Além de Bitcoin e Ethereum: em cripto este ano, só se fala em Telegram

Criptomoeda Toncoin, ligada ao mensageiro, já subiu quase 200% nos últimos 3 meses, e muita gente acha há mais espaço de crescimento pela frente

Lucas Gabriel Marins

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Além do Bitcoin (BTC) e do Ethereum (ETH), que costumam ganhar espaço no noticiário por causa de lançamentos de ETFs (fundos de índice), atualizações e movimentos de preços, outra cripto chamou atenção do mercado nos últimos meses: a Toncoin (TON), conhecida como a “criptomoeda do Telegram”.

O projeto ganhou essa alcunha porque começou a ser desenvolvimento por Pavel Durov, CEO do serviço de mensagens instantâneas, em 2018. Dois anos depois, porém, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (a SEC) virou sua mira regulatória para a cripto, alegando que a venda dos ativos pelo aplicativo configuraria uma oferta pública, passível de autorização.

Para não deixar a TON morrer, desenvolvedores independentes formaram a uma comunidade descentralizada chamada The Open Network, e assumiram a Toncoin, sem a participação do Telegram, o que tirou o ativo da visão do regulador. Deu certo. De lá para cá, a criptomoeda se fortaleceu, foi listada em diversas exchanges e atraiu investimentos.

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A Pantera Capital, gestora com US$ 5,2 bilhões em ativos sob gestão, anunciou neste mês que fez seu maior aporte de todos os tempos do projeto. “Acreditamos que a TON tem a capacidade de apresentar o setor cripto às massas porque é amplamente utilizada na rede Telegram”, disseram. O valor não foi revelado, mas foi o suficiente para impulsionar os preços. Desde então, a cripto sobe mais de 10%, alcançando alta de 188% nos últimos três meses, contra apenas 31% do Bitcoin e 29% do Ethereum na mesma janela.

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O que diferencia a Toncoin de outros projetos?

Em termo técnicos, a Toncoin usa uma arquitetura de “multichain” (várias cadeias) e sharding (fragmentação da rede). Na prática, isso significa que ela é composta de várias cadeias de blocos que operam paralelamente. Na teoria, essa abordagem permite uma capacidade maior de crescer de forma sustentável, já que a carga de transações pode ser distribuída entre múltiplas cadeias.

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“Eles afirmam que a blockchain deles é muito mais rápida e muito mais escalável no sentido de conseguir processar muito mais transações por segundo, e isso é perfeito para casos de uso como games, microtransações e coisas assim. Mas isso ainda precisa ser testado na prática”, disse Rony Szuster, analista de Research do MB.

De acordo com o especialista, há muita blockchain nova prometendo ser mais rápida, veloz e barata, mas no final não consegue entregar o que promete. “O interessante é que pelo menos essa ideia de arquitetura escalável via shardings realmente pode vir a dar um resultado muito bom. E é por isso que a TON também teve valorização ao longo dos últimos tempos, impulsionada também pela própria comunidade do Telegram”, falou.

Recentemente, um jogo chamado Notcoin, que foi construído no aplicativo de mensagens e tem 35 milhões de usuários, lançou uma criptomoeda de mesmo nome na Toncoin. O airdrop (distribuição gratuita de criptos) do token gerou US$ 1 bilhão de volume de negociação no dia após o lançamento, também servindo de catalisador positivo para o projeto.

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Vale investir? Quais os riscos?

Investimento em criptomoeda é sempre arriscado. Analistas costumam dizer que o recomendado é alocar em ativos digitais apenas aquele dinheiro que não será usado para comprar o pão de cada dia – ou seja, que se pode perder.

“Como qualquer outro criptoativo, a Toncoin também pode apresentar riscos inerentes ao investimento em renda variável, como riscos sistêmicos, operacionais, regulatórios, de infraestrutura, entre outros”, disse Ana de Mattos, analista técnica e trader parceira da Ripio.

Do ponto de vista fundamentalista, o projeto segue crescendo: mês passado, anunciou parceria com a Tether para permitir pagamentos no Telegram no “dólar digital” USDT.

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Na análise técnica, segundo Ana, os gráficos indicam um cenário positivo. Após atingir sua a máxima de US$ 7.50 no dia 13 de maio, a TON está trabalhando em um movimento corretivo de baixa para ir em busca dos suportes de curto e médio prazo, que estão nas regiões de liquidez dos US$ 6,12 e US$5,60.

“Apesar da estrutura do movimento corretivo de curto prazo, ao analisarmos tempos gráficos maiores, como o diário e o semanal, vemos que a força compradora ainda prevalece, sugerindo alta no longo prazo. Ao traçar uma expansão de Fibonacci na última pernada de alta do gráfico de diário, vemos que o preço da TON poderá atingir o primeiro nível da expansão nos US$ 8,89, caso o ativo dê continuidade na alta com bastante fluxo comprador”.