As ações mais recomendadas pelos analistas para investir em janeiro

Commodities e setor financeiro despontam como as principais apostas para investir neste começo de ano

Mariana Zonta d'Ávila

(dima_sidelnikov/Getty Images)

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SÃO PAULO – Após um 2020 desafiador, em que o Ibovespa conseguiu reverter as fortes perdas provocadas pela pandemia de coronavírus e encerrar o ano com um leve desempenho positivo, 2021 também promete um cenário complexo para o investimento em ações.

“Mesmo diante do otimismo com relação à vacinação, sabemos que vai levar mais de um ano para se produzir vacina em massa e para vacinar todo mundo. Ainda viveremos em 2021 com a sombra do coronavírus trazendo alguma volatilidade”, diz Carlos Daltozo, co-head de renda variável da Eleven Financial Research.

Apesar dos riscos no horizonte e da rápida retomada do índice aos patamares pré-pandemia, as expectativas são positivas e ainda há espaço para oportunidades, destaca Jorge Oliveira, responsável pela área de ações da gestora BlueLine Asset Management.

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“2021 será impulsionado pela recuperação da lucratividade das empresas. As companhias sofreram bem em 2020 e agora estão pegando a virada”, diz.

O especialista da BlueLine diz ver um potencial de melhora entre 15% e 20% do lucro das empresas, o que deve se refletir em uma valorização do índice.

O principal risco, em sua avaliação, é o de inflação. “Um ponto de inflexão será quando aparecer a inflação, com a ferramenta para lidar com ela sendo a subida de juros no mundo, o que pode atrapalhar essa história alta das ações”, afirma, ressaltando que os efeitos sobre o mercado vão depender da velocidade e intensidade em que os juros vão voltar a ser elevados.

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Além da inflação, os investidores devem monitorar ainda a questão fiscal, no Brasil, e a necessidade do avanço na agenda de reformas, afirma Daltozo.

As ações preferidas para janeiro

Levantamento feito pelo InfoMoney com as recomendações de 11 corretoras mostra a preferência por empresas de commodities e pelo setor financeiro, com bancos e a própria ação da Bolsa brasileira.

Itaú Unibanco é novidade na seleção do mês, enquanto Magazine Luiza, Bradesco e Via Varejo deixam a lista.

Em 2020, as blue chips Vale e Petrobras estiveram entre as ações mais recomendadas, bem como Banco do Brasil e B3, liderando em praticamente todos os meses a lista de indicações dos analistas.

Exportadoras como JBS também ganharam protagonismo em meio à valorização do dólar, assim como nomes do varejo, casos de Lojas Renner, Pão de Açúcar e Magazine Luiza.

A carteira compilada pelo InfoMoney é divulgada no início de cada mês e seleciona os cinco nomes mais recomendados pelas casas de análise consultadas. O número de indicações pode ser maior, se houver empate.

Confira a seguir as ações mais indicadas para janeiro, o número de recomendações e seu desempenho em 2020:

Empresa Ticker Número de recomendações* Retorno em 2020
Vale VALE3 9 +70,93%
B3 B3SA3 6 +50,26%
Petrobras PETR4 6 -6,09%
Banco do Brasil BBAS3 5 -23,58%
Itaú Unibanco ITUB4 5 -11,22%
Ibovespa +2,92%
*Indicações compiladas das carteiras de ações de Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Elite, Genial, Guide, Necton, Santander Corretora, Singulare e XP Investimentos.
Fonte: Economatica

Vale (VALE3)

Assim como nos meses anteriores, Vale recebeu nove recomendações para janeiro e é a empresa favorita dos analistas na Bolsa.

De acordo com a Ágora, no curto e no médio prazo, a empresa deve se beneficiar do aumento da produção de minério de ferro. Os analistas ainda projetam um déficit para 2021, de cerca de 80 milhões de toneladas no mercado global da commodity, impulsionado pela forte demanda chinesa de aço, pela recuperação na Ásia e Europa, além da oferta ainda baixa.

A Santander Corretora, que também tem recomendação de compra para a mineradora, concorda e diz ter visão positiva para os preços do minério de ferro nos próximos anos, devido às incertezas relacionadas à oferta global da commodity, que podem sustentar os preços em níveis elevados.

Em 2020, as ações da Vale dispararam cerca de 71% na Bolsa, beneficiadas pela alta do minério de ferro e também pela maior visibilidade dos investidores sobre os próximos passos da mineradora após a tragédia de Brumadinho, em 2019.

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Na avaliação de Carolina Ujikawa, head de equity research da Mauá Capital, uma retomada da economia global, em meio à vacinação das populações, deve aumentar a procura por commodities como minério de ferro, aço e celulose, beneficiando as companhias produtoras. É o caso, por exemplo, da Vale, que compõe o portfólio da casa.

“Os incentivos ao redor do mundo costumam ser feitos via investimento em infraestrutura, o que dá o start para as economias, gera mais emprego e aumenta o consumo desses materiais básicos”, diz.

B3 (B3SA3)

Figurinha repetida entre as mais recomendadas, a ação da B3 recebeu seis recomendações para este mês.

Na avaliação da Ágora Investimentos, as baixas taxas de juros devem continuar a provocar a migração de recursos de outras classes de ativos para as ações. Além disso, mais empresas de setores diversos deverão abrir o capital na Bolsa, escrevem os analistas, melhorando o mix de mercado.

O time de análise da Guide Investimentos, por sua vez, destaca o poder de diversificação de receita da B3, com fluxo resiliente, serviços completos de trading, clearing, liquidação, custódia e registro, além do posicionamento dominante em derivativos, ações, câmbio, renda fixa e produtos de balcão.

“No longo prazo, acreditamos que a B3 continuará diversificando sua atuação no mercado brasileiro, por meio de novos produtos e serviços”, escreve a Guide.

No último ano, as ações da B3 tiveram forte alta, de 50,3%, em um contexto de maior apetite ao risco por parte dos investidores brasileiros e aumento no número de IPOs.

Petrobras (PETR4)

As ações preferenciais da Petrobras também receberam seis menções para este mês, entre as 11 casas de análise consultadas.

A avaliação do BTG Pactual é de que os papéis estão sendo negociados com desconto, já que não embutem no preço expectativas positivas para os preços do petróleo, nem uma alta convicção de desalavancagem e redução de riscos da petroleira.

Os analistas escrevem ainda, em relatório, que, após adicionar mais flexibilidade à sua política de dividendos, e com uma dívida bruta já em US$ 80 bilhões, a companhia pode acelerar o pagamento de proventos mais cedo que o esperado.

Já a Ativa Investimentos afirma que segue recomendando o ativo devido à possibilidade de os ganhos de eficiência via desinvestimentos, corte de despesas operacionais e otimização de custos ainda não estarem embutidos em seu preço.

As ações da Petrobras também fazem parte da carteira da gestora BlueLine. “É uma empresa que depende do preço internacional de petróleo, ativo que está em recuperação devido à reabertura econômica. Tem ainda uma nova gestão lá dentro, querendo deixar a empresa mais asset light ao vender o que não faz sentido, isto é, que não é de exploração ou produção de petróleo. Além disso, devemos ver mais caixa para a empresa, uma melhorara no endividamento e mais rentabilidade”, argumenta Oliveira.

Banco do Brasil (BBAS3)

O valuation descontado em relação a pares e a posição de destaque do banco em seu segmento de atuação, com mais de 40% da carteira de crédito concentrada nos setores de agronegócio e consignado, tidos como mais defensíveis, estão entre as principais justificativas da Singulare (novo nome da corretora Socopa) para a recomendação de Banco do Brasil em janeiro.

A avaliação é compartilhada pela Elite Investimentos, que cita os múltiplos atraentes e o retorno do pagamento de dividendos no ano passado para justificar a escolha.

O time da Ativa Investimentos, por sua vez, diz ver boas oportunidades no posicionamento da carteira de crédito do banco, que, atrelado ao desconto dos múltiplos em relação ao seu histórico, sustentam a recomendação de compra.

Para este mês, os papéis BBAS3 receberam cinco recomendações.

Com relação ao setor financeiro, Daltozo, da Eleven, aponta que os bancos estão preparados e bem posicionados para enfrentar um ciclo de inadimplência no primeiro trimestre.

O estrategista explica que este ciclo está atrasado, dadas as medidas adotadas pelo Banco Central em 2020, de postergação das parcelas e renegociação de crédito, além do pagamento do auxílio emergencial.

Em sua avaliação, os bancos já fizeram provisões adicionais ao longo últimos três trimestres e estão hoje com nível de cobertura (volume provisionado sobre carteira em atraso) acima de três vezes, tido como muito elevado.

Itaú Unibanco (ITUB4)

Novidades na seleção compilada pelo InfoMoney, os papéis do Itaú Unibanco, que estavam fora do Top 5 desde fevereiro de 2019, receberam cinco indicações para janeiro, sendo uma delas do BTG Pactual, que incluiu os ativos na carteira deste mês.

A justificativa é de que, com as taxas de juros de curto prazo em tendência de alta, faz sentido ganhar exposição aos bancos e Itaú é o mais bem posicionado entre os pares.

“O Itaú parece estar tomando decisões acertadas para transformar o banco de dentro para fora. Se eles também conseguirem se destacar na execução, em algum momento poderemos ver os resultados de forma mais clara”, escreve a equipe do BTG, em relatório.

Os analistas argumentam ainda que os bancos de maneira geral devem se beneficiar também da recuperação econômica e de uma base de comparação baixa, após um 2020 desafiador.

No BB Investimentos, ITUB4 também passou a compor o portfólio recomendado. Segundo o time de análise, o Itaú é um dos bancos privados mais preparados para o novo momento do setor, já que “se mantém na vanguarda da transformação digital, aliado à centralidade do cliente e aos ganhos de eficiência, além de possuir um dos melhores conjuntos de políticas em ESG (melhores critérios ambientais, sociais e de governança) do mercado brasileiro”.

Em paralelo, escrevem os analistas do BB, existe a probabilidade de uma separação da participação da XP Investimentos, da qual o Itaú possui aproximadamente 41%, por meio de um processo envolvendo a criação de uma nova companhia listada em Bolsa e a distribuição das ações desta aos acionistas do banco.

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