As melhores e piores ações para 2014, segundo um dos maiores gestores do mundo

De acordo com Will Landers, da BlackRock, entre as melhores ações para 2014 estão o Itaú Unibanco (ITUB4) e a Kroton (KROT3)

Paula Barra

Publicidade

SÃO PAULO – 2013 nem terminou ainda e o mercado já está em 2014, um ano que promete muitas emoções, principalmente na bolsa de valores, que deve ficar com movimentos incertos em grande parte do tempo. No entanto, de acordo com Will Landers, diretor-gerente dos fundos de ações da BlackRock na América Latina, apesar da forte volatilidade, será possível encontrar boas oportunidades no mercado acionário.

Clique aqui para acompanhar outras matérias do Especial InfoMoney Retrospectiva 2013/Perspectivas 2014

Segundo ele, existem alguns setores que deverão ficar no foco dos investidores no ano que vem, pois estarão, de certa forma, “blindados” das incertezas macroeconômicas, como o de Papel & Celulose, Financeiro e Educação.

Aula Gratuita

Os Princípios da Riqueza

Thiago Godoy, o Papai Financeiro, desvenda os segredos dos maiores investidores do mundo nesta aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Landers explicou que o setor de Papel & Celulose irá se beneficiar muito da apreciação expressiva do dólar perante o real, por conta do início do fim do QE3, que deve ocorrer em 2014, nos EUA. A Suzano (SUZB5), companhia do setor, apesar de não ter sido citada pelo gestor, possui 80% de sua receita em dólar e é uma das que irá ter seus resultados muito beneficiados por isso.

Quer saber mais sobre os termos usados no mercado financeiro? Acesse o glossário InfoMoney

Em relação ao setor financeiro, contando bancos e as chamadas “non-banking companies”, as empresas apresentaram resultados muito expressivos em 2013 e devem continuar assim no ano que vem. “Mesmo considerando o processo no STJ, acreditamos muito no setor de bancos para o ano que vem. Itaú Unibanco (ITUB4) e Bradesco (BBDC4) devem continuar apresentando ótimos resultados e performando bem”, disse. “No Brasil, aproximadamente 17% da nossa carteira é composta por este setor e, a nível global, 25%. Itaú é a maior posição da carteira, seguido de BB Seguridade (non-banking company do setor financeiro)”, completou.

Continua depois da publicidade

Acompanhe a cotação de todos os fundos imobiliários negociados na BM&FBovespa

Já o setor de educação, segundo ele, ainda tem muito espaço para crescer, apesar das altas expressivas em 2013, afinal, os incentivos, como ProUni (Programa Universidade para Todos) e Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) irão continuar e serão aumentados. “Independente do governo que entrar, esses benefícios continuarão como uma das prioridades, então não há preocupações com o setor”, contou. O projeto de Fies para EAD (educação à distância) também é um driver que pode beneficiar muito o setor a longo prazo.

As melhores ações para 2014
De acordo com o gestor, responsável por mais de US$ 5 bilhões, as melhores ações para 2014 são: Itaú Unibanco (ITUB4), BB Seguridade (BBSE3), Kroton (KROT3), Vale (VALE5) e BRF (BRFS3), nesta ordem de peso.

Itaú
Itaú é a principal aposta no Brasil. “Este é um setor barato, que tem alguns catalisadores específicos do setor, que tem grandes times de gestão”, disse. Os bancos, segundo ele, são um bom negócio à medida que a inadimplência em empréstimos cai e a concorrência de bancos estatais diminui.

“O Itaú e o Bradesco devem mostrar melhores resultados no ano que vem. Eles têm capital para crescer e pressão menor em suas margens”, avalia. No Brasil, o peso do setor financeiro, atualmente, é de 17%, enquanto, no geral, é de cerca de 25%.

BB Seguridade
Também dentro do setor financeiro, a BlackRock está entusiasmada com a BB Seguridade, empresa que abriu capital dia 26 de abril deste ano e acumula até agora ganhos de 41% – em um dos melhores IPOs do ano.

“Os produtos de seguro têm muito pouca penetração no Brasil”, disse Landers. “Há um grande foco do Banco do Brasil em aumentar o número de produtos por cliente”.

Kroton
A Kroton é a terceira maior posição. “Não tem como ir contra educação. Tem muito coisa acontecendo no setor e mesmo com a alta expressiva este ano, o papel deve continuar com perspectiva boa em 2014”, disse.

Somente neste ano, duas empresas do setor abriram capital na Bovespa – Anima e Ser Educacional. Mas, mesmo com a pulverização do setor na bolsa, a Kroton não sofre o risco de perder espaço. “É a maior do setor, não tem como desprezar isso”, comentou. Em abril, a empresa anunciou fusão com a Anhanguera, numa operação avaliada em R$ 5 bilhões, que criou o maior conglomerado do setor no mundo, com cerca de um milhão de alunos e valor de mercado próximo a R$ 12 bilhões.

Vale
Atualmente, a Vale é a quarta maior aposta de Will Landers no Brasil. Nos últimos meses, a mineradora teve sua participação elevada na carteira. Com queda de cerca de 15% no ano, o gestor explica que o papel está com um desconto em relação aos seus pares e deve ajustar essa diferente no próximo ano, ou seja, a ação tem espaço para subir, beneficiada principalmente pelo preço do minério de ferro.

“Estamos avisando que o cenário para a Vale está melhorando. A ação voltou a ser ‘investível’, o que antes não era. Murilo Ferreira (presidente da mineradora) tem hoje mais poder de manobra do que a Graça Foster (presidente da Petrobras)”, comentou Will Landers.

BRF
Mesmo que o papel esteja com “caro” na bolsa, acreditamos que 2014 será positivo para a BRF. Além disso, a entrada de Abilio e Claudio Galeazzi este ano na companhia é mais um fator favorável, avalia. Hoje, a BRF é a quinta maior posição da carteira no Brasil.

Setores para evitar
Landers alertou também sobre os setores que os investidores devem evitar no ano que vem, pois devem sofrer muito com a volatilidade e mau humor do mercado. São eles: Telecom e Construção Civil.

Em relação ao setor de Telecom, o gestor disse que é melhor os investidores se manterem afastados de ações como Tim (TIMP3), Telefônica (VIVT4) e Oi (OIBR4), afinal, elas vêm sendo impactadas por processos de fusões e aquisições, o que deve aumentar ainda mais as incertezas em relação aos papéis.

Já o setor de construção civil deve ser evitado por conta do péssimo momento pelo qual está passando, com ações como Brookfield (BISA3), PDG Realty (PDGR), Rossi (RSID3) estando entre as piores performances do Ibovespa em 2013. “Não é porque desabou em 2013 que vai subir no ano que vem… A Brookfield, a PDG e a Rossi ficaram entre as cinco maiores quedas do Ibovespa em grande parte do ano, mas a MMX (MMXM3) e a LLX (LLXL3) também. Alguém acha que alguma ação do grupo X vai subir no ano que vem? Acredito que não”, Afirmou.

Eleições
Por fim, em relação às eleições do ano que vem, o gestor afirmou que elas serão um grande driver para a bolsa de valores. Segundo ele, uma vitória da oposição – que não está precificada, mas é possível – irá trazer um enorme otimismo ao mercado. Para Landers, o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores paulista, poderá bater sua máxima histórica com esse cenário. “Ações de estatais e companhias que sofreram forte intervenção do governo irão se valorizar muito, devido ao apetite por risco dos investidores, trazido por um governo com uma política econômica mais aberta, ortodoxa e, portanto, pró-mercado”, finalizou.