ALZR11 tem maior ágio, enquanto grande parte dos FIIs opera com desconto; Ifix fecha no zero a zero

E mais: Rio Bravo afasta problemas com CRIs; ZAVI11 comprar galpão por R$ 50 mi

Mariana Segala

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Na sessão desta quinta-feira (6), o Ifix – índice dos fundos imobiliários mais negociados na Bolsa – fechou exatamente no zero a zero, aos 2.760 pontos. Confira abaixo os destaques do dia.

Maiores altas desta quinta-feira (6):

Ticker Fundo Variação (%)
RELG11 REC LOGÍSTICA 3,15
VINO11 VINCI OFFICES 2,80
VGIR11 VALORA CRI CDI 2,36
BRCR11 BTG PACTUAL CORPORATE OFFICE FUND 2,07
BLMG11 BLUEMACAW LOGÍSTICA 2,01

Maiores baixas desta quinta-feira (6):

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Ticker Fundo Variação (%)
PATL11 PÁTRIA LOGÍSTICA -3,06
BCRI11 BANESTES RECEBIVEIS IMOBILIARIOS -3,39
DEVA11 DEVANT RECEBÍVEIS IMOBILIÁRIOS -3,76
HCTR11 HECTARE CE -4,81
VSLH11 VERSALHES RECEBIVEIS IMOBILIARIOS -5,16

Fonte: B3

Enquanto a maior parte dos fundos imobiliários – pelo menos dentre os que compõem o Ifix – operam com desconto na B3, alguns poucos se dão ao luxo de ter as cotas negociadas a preços superiores ao seu valor patrimonial. E em março, um fundo que ficou famoso em 2022 tornou-se o FII com maior ágio do mercado: o Alianza Trust Renda Imobiliária (ALZR11).

Conhecido popularmente entre os investidores como “Alzirão”, o ALZR11 terminou o mês passado com ágio de 5,7%, de acordo com levantamento realizado pela Levante, destronando o CSHG Logística (HGLG11), que ocupava o topo do ranking.

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O ALZR11, que possui cerca de 110 mil cotistas, investe prioritariamente em propriedades para renda via contratos de locação atípicos, do tipo built-to-suit e sale & leaseback. Ele ganhou os holofotes quando anunciou, em setembro de 2022, a distribuição de “dividendos monstros” de R$ 5,65 por cota, bem acima da faixa de R$ 0,78 por cota que vinha pagando há meses.

Foi uma distribuição extraordinária, devido à venda de um imóvel do fundo localizado na Avenida Nações Unidas, na capital paulista, locado para a Clariant Brasil, empresa do setor químico, depois de uma longa negociação iniciada cinco meses antes.

De lá para cá, o fundo fez algumas movimentações. Aumentou gradualmente os rendimentos mensais aos cotistas – o último pagamento, realizado em março, foi de R$ 0,82 por cota, o maior valor histórico (à exceção dos “dividendos monstros” de setembro passado). Também contratou formador de mercado para aumentar sua liquidez na Bolsa.

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Para a Levante, dado o seu preço de negociação atual, o ALZR11 é um dos poucos FIIs que poderiam emitir novas cotas no momento atual. “Basta ver se há apetite comprador no mercado”, aponta relatório da casa de análise.

É precisamente o que o Alianza Trust pretende fazer. Em março, o fundo colocou em marcha uma consulta formal com os cotistas sobre a intenção de realizar uma nova oferta de cotas – e com a aprovação de quase 82% deles, deve colocar o plano para funcionar ao longo dos próximos 12 meses.

A intenção do fundo é emitir 2,4 milhões de novas cotas – o que, aos preços desta quinta-feira (6), totalizaria em torno de R$ 263 milhões.

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Rio Bravo afasta problemas com CRIs; [ativo=ZAVI11] comprar galpão por R$ 50 mi

Confira as últimas informações divulgadas por fundos imobiliários em fatos relevantes:

Rio Bravo afasta problemas com CRIs nos fundos RBHG11 e RBHY11

Em comunicados divulgados ao mercado, a Rio Bravo Investimentos afastou a possibilidade de problemas com inadimplência de CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), após a série de calotes verificados nas últimas semanas.

A equipe de gestão dos FIIs Rio Bravo Crédito Imobiliário High Grade (RBHG11) e Rio Bravo Crédito Imobiliário High Yield (RBHY11) informaram que os portfólios não possuem exposição a CRIs que tenham como devedoras as companhias Circuito de Compras e Gramado Parks, “assim como não possuem exposição a empreendimentos de multipropriedade”.

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Nos comunicados, a gestora disse ainda que as carteiras seguem com “desempenho satisfatório no que tange à capacidade de crédito dos devedores (CRIs com lastro corporativos) e com
relação aos níveis de venda, recuperação e inadimplência das carteiras pulverizadas de recebíveis”. Além disso, os FIIs não possuem investimento direto através de participação societária de projetos.

ZAVI11 vai comprar galpão logístico por R$ 50 milhões

O FII Zavit Real Estate Fund (ZAVI11) firmou um compromisso de compra de um galpão logístico de 35 mil m² de área bruta locável, utilizado como principal centro de distribuição de “empresa que figura como 5º maior player de seu setor, com faturamento de quase R$ 5 bilhões”. Trata-se de uma operação de sale & leaseback, com a previsão de estabelecer um contrato de locação atípico de 15 anos com a própria empresa vendedora.

O fundo pagará desembolsará R$ 50milhões à vista na data de celebração da escritura. “Pontua-se que parte do valor de aquisição será pago através de operação de securitização”, indica fato relevante divulgado pelo ZAVI11.

Depois de encerrada a transação, 51% do portfólio de imóveis do fundo estará concentrado no setor de logística, ante os 32% atuais. A participação de outros segmentos da carteira será de 39% para o industrial, 9% de lajes corporativas e 1% de renda urbana.

Giro Imobiliário: o que são FIIs “high yield” e como escolher; fundo Hectare Real Estate é fechado para resgates

FIIs “high yield” são carruagem que virou abóbora após calotes de CRIs, diz analista

A inadimplência em série de certificados de recebíveis imobiliários (CRI) descortinou o verdadeiro perfil dos fundos imobiliários do tipo high yield, avalia Ricardo Figueiredo, especialista em FIIs da Spiti. Em uma analogia com os contos de fadas, ele afirma que essa classe de ativo surfou a onda de carruagem, mas voltou a ser abóbora diante do atual cenário.

Figueiredo falou sobre o assunto durante a edição desta terça-feira (4) do Liga de FIIs, programa apresentado por Maria Fernanda Violatti, analista da XP, Thiago Otuki, economista do Clube FII, e Wellington Carvalho, repórter do InfoMoney.

Nos três primeiros meses do ano, o mercado de fundos imobiliários perdeu mais de R$ 7 bilhões em valor de mercado. Parte da desvalorização é atribuída ao desempenho dos FIIs de “papel”, que investem em títulos de renda fixa atrelados a índices de inflação e à taxa do CDI (principal indicador da renda fixa).

Entre os ativos presentes no portfólio dessa classe de FIIs está o CRI, instrumento usado por empresas do setor imobiliário para captar recursos no mercado. Na prática, essas companhias “empacotam” receitas futuras que têm para receber – como aluguéis ou parcelas pela venda de apartamentos – em um título e vendem para investidores, como os FIIs.

“[É preciso lembrar que] nos fundos de ‘papel’, há dívidas de maior qualidade (com menor probabilidade de calote) e a dívida mais apimentada”, detalha. “A dívida mais apimentada [e que gera os maiores dividendos] é a que tanto seduz o investidor, mas o risco nestes fundos também é maior”, pondera Figueiredo.

Diante da dinâmica, o especialista questiona a utilização do termo high yield para os fundos concentrados em dívidas mais apimentadas. Para ele, o mercado deu um nome mais sofisticado a um ativo que deveria ser simplesmente chamado de “mais arriscado”.

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FIIs “high yield” são carruagem que virou abóbora após calotes de CRIs, diz analista; o que são e como escolher

Fundo multimercado Hectare Real Estate é fechado para resgates

O fundo multimercado Hectare Real Estate, da gestora Hectare Capital, foi fechado para resgates devido a “eventos excepcionais atrelados a iliquidez dos ativos financeiros componentes da carteira”, inclusive “em decorrência de pedidos de resgates incompatíveis com a liquidez existente”.

O fundo possui, atualmente, pouco mais de 1.800 cotistas e um patrimônio de R$ 174 milhões. Do início do ano para cá, sofreu com resgates líquidos (descontadas as aplicações) de R$ 56 milhões, de acordo com dados da plataforma Economatica. Ele chegou a ter perto de 2,4 mil cotistas no fim de 2022.

Criado em 2018, o Hectare Real Estate é voltado para investidores qualificados, aqueles que possuem R$ 1 milhão ou mais em aplicações financeiras.

A carteira é composta, principalmente, por cotas de outros fundos geridos também pela Hectare Capital – como o fundo de recebíveis Hectare II FIDC e o fundo imobiliário Hectare I. Juntos, esses dois fundos correspondem a pouco mais de 80% do multimercado, conforme dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A Hectare Capital é também a gestora de fundos imobiliários com cotas negociadas na B3, entre eles o Hectare CE (HCTR11), que registrou inadimplência em série de vários Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) presentes em sua carteira nas últimas semanas.

Mariana Segala

Editora-executiva do InfoMoney