As visões de Jakurski sobre Banco Central, juro “no lugar errado” e bolsa americana

“O mercado não está barato, mas também não está ‘bolhado’, dentro da expectativa de preço/lucro”, afirmou o gestor

Beatriz Cutait

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SÃO PAULO – Crítico do “forward guidance” adotado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central desde agosto, André Jakurski, diretor executivo e um dos sócios fundadores da JGP, disse hoje que as autoridades monetárias mundo afora têm perdido poder de fogo com a adoção de juros próximos de zero ou negativos, criticou o atual nível de juro brasileiro de curto prazo e apontou receios com relação à falta de preocupação atual com o crescimento da dívida pública.

Ao responder perguntas feitas pelo filho Paulo em evento online promovido na noite desta sexta-feira (27) pela BRASA, associação de estudantes brasileiros no exterior, Jakurski ressaltou que acredita que a prescrição futura do BC está com seus dias contados.

“Sou do campo que acho que o Banco Central tem que prometer o mínimo possível para não fazer erros grosseiros”, afirmou. “Acho que a única coisa que o BC fez de errado no terceiro trimestre foi o forward guidance”, complementou, em referência à forma da autoridade de dar visibilidade ao mercado de que a taxa de juros não subirá em um futuro imediato.

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Ao ressaltar que o Brasil foi o país com o maior nível de gastos para conter a pandemia, com a alocação de cerca de 10% do PIB, Jakurski apontou que o país “salvou bastante do presente e sacrificou o futuro”.

Por isso, seguiu, é natural a curva de inflação estar empinada, isto é, indicando taxas mais altas, refletindo a percepção de que o “juro de curto prazo está no lugar errado”.

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Ainda assim, o gestor evitou as polêmicas recentes do mercado e aliviou a responsabilidade do Banco Central, apontando para as mudanças no cenário com a crise. “É muito difícil acusar o BC, porque a reviravolta inflacionária e de recuperação da economia foi muito rápida.”

Jakurski ainda ressaltou a perda de relevância da instituição e dos seus pares em detrimento às políticas fiscais.

Financiamento da dívida

Mesmo com a piora do fiscal brasileiro, o gestor também indicou não ver dificuldades para o governo se financiar. Segundo Jakurski, a situação brasileira é hoje tranquila, com menor dependência de investidores estrangeiros no financiamento da dívida pública.

“Basicamente, a dívida está nas mãos dos investidores domésticos, que vão continuar a financiar. Eu diria que, por enquanto, não vejo nenhum risco, apesar do esperneio. Pode ter um pouco mais de deságio nos papéis do governo, para dar uma remuneração maior, mas é questão de preço.”

Mercado americano caro

A conversa também abordou a visão do fundador da JGP sobre o mercado acionário americano. A negociação do índice S&P 500 a múltiplos preço/lucro um pouco acima de 21 vezes nunca foi vista na história, disse Jakurski, complementando que a relação só passou de 19 vezes em épocas de bolhas. Ainda assim, defendeu que esse não é o caso atual.

“O mercado não está barato, mas também não está ‘bolhado’, dentro da expectativa de preço/lucro”, afirmou. “Mas o mercado pode estar errando o lucro e subestimando uma subida eventual, não dramática, do juro.”

Independentemente do rumo das bolsas, Jakurski não considera o potencial de valorização mais tão expressivo e disse que, com a vacina, o mercado já estará olhando para o ano de 2022.

A recomendação é analisar melhor a seleção de ativos individuais do que mirar em índices de mercados. “Árvores não crescem até o céu. Vai ter um momento em que as arvores vão parar de crescer, e ter uma reversão.”

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Beatriz Cutait

Editora de investimentos do InfoMoney e planejadora financeira com certificação CFP, responsável pela cobertura do universo de investimentos financeiros, com foco em pessoa física.