“Alívio de curto prazo não reflete recuperação”, diz HSBC

Dois meses seguidos de alta do Ibovespa não foram suficientes para reconquistar a confiança do mercado e aumentar o apetite por risco dos investidores

Arthur Ordones

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SÃO PAULO – Dois meses seguidos de alta do Ibovespa, principal índice da bolsa de valores, após um semestre inteiro de desvalorização, não foram suficientes para reconquistar a confiança do mercado e aumentar o apetite por risco dos investidores brasileiros.

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Os primeiros seis meses de 2013 fizeram o benchmark acumular perdas de 22,14%, sendo que as altas de julho e agosto representaram apenas 1,64% e 3,68%, respectivamente. De acordo com o HSBC Global Research, esse “alívio de curto prazo não reflete recuperação”.

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Segundo eles, o mês de agosto mostrou certa recuperação técnica do índice acionário local, sobretudo nos setores mais cíclicos, mas parte dessa recuperação pode ser atribuída ao resultado mais forte do PIB do 2T13. “Todavia, o cenário permanece desafiador, pois o PIB do 3T13 deverá mostrar retração na margem, devido ao fraco consumo e queda no ritmo da produção e investimento. Ademais, os riscos externos associados à retirada dos estímulos nos EUA e a discussão sobre o limite de teto da dívida, além dos conflitos geopolíticos na Síria”, afirmou a área de análise do banco.

Economistas do HSBC revisam expetativa de crescimento do PIB para baixo
Tanto para 2013 quanto 2014, os economistas do HSBC esperam uma surpresa negativa no crescimento do PIB. “Será um período marcado pelo tom de uma corrida presidencial apertada, que poderá proporcionar altos riscos para os índices de confiança do consumidor e da indústria. Em outras palavras, é provável que os fundamentos continuem desafiadores”, disse.

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Além disso, ainda de acordo com o bando, os protestos nas ruas, que ocorreram no mês de junho e reivindicavam por reformas (as quais o HSBC acredita que seriam positivas para o crescimento econômico) ironicamente, no curto prazo, promoveram deterioração do ambiente político e perda da confiança, e tornou ainda menos provável alguma reforma estrutural, como fiscal, trabalhista e política.

Ademais, os dados de consumo tem mostrado fraqueza, especialmente pelo maior nível de alavancagem das famílias e, também, pelo efeito corrosivo da inflação na renda real. “O investimento e a produção industrial, por sua vez, também deverão desacelerar, após expressivo crescimento no 2T13, devido à menor resposta do consumo”, completou.

Sendo assim, os economistas do HSBC revisaram para baixo a expectativa do PIB para 2013 e 2014. Para este ano eles esperam crescimento de 1,9%, ante projeção anterior de 2,4%. Para 2014, a expectativa atual é de 2,2%, ante 3% projetado inicialmente.

“Vale destacar que, nem mesmo o forte número do 2T13, que mostrou expansão de 1,5% na margem mudou a visão de nossos economistas”, explicou. Para eles, o segundo trimestre apresentará um pico com relação à expectativa para 2013, e o forte resultado do 2T13 foi sustentado pela expansão dos investimentos em ativos fixos. “Porém, 3T13 irá refletir o recuo substancial nos negócios e na confiança do consumidor vistos nos últimos meses, o que assinala a contínua desaceleração da economia brasileira no terceiro trimestre” finalizou o banco.