As 7 ações mais indicadas para junho; TOTS3, RENT3 e PETR4 entram na lista e BBAS3 sai

Vale (VALE3) sustenta liderança, com oito recomendações, seguida de Itaú, com seis

Márcio Anaya

B3 Bovespa Bolsa de Valores de São Paulo (Germano Lüders/InfoMoney)

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O Ibovespa encerrou maio com alta de 3,7%, aos 108.335 pontos, e engatou o segundo mês consecutivo de ganhos. Agora, a desvalorização acumulada no ano recuou para 1,3%.

Em meio ao crescimento das apostas de corte nos juros, reduzindo as taxas futuras e animando os investidores em Bolsa, os analistas promoveram várias alterações nas carteiras recomendadas de ações para junho. Em relação a maio, houve um aumento de 24% nas trocas de papéis, resultando em uma média de três substituições por corretora.

O levantamento considera uma base de dez casas de análise monitoradas periodicamente pelo InfoMoney.

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As revisões não alteraram o topo do ranking, mas permitiram o ingresso de três companhias no rol das mais indicadas neste mês: Totvs (TOTS3), Petrobras PN (PETR4) e Localiza (RENT3). A liderança permanece com a Vale (VALE3) , com oito apontamentos, seguida de Itaú Unibanco (ITUB4), com seis.

Multiplan (MULT3) e Prio (PRIO3) perderam recomendações, mas ainda se mantêm entre as mais citadas. O mesmo, no entanto, não aconteceu com o Banco do Brasil (BBAS3), que ficou de fora em junho.

Confira as análises sobre cada empresa:

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• Vale (VALE3)
• Itaú Unibanco (ITUB4)
• Totvs (TOTS3)
• Localiza (RENT3)
• Multiplan (MULT3)
• Petrobras (PETR4)
• Prio (PRIO3)

Em termos de conjuntura, a BB Investimentos afirma que a temporada de balanços do primeiro trimestre deixou um saldo positivo, mas recomenda cautela aos investidores.

Isso porque, segundo a corretora, a pressão sobre o lucro das companhias deve permanecer nos próximos resultados, em razão das taxas de juros nominais ainda elevadas e lembrando que o consenso de mercado aponta para o início de redução da Selic somente entre o terceiro e o quarto trimestre deste ano.

“Sob o ponto de vista dos fundamentos, não enxergamos alterações relevantes no radar. Seguimos com o preço-alvo de 127 mil pontos para o Ibovespa ao final de 2023.”

Todos os meses, o InfoMoney analisa as carteiras recomendadas por dez corretoras, apontando as cinco companhias mais indicadas pelos analistas. O número pode ser maior, caso haja empate, como ocorreu agora.

Confira a seguir as sete ações mais citadas para junho, a quantidade de recomendações e os desempenhos de cada papel no acumulado de maio, em 2023 e em 12 meses:

Empresa Ticker Nº de recomendações  Retorno em maio Retorno em 2023  Retorno em 12 meses
Vale VALE3 8 -11,86 -26,63 -20,17
Itaú Unibanco ITUB4 6 1,65 6,90 5,87
Totvs TOTS3 5 12,08 4,93 2,52
Localiza RENT3 4 6,95 17,55 10,64
Multiplan MULT3 4 2,43 21,76 14,27
Petrobras PETR4 4 10,21 19,73 36,97
Prio PRIO3 4 -1,61 -8,12 22,15
Ibovespa 3,74 -1,28 -2,71

Fontes: Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Genial, Guide, Órama, Santander Corretora, Terra Investimentos, XP Investimentos e Economatica.

Vale (VALE3)

Apesar da turbulência recente no mercado de minério, as ações da companhia mantiveram as oito recomendações recebidas no mês passado e seguem isoladas na liderança.

Na opinião da Ágora Investimentos, boa parte dos “fracos” resultados apresentados pela Vale no primeiro trimestre já está refletida nas cotações.

A corretora mantém a visão de que os fundamentos do mercado de minério de ferro devem melhorar nos próximos meses, sustentados pelo aumento da demanda na China e pelos baixos estoques do produto, sobretudo por parte das siderúrgicas.

“A Vale deve se beneficiar diretamente desse ambiente positivo, com forte geração de caixa e perspectivas de remuneração aos acionistas.”

Pelos cálculos da instituição, o valuation da mineradora está atraente, com um EV/Ebitda de 2,7 vezes para 2023 – um desconto de 25% em relação às concorrentes australianas, por exemplo. Além disso, é quase metade do patamar de 5 vezes que a Ágora diz considera “justo” nesta etapa do ciclo econômico global.

O EV/Ebitda aponta o valor da empresa em relação à potencial geração de caixa. A leitura do indicador é que quanto menor, melhor.

Totvs (TOTS3)

Com uma estreia e o total de cinco indicações para este mês, a companhia retorna à lista de destaques, ocupando a terceira colocação geral.

“Acreditamos que a Totvs apresenta sólidas perspectivas financeiras e continuará crescendo tanto organicamente, com o lançamento de novos produtos, quanto via aquisição de outras empresas (M&A) com soluções complementares às suas, com enfoque principalmente no segmento de Business Performance [portfólio de soluções focadas em aumento de vendas, competitividade e desempenho por marketing digital]”, diz a Santander Corretora.

A instituição comenta que atualizou recentemente o preço-alvo projetado para a empresa, com um leve recuo de R$ 36 para R$ 35, tendo como horizonte o fim de 2023.

Segundo o relatório, o ajuste decorre de uma redução nas estimativas de receita líquida, Ebitda e lucro líquido para este ano, em 1%, 6% e 6%, respectivamente.

“A revisão baixista do Ebitda e do lucro líquido é explicada por um cenário de expansão de margem mais desafiador, em parte devido ao descasamento entre o IGP-M e o IPCA”, diz o Santander. “No entanto, o potencial de valorização de 20% em relação aos preços atuais no faz manter a recomendação de ‘compra’ para TOTS3.”

Itaú Unibanco (ITUB4)

A instituição financeira manteve um saldo de seis apontamentos e permanece na vice colocação em junho.

Os papéis estão, por exemplo, entre as novidades escolhidas pelo BTG Pactual para este mês. “A ação subiu ‘apenas’ 2% em maio (vs. 13% do Bradesco), o que significa que teve um desempenho inferior ao de seu principal par no último mês”, comenta o banco, para o qual uma diferença tão grande de desempenho é “injustificável”.

Além de enxergar o Itaú como o banco “premium” do país, executando uma melhor transformação digital, o BTG diz não concordar com o desconto existente hoje quando se analisa o P/L (preço/lucro) antes dos impostos em relação ao Bradesco.

A instituição entende que o Itaú apresentou um resultado sólido nos primeiros três meses do ano, “com métricas de qualidade de ativos muito saudáveis”. Para os próximos trimestres, espera um ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) superior a 20%.

Petrobras (PETR4)

A petrolífera também figura entre as novidades de junho, com quatro recomendações, dividindo quarto lugar na classificação geral com outras três empresas.

A Petrobras contabiliza duas estreias neste mês, uma delas no portfólio da XP, que a considera uma oportunidade lucrativa, apesar dos riscos.

“Acreditamos que a PETR4 deve continuar sendo um investimento sólido em um cenário de preços de petróleo controlados como o atual.”

A corretora lembra que a companhia anunciou recentemente uma nova política de preços para o diesel e a gasolina. Para os especialistas, embora haja incertezas sobre a implementação da nova estratégia em diferentes cenários, a notícia é marginalmente positiva, pois remove – pelo menos temporariamente – uma das principais fontes de risco.

“Na situação atual, ainda vemos a Petrobras como rentável, gerando fluxo de caixa e fornecendo dividendos para acionistas controladores e minoritários.”

A XP destaca ainda que a empresa tem apresentado múltiplos atraentes, como um EV/Ebitda de 2,1vezes para 2023, ante 3,4 vezes no caso das principais concorrentes ocidentais.

Apesar do horizonte positivo, a corretora pondera que o risco político continua sendo a principal preocupação dos investidores, e deve ser considerado, embora entenda que há chances menores de a Petrobras apresentar “drenos de caixa” nas mesmas magnitudes vistas no passado.

Localiza (RENT3)

A companhia também recebeu quatro indicações em junho e faz sua estreia no rol de destaques em 2023.

Ao incluir Localiza na carteira, a BB Investimentos justifica que a demanda aquecida por locação, em especial a corporativa, tem beneficiado a tese da empresa.

“Além disso, a partir de junho, a temporada de férias escolares deve impulsionar a locação individual, que tem ticket maior e contribui para maiores yields das locadoras.”

A corretora ressalta ainda que a Localiza é uma das maiores compradoras de veículos do país, com potencial para obter descontos elevados nas negociações, e deve se beneficiar da redução de impostos (IPI, PIS/Confins), com queda de até 10,9% no valor final desses bens.

Tais condições se somam à perspectiva de redução dos juros, outro fator que deve favorecer as locadoras. Se esse cenário se confirmar, haverá um estímulo da demanda e diminuição no custo de capital, abrindo espaço para eventuais captações de recursos para renovação e expansão da frota, diz o relatório da instituição.

Prio (PRIO3)

A empresa de petróleo perdeu duas recomendações em relação ao mês passado, quando ocupou a vice-liderança, mas permanece entre as mais lembradas em junho – presente em quatro portfólios.

Após o balanço do primeiro trimestre, a Ágora revisou as estimativas para a companhia, elevando de 66 mil para 76 mil barris por dia o pico de produção do campo Albacora Leste.

A corretora citou também os resultados mais fortes do que o esperado dos novos poços no campo de Frade, com uma produção média por poço de 9 mil barris por dia, contra uma previsão de 4 mil.

Os analistas ponderam, no entanto, que o preço do petróleo Brent tem ficado abaixo das expectativas no acumulado do ano, razão pela qual enxergam algum risco de queda na projeção de US$ 90 o barril para 2023.

“No longo prazo, continuamos confortáveis com nossa estimativa de US$ 70 o barril”, diz a Ágora.

Multiplan (MULT3)

A empresa também registra quatro apontamentos, um a menos que maio, e fecha o último bloco de destaques de junho.

Na opinião da corretora do BB, a boa execução operacional da Multiplan tem permitido a entrega de fortes resultados, mesmo diante de um cenário mais lento de consumo.

“A boa seleção de lojas no seu portfólio de shoppings, com mais de 1/3 da área bruta locável exposta aos setores de alimentação e serviços, tem contribuído para maior resiliência das vendas.”

A instituição afirma que a companhia tem mostrado também disciplina financeira, com ganhos de rentabilidade, liquidez elevada e expressiva geração de caixa operacional – fatores que permitem a manutenção da distribuição de dividendos e um payout em torno de 70%.

Márcio Anaya

Jornalista colaborador do InfoMoney