As ações mais recomendadas pelos analistas para comprar em junho; BTG entra na lista e Arezzo sai

Vale segue no topo das indicações, que trazem ainda bancos e empresas de commodities entre os destaques

Márcio Anaya

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Após muita volatilidade, o Ibovespa terminou maio em terreno positivo – com alta de 3,2%, aos 111.351 pontos – recuperando-se do tombo de 10% no mês anterior. Foi a quarta valorização mensal neste ano, indicando um ganho de 6,2% no acumulado de cinco meses, segundo dados Economatica.

Em meio à turbulência global provocada por um cenário mais apertado para o crescimento econômico e pressões inflacionárias, com um ambiente de juros mais altos, houve poucas mudanças na lista das ações mais recomendadas por analistas para junho, em relação ao mês passado.

A Vale (VALE3) segue na liderança, com sete indicações de investimento, seguida por Itaú Unibanco (ITUB4) e Multiplan (MULT3), ambas com cinco. Esta última, no entanto, subiu para a vice-liderança após duas estreias – nas carteiras da Ativa e do BB Investimentos – e uma exclusão, pela corretora Elite.

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A novidade do mês é a entrada das units do banco BTG Pactual (BPAC11) no rol de destaques. Os papéis receberam quatro apontamentos, mesma quantidade de Banco do Brasil (BBAS3), Petrobras (PETR4) e Suzano (SUZB3), que se mantiveram entre os mais indicados.

Com duas substituições neste mês, a Arezzo (ARZZ3) deixou de aparecer entre as preferidas dos analistas.

Para os próximos meses, o BB Investimentos afirma em relatório que a conjuntura para a Bolsa está alinhada à avaliação da casa sobre a temporada de balanços do primeiro trimestre: de neutra a positiva.

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De acordo com a instituição, as commodities em geral continuam sendo beneficiadas pelas dificuldades das cadeias de suprimentos, que afetam a oferta, e pela recuperação de demanda. Quanto aos ativos domésticos, o BB afirma que o ponto de inflexão será o fim do ciclo de alta dos juros – que acredita estar próximo – combinado com sinais efetivos de recuo da inflação.

A corretora espera que o Ibovespa encerre o ano em 132 mil pontos, pouco acima da projeção da XP, que é de 130 mil pontos.

O InfoMoney analisa todos os meses as carteiras recomendadas de ações de dez corretoras, apontando as cinco empresas mais citadas pelos analistas. O número pode ser maior, caso haja empate – como ocorreu desta vez, assim como em maio.

Veja a seguir as sete ações mais indicadas para junho, a quantidade de recomendações e os desempenhos de cada papel no acumulado de maio, em 2022 e em 12 meses:

Empresa Ticker Nº de recomendações Retorno em maio Retorno em 2022  Retorno em 12 meses
Vale VALE3 7 3,51% 14,83% -12,21%
Itaú Unibanco ITUB4 5 9,67% 25,39% 9,95%
Multiplan MULT3 5 -2,27% 28,69% -3,61%
Banco do Brasil BBAS3 4 12,19% 33,08% 19,54%
BTG Pactual BPAC11 4 9,74% 21,62% -17,08%
Petrobras PETR4 4 10,63% 28,70% 62,19%
Suzano SUZB3 4 9,09% -8,89% -9,83%
Ibovespa 3,22% 6,23% -11,78%

Fontes: Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Elite, Genial, Guide, Órama, Santander Corretora, XP Investimentos e Economatica

Confira agora os destaques de cada uma das companhias selecionadas para este mês, segundo relatórios divulgados pelas corretoras.

Vale (VALE3)

A gigante de mineração segue sendo a preferida dos analistas, presente em sete dos dez portfólios selecionados. A companhia perdeu uma indicação em relação a maio, pois foi substituída na carteira da Guide Investimentos.

Uma das corretoras que mantiveram a indicação de compra para Vale foi a Ágora Investimentos – mesmo tendo reduzido o preço-alvo estimado para as ações da empresa, de R$ 135 para R$ 117. Conforme relatório mensal, os analistas seguem “taticamente positivos” em relação aos papéis.

Segundo eles, os preços de minério de ferro permaneceram resilientes neste ano, refletindo a oferta menor, a diminuição dos estoques da matéria-prima e a sólida produção de aço chinesa – que, na opinião dos especialistas, não se deteriorou significativamente, mesmo com as restrições de circulação relacionadas à Covid-19.

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Além disso, a instituição acredita que a recuperação na demanda por aço no terceiro trimestre e a expectativa de melhor lucratividade para as siderúrgicas devem dar alguma sustentação aos preços do minério de ferro. Com isso, a Ágora projeta a cotação média do produto em US$ 140 a tonelada neste ano, ante previsão anterior de R$ 130 por tonelada. Em 2023, essa média deve recuar para US$ 110, em razão do aumento da oferta, prevê a corretora.

“O ambiente de preços do minério de ferro acima da média deve continuar sustentando a saudável geração de caixa [da Vale] de US$ 16 bilhões e US$ 12 bilhões em 2022 e 2023, respectivamente, se traduzindo em forte remuneração aos acionistas de 22% (entre dividendos e recompras de ações)”, dizem os especialistas da Ágora.

Multiplan (MULT3)

Com cinco recomendações, a Multiplan divide o segundo lugar no mês com o Itaú Unibanco. Os papéis da empresa estão entre as novidades escolhidas pela BB Investimentos para junho.

Em sua análise, a corretora destaca os resultados da companhia no primeiro trimestre que, na avaliação dos especialistas, mostram a capacidade de entregar crescimento e rentabilidade, mesmo diante de uma inflação elevada, que pressiona a renda da população.

No intervalo citado, a Multiplan contabilizou um lucro líquido de R$ 171,5 milhões, com alta de 270,5% em relação a igual período de 2021. A receita líquida cresceu 58%, para R$ 420 milhões.

Na opinião da BB, o ganho é reflexo do portfólio diferenciado que a empresa construiu ao longo das décadas. Uma das maiores administradoras de shoppings do Brasil, a Multiplan é dona de empreendimentos como o Morumbi, Vila Olímpia e Anália Franco, em São Paulo; e o BarraShopping e VillageMall, no Rio.

Itaú Unibanco (ITUB4)

O banco permanece com quatro indicações de investimento, entre elas a da Ativa – que segue otimista com o papel, apesar do aumento na inadimplência.

“Gostamos do case de Itaú, dono da segunda maior carteira de crédito do país, maior margem financeira e um dos maiores ROEs [retorno sobre o patrimônio líquido] entre seus pares”, afirma a instituição.

Segundo a Ativa, apesar dos desafios que os bancos tradicionais atravessarão nos próximos anos com a modernização e aumento de competitividade no sistema financeiro, o Itaú possui bons ativos de crédito e uma administração atenta a essas questões.

A corretora projeta um avanço entre 9% e 12% na carteira de empréstimos do banco em 2022, o que, aliado a ganhos maiores com a escalada dos juros (spreads bancários), permitirá que a margem financeira siga em elevação nos próximos anos.

Mesmo com um custo de crédito maior, em função da alta na inadimplência, a Ativa espera que o Itaú entregue um ROE de aproximadamente 20% neste ano.

BTG Pactual (BPAC11)

As units do BTG Pactual receberam quatro apontamentos e figuram como novidade na relação dos ativos mais recomendados do mês. O ingresso das ações do banco foi a única alteração promovida pela Ágora na revisão do seu portfólio.

A corretora ressalta que elevou recentemente suas projeções de lucro líquido para o BTG Pactual neste ano, em 2023 e em 2024, em razão do desempenho acima do esperado no primeiro trimestre. Os novos cálculos apontam um crescimento dos resultados em 25,9%, 11,3% e 11%, respectivamente.

Com isso, a corretora aumentou o preço-alvo estimado para as units do banco, de R$ 31 para R$ 33.

“Mantemos nossa recomendação de compra, suportada pelo maior crescimento dos lucros, resiliência em relação à diversificação de negócios e um valuation atraente em termos relativos”, diz o relatório da Ágora.

Petrobras (PETR4)

Outro papel a receber quatro indicações para junho foi o da Petrobras. A XP Investimentos diz manter a percepção de que as ações da petrolífera estão baratas demais para serem ignoradas, mas alerta sobre os riscos políticos.

A corretora citou a recente a demissão do CEO José Mauro Coelho, com menos de dois meses no cargo, assim como críticas do presidente Jair Bolsonaro (PL) a funcionários que estão há mais de seis meses na estatal.

“Embora vejamos ambas as notícias como negativas, não acreditamos que haverá uma mudança na política de preços de combustíveis da Petrobras”, diz o relatório assinado por Fernando Ferreira, Jennie Li e Rebecca Nossig, da XP.

Eles afirmam que, mesmo em um “cenário mais estressado” – que inclui 15% de desconto nos preços de paridade internacional para derivados de petróleo – estimam um preço justo de R$ 47,80 para ações da companhia, mostrando que “muito de um potencial cenário negativo já está embutido nos preços atuais”.

A projeção da XP equivale a um potencial de valorização de 59% para os papéis preferenciais da empresa (PETR4), com base no fechamento de 31 de maio.

Banco do Brasil (BBAS3)

A instituição financeira manteve as quatro indicações que havia recebido no mês passado. Recentemente, a Ágora elevou sua recomendação para o Banco do Brasil de neutra para compra, dada a perspectiva positiva apresentada no balanço dos três primeiros meses do ano.

Na avaliação da corretora, o BB deve sustentar um custo de risco baixo, por conta da sua carteira de crédito mais defensiva, que tem menor exposição a clientes pessoa física em comparação com seus pares.

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Além disso, os especialistas da Ágora acreditam que o resultado com intermediação financeira deve melhorar com as taxas de juros mais altas, levando a uma expansão mais rápida dos lucros em 2022 e 2023.

Com isso, os analistas elevaram, em média, em 12% suas projeções para o lucro líquido do BB nos próximos dois anos. O preço-alvo estimado para os papéis do banco aumentou em 13%, para R$ 45.

Suzano (SUZB3)

Fechando o rol das mais recomendadas estão as ações da Suzano, com quatro citações.

A Ativa diz manter uma visão positiva sobre o momento da companhia, apesar de os resultados do primeiro trimestre terem ficado abaixo das expectativas da instituição, por conta de paradas de manutenção em unidades fabris importantes (o que reduziu os volumes vendidos) e da pressão de custos ocorrida com o aumento dos preços de insumos químicos, dos combustíveis e da inflação.

De acordo com analistas da casa, mesmo com diversos obstáculos, a Suzano vem conseguindo implementar repasses de preços em todos os mercados onde atua, cenário que deve se manter pelos próximos trimestres, devido às condições atuais que comprimem a oferta global em celulose.

Em relatório, a Santander Corretora, que também indica as ações da Suzano, destaca que os preços da celulose de fibra curta na China ultrapassaram o patamar de US$ 800 a tonelada no fim de maio, segundo o índice FOEX, com potencial para superar a marca de US$ 850 a tonelada nos próximos meses.

“Um possível impacto da política de ‘Covid zero’ da China continua sendo uma das principais preocupações dos investidores, mas vemos a demanda por celulose em níveis saudáveis em todas as regiões”, afirma a instituição. “Além disso, continuamos esperando que a demanda chinesa melhore entre maio e junho”.

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Márcio Anaya

Jornalista colaborador do InfoMoney