de “US$ 54.800 em um primeiro momento e US$ 52.000 em um segundo momento”.

2. Resgates recordes em ETFs

Um dos principais fatores a influenciar o preço da criptomoeda no curto prazo é o fluxo de saídas dos ETFs (fundos de índice) à vista de BTC dos Estados Unidos, apontam os analistas.

Na quarta-feira (1), os investidores sacaram US$ 564 milhões dos 11 veículos financeiros do país, o maior volume desde que foram lançados na segunda semana de janeiro. A entrada líquida total acumulada neles soma US$ 11,2 bilhões.

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“Mais da metade das posições à vista de ETFs estão underwater (valem menos do que seu valor nocional) e, portanto, o risco de liquidação de algumas delas também deve ser considerado”, disse Kendrick, do Standard Chartered Bank.

Sobre as retiradas recordes, o chefe de ativos digitais da titã dos investimentos BlackRock, Robert Mitchnick, diz que ese movimento sinaliza que o mercado de ETFs à vista de BTC dos EUA está passando por uma mundança de público.

Instituições financeiras como fundos patrimoniais, soberanos e de pensão devem começar a negociar os produtos, segundo o especialista. “Muitas dessas empresas interessadas estão tendo diligências contínuas e conversas com foco em pesquisa, e estamos desempenhando um papel do ponto de vista da educação”, falou.

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3. Incerteza sobre juros

Joga também contra a criptomoeda no curto prazo a política monetária restritiva nos Estados Unidos. Nesta semana, o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, afirmou que vai manter os juros no patamar atual pelo tempo que for necessário. De acordo com a ferramenta CME FedWatch, metade do mercado acredita que o banco central americano só vai começar a cortar as taxas em setembro deste ano.

As avaliações a respeito do desempenho do setor cripto recuaram “à medida que as perspectivas macro se tornaram menos favoráveis. Em particular, o forte crescimento e a inflação elevada nos Estados Unidos reduziram a probabilidade de cortes nas taxas do Fed este ano”, escreveu a gestora Grayscale em relatório.

4. Falta de catalisadores

Passados o lançamento dos ETFs de Bitcoin americanos e o halving, investidores devem ter cuidado com o mercado cripto devido à falta de catalisadores positivos no curto prazo, e a queda no interesse dos investidores de varejo, disse o JPMorgan nesta quinta em nota.

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“Mantemos uma postura cautelosa nos mercados de criptomoedas no curto prazo”, escreveram analistas da instituição financeira, citando as vendas e realizações de lucros “significativos” no mercado de criptomoedas, em especial nos ETFs.

Longo prazo

Apesar do cenário atual negativo, as perspectivas para o longo prazo continuam otimistas. O Standard Chartered Bank mantém a aposta de que o Bitcoin pode alcançar US$ 150 mil no final deste ano e US$ 250 mil em 2025.

Já a Grayscale disse que, embora o cenário atual de juros nos EUA abale o setor, a economia do país está no bom caminho para um “pouso suave” e os cortes vão acontecer em algum momento, o que pode fazer o “preço do Bitcoin e a capitalização total do mercado cripto subirem novamente ao longo do ano”.