Ladeira acima ou abaixo? Analistas divergem sobre ações da Vale

A Vale, maior produtora de minério de ferro do mundo, vem sofrendo com as incertezas que rondam a China, maior exportadora da companhia

Arthur Ordones

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SÃO PAULO – A Vale (VALE3, VALE5), maior produtora de minério de ferro do mundo, vem sofrendo com as incertezas que rondam a China, principal destino para as exportações da companhia. A mineradora, que tem receita em dólar e custo em real, poderia estar com uma performance melhor na bolsa, por conta da depreciação do real ante o dólar. No entanto, a fase é crítica, levando em conta que a mineradora fechou, na última segunda-feira (24), em seu menor patamar desde setembro de 2009 e já acumula queda de mais de 30% no ano.

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Diante dessa dicotomia, com um fator muito positivo para a empresa (dólar) e outro negativo (China), o futuro da companhia parece incerto, dividindo fortemente até mesmo analistas do setor. Enquanto alguns enxergam uma alta a médio prazo, devido ao seu preço atrativo, outros acham que a mineradora deve seguir ladeira abaixo por conta da situação calamitosa do país oriental.

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Segundo Adriano Moreno, analista da Futura Investimentos, o preço das ações da Vale está barato. “O papel caiu muito, mas se olharmos no curto prazo, a Vale está tendo uma performance melhor que a do Ibovespa. Minha percepção sobre a companhia é que boa parte do quadro ruim da China já está precificado e a empresa é lucrativa, sendo a de menor custo no seu segmento. Além disso, ela tem feito o seu dever de casa, pois seu corte de custos limpou o balanço. Dados ruins soprados da China tem impacto forte na ação, como pudemos observar na segunda-feira, mas nesse patamar de preço é um papel que eu gosto muito”, afirmou o analista.

Ainda de acordo com Moreno, em tempos nebulosos, como o que estamos vivendo atualmente no mercado acionário, a bolsa se move por valuation e fluxo e, em termos de valuation, a empresa já está descontada, portanto, quem gosta de comprar barato já pode tomar posição no papel. No entanto, o analista alerta que o fluxo da bolsa é de saída, principalmente por parte dos investidores estrangeiros. “Ou seja, é muito cedo para falar que o pior já passou”, completou.

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“O viés é de baixa para a Vale nos próximos meses”
Ao contrário de Moreno, Eduardo Machado, analista da Amaril Franklin, não recomenda a entrada no papel agora de forma alguma, porque, segundo ele, a situação vai continuar incerta na economia chinesa por tempo indeterminado.

Para o analista, a China até ensaiou uma recuperação no quarto trimestre de 2012, mas frustrou as expectativas do mercado e agora começou a esboçar um arrefecimento da recuperação. “A Vale é a empresa mais impactada por isso”, afirmou.

Machado explicou que, de certa forma, o mercado avalia que o dólar em alta pode trazer uma receita financeira para a Vale, relacionada à variação cambial, mas o investidor sempre adota uma postura mais criteriosa, com o operacional da empresa, porque a receita financeira á algo muito volátil, devido às variações cambiais e os eventos macroeconômicos. “Como a proposta do investidor tem que ser baseada no operacional, que vem sendo afetado pela situação chinesa, o fator cambial, que é de efeito marginal, acaba não sendo relevante na escolha do investidor”, disse.

E quem já tem o papel?
De acordo com o analista da Amaril Franklin, quem já tem o papel, deve ficar ou sair dependendo da intenção. Se o investidor estiver pensando no longo prazo, a dica é manter o papel na carteira, com expetativa de melhoria nos fundamentos chineses a longo prazo. No entanto, para recurso no médio prazo, o melhor é realizar prejuízo para que ele não se torne maior. “O horizonte de investimento, principalmente a curto e médio prazo é de continuidade desse cenário, mas para o longo a situação pode se reverter e o investidor que não precisa do recurso agora pode se manter no papel, pois a Vale é uma empresa sólida e com fundamentos bons. Mas isso só no longo prazo, pois olhando a situação atual, o viés é baixíssimo para os próximos meses”, finalizou.