Bolsa: investidores que ganharam muito nos últimos anos contam estratégias para 2014

O fundo da Equitas rendeu 66,85%, enquanto o da Quest deu 56,47% de retorno a seus investidores, nos últimos dois anos

Arthur Ordones

Publicidade

SÃO PAULO – O principal fundo de ações da Equitas e da Quest foram os que mais renderam nos últimos 24 meses, de acordo com o Ranking InfoMoney. O primeiro rendeu 66,85%, enquanto o segundo deu 56,47% de retorno a seus investidores, nos últimos dois anos.

Clique aqui para acompanhar outras matérias do Especial InfoMoney Retrospectiva 2013/Perspectivas 2014

Luis Felipe Amaral, co-gestor da Equitas, afirmou que as principais apostas da gestora nesse período foram nomes vinculados ao consumo domestico, do setor de educação – como Abril Educação (ABRE11) e Estácio (ESTC3) – a BRF (BRFS3), que é a principal posição do fundo, Suzano (SUZB5) e o setor Imobiliário. “Temos posição antiga na EZTec (EZTC3). É uma excelente empresa, que quadruplicou de preço desde que entramos”, afirmou.

Aula Gratuita

Os Princípios da Riqueza

Thiago Godoy, o Papai Financeiro, desvenda os segredos dos maiores investidores do mundo nesta aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Acompanhe a cotação de todos os fundos imobiliários negociados na BM&FBovespa

Já Welliam Wamg, co-gestor da Quest Investimentos, disse que apostou em empresas boas geradoras de caixas, boas pagadoras de dividendos e empresas com exposição ao câmbio. “Exportadoras, como a Dufry (DAGB33), que realizou uma serie de aquisições, incluindo o terminal três do aeroporto de Guarulhos, tiveram um ótimo desempenho neste período. Essa companhia, em especial, só em 2013 subiu mais de 50%”, contou.

Quer saber mais sobre os termos usados no mercado financeiro? Acesse o glossário InfoMoney

Continua depois da publicidade

Além disso, outra grande aposta da gestora neste período foi a Embraer (EMBR3), que no primeiro semestre foi um dos maiores destaques do fundo. “90% da receita vem de mercado externo, afinal, ela é uma das maiores exportadoras do Brasil”, disse. “O maior competidor dele, Bombardier, está focada em avião maior, então acabou perdendo competitividade. Além disso, ela está desenvolvendo um novo avião de defesa, o KC 390, projeto no qual o governo atua diretamente”, completou.

Por fim, a Quest citou a Grendene (GRND3), que continua se beneficiando no setor de consumo brasileiro. Além do mais, de acordo com Wamg, ela possui uma marca muito forte. “A Melissa, que é o principal produto da companhia, associa a marca a figuras importantes, como Anitta, Gustavo Kuerten e Gisele Bündchen. Ela ainda lançou uma coleção com a marca da Channel, um produto de baixa renda com marketing muito forte. Além de tudo, ela é uma ótima pagadora de dividendos, com dividend yield de 6%, e com múltiplos muito baratos”, afirmou.

2014
Em relação ao ano que vem, Amaral, da Equitas, disse que o fundo vai passar por mudanças, para refletir a mudança de cenário que o mercado espera para 2014. “Achamos que vai ser um ano desafiador para o consumo 2014. As perspectivas são de ajuste na economia depois das eleições, seja Dilma a vitoriosa ou a oposição”, explicou.

Para ele, a demanda interna vai cair muito e a economia vai esfriar, tendo que passar por reajustes, o que deixaria os próximos dois anos desafiadores para o consumo. “A inflação está alta, o crescimento muito baixo e isso deve continuar em 2014. As grandes oportunidades aparecem nos setores mais cíclicos”, afirmou. “O nome do jogo no ano que vem vai ser stop picking.”

Para 2014, a Quest saiu de BRF, pois, apesar de ter uma visão positiva no horizonte de longo prazo, no curto prazo ela tem um desafio grande pela mudança de time de gestão. As apostas que continuam são nas empresas que se beneficiam da alta do dólar, como Suzano (SUZB5) e Klabin (KLBN4), e no setor industrial. “Entramos na Tupy (TUPY3), que é uma empresa muito interessante. Ela passou por um processo de novo IPO em 2013 e, assim, começou a ser conhecida pelos investidores. Ela é uma das poucas que conseguiu manter um alto nível de competitividade, sendo que a companhia passou por uma recuperação financeira aguda em 2000 e agora está com uma expansão forte”, explicou.

“É uma posição que temos muita confiança, afinal, depois da oferta de ações em outubro, ela começou a ganhar liquidez, hoje movimentando R$ 6 milhões por dia. Depois de um mês, em novembro, os analistas começaram a soltar relatório de inicio de cobertura e ela começou a ficar no radar”, completou.

Por fim, outro setor que está na mira da gestora no ano que vem é o de educação. “2014 vai ser um bom ano bom para todas as empresas do setor. Os programas do governo fazem muito sentido, pois o nível educacional é baixo, então a massa é enorme. O governo tem claramente a percepção de que esse é um esforço que não tem como tocar sozinho, ou seja, a iniciativa privada é bem vinda. Os programas são exemplos que, nesse contexto fazem muito sentido. Seria um tiro no pé qualquer governante que entre no ano que vem cortar isso”, disse.

Já Wamg, da Quest, afirmou que em 2014 a carteira vai permanecer com mesmo perfil: defensiva, com setores e empresas com exposição ao câmbio, boas pagadoras de dividendos e geradoras de caixa.

De acordo com ele, uma aposta é o BB Seguridade (BBSE3), que é uma ótima pagadora de dividendos e com alto potencial de crescimento. “Em vários produtos a penetração é abaixo de um e nós acreditamos que qualquer potencial de conflito de interesse está blindado, dado a presença de um minoritário no conselheiro de administração”, explicou.

Outro setor no radar da gestora é o educacional, com foco na companhia Ser Educacional (SEER3), que é uma empresa com um grande desconto em relação aos peers, no ensino superior, e que vai ser muito beneficiada pelo sucesso do Pronatec, que pode representar mais de 25% do lucro. “Além da Ser, temos posição em Kroton (KROT3) e Anhanguera (AEDU3) também, que ainda vão ganhar muito com o sucesso do Fies”, afirmou.

A Quest ainda vai manter posição em Klabin, por acreditar que o projeto de celulose é muito positivo para empresa. “Ela tem um potencial de valorização de R$ 3,00 reais por ação e um custo operacional muito mais baixo que os peers”, finalizou.